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Jornal do Brasil fala em nome do povo, mas atende à esquerda caviar
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O JB ainda existe. Recebo um editorial do jornal que é de embrulhar o estômago. Seria melhor para sua reputação se tivesse sido fechado de vez.

A peça é sentimentalismo boboca do começo ao fim, escrita sob medida para o regozijo daquela turma de sociólogos, antropólogos e psicólogos que adora se sentir engajada e representante do “povo”. Eis como começa o horror (preparem o Engov):

Quem é Caio Silva de Souza? E quem é Santiago Andrade? O primeiro estava nas ruas, protestando contra o governo, supostamente em troca de R$ 150. O segundo estava nas ruas, cobrindo o protesto do povo. Os dois eram povo, e o destino os uniu com a velocidade de um rojão.

Se entendermos por “povo” aquele que faz parte do conjunto de brasileiros, então todos somos “povo”. Mas claro que o tom que o jornal quer dar é outro, já na largada. É um “povo” já imbuído das cores vermelhas, aquele que se coloca do lado oposto da “zelite”.

O editorial deseja colocar Caio Silva e Santiago Andrade no mesmo quadrante, como se compartilhassem de muitas coisas e uma tragédia do destino tivesse, por acaso, criado um abismo entre eles. Ignora que ambos estavam em posição diametralmente opostas, um trabalhando honestamente para alimentar a família, o outro agindo como criminoso ciente do risco que representava para terceiros.

O jornal continua fazendo relatos de perdas em tragédias “similares”, como na cobertura de guerras (Vietnã, Iraque, Síria). Então é isso: temos dois lados em uma guerra, black blocs e policiais. Haverá mortes eventualmente, algo inevitável. E para o inferno com a deliberada tentativa de um dos lados de usurpar a democracia, de estraçalhar as instituições republicanas, de destruir a ordem e estabelecer o caos.

O editorial apela para o sentimentalismo:

Ao ser preso, Caio estava assustado, acuado e com fome. Sua mãe, como próprio das mães, fez dramático apelo na TV, negando que seu filho tivesse qualquer intenção de matar. “Foi um acidente”, disse de dentro de sua humilde casa, em Nilópolis. Caio admitiu que aliciadores financiam a participação de manifestantes em protestos. Mesmo tendo recebido os tais R$ 150 para ir para as ruas, Caio também afirmou em entrevista exclusiva para a Rede Globo – entrevista que nem a própria Bandeirantes conseguiu: “Só quero ver meu país melhor, eu quero saúde, educação.”

Quase escorreu uma lágrima. Minto, claro. Foi o estômago que embrulhou mesmo. Dá vontade de falar para o sujeito que escreveu tais linhas: está com pena, então leva ele para casa! O galalau estava com fome porque estava fugindo da polícia, não porque é miserável. Pena eu sinto da família de Santiago, não do assassino.

Estava assustado porque só agora tinha se dado conta do tamanho do problema em que se meteu por suas escolhas. A “brincadeira” de rebelde e revolucionário acabou em morte, em assassinato. Acidente uma ova! Acidente é quando alguém cai num buraco, ou um raio cai em sua cabeça.

Quem aponta um rojão para pessoas tem a intenção de machucar, de matar. É assassino. Quem quer ver o país melhor não veste máscaras e sai às ruas com armas na mão para enfrentar a polícia. Mas o JB vai se superando, se é que isso é possível:

Receber para ir a manifestações – ou mesmo fazer ‘rolezinhos’ em shoppings, templo do capitalismo – parece ser o único caminho para jovens pobres que não querem se envolver com o dinheiro do tráfico. 

Pausa para ir ali vomitar e já volto. […] Voltei. Quer dizer que um sujeito cheio de saúde como esse Caio, em um país que está em pleno emprego, não tem outra opção na vida a não ser virar criminoso? Notem o ranço socialista do troço: fazer “rolezinhos” no “templo do capitalismo”. Ou isso, ou virar traficante. Estudar que é bom, nada né? Trabalhar de verdade, nada né? Que nojo! Mas calma que tem mais:

Hoje há três categorias de jovens entre 17 e 24 anos, que representam cerca de 50 milhões pessoas no país. Os que fazem ‘rolezinhos’ porque querem ser capitalistas, não podem e, na revolta, provocam desordem; os que vendem papelotes de cocaína em busca de trocados; e os que vão para as ruas, se for verdade, em troca de R$ 150, mas imbuídos de cidadania como mostra a declaração que Caio deu com exclusividade para a Rede Globo

Vejam que espanto! Ou o jovem é um bárbaro sem educação e respeito pelos demais, ou é um traficante, ou é um bandido mascarado, que o jornal ainda afirma se tratar de um cidadão exemplar. Quanta cidadania! Jogar rojões em gente inocente, é realmente algo que um Joaquim Nabuco ou um Ruy Barbosa deveriam ter pensado como forma de fazer mais pelo Brasil.

Parêntese: o que é esta obsessão pela Globo? Cita duas vezes que a entrevista foi para a Globo, com exclusividade, algo que nem a Band conseguiu. Será que tem alguma ligação com a… audiência? Freud explica esse ódio da esquerda pelo canal. Fecho o parêntese. E volto para o lixo:

São estas as “profissões” que sobram para estes jovens. Jovens que não têm as mesmas condições financeiras dos que assassinam índios em Brasília ou atropelam inocentes com seus velozes carros. São jovens que não podem frequentar analistas, e têm o presídio como única opção oferecida pelo Estado para se “tratarem”. 

Recapitulando: ou o jovem da periferia é rolezeiro sem educação, ou é traficante, ou é black bloc criminoso. Afinal, não teve a mesma condição financeira da elite, do playboy que, naturalmente, mata índios ou atropela gente inocente em seus carrões importados. Não podem ir no analista, e precisam se tratar no presídio. Pobrezinhos!

Não vamos falar da ofensa que um texto desses faz a todos aqueles jovens de origem humilde que ralam para subir na vida. Também não falemos da ofensa a todos os ricos ou jovens de classe média, que aproveitam as oportunidades melhores e também ralam para subir na vida. São, claro, a maioria. Mas o autor demagógico desta porcaria de editorial precisa inverter tudo, e apelar para caricaturas absurdas em prol das emoções dos leitores desatentos. Mas sigamos em frente:

Se toda a imprensa, autoridades políticas e parte da opinião pública se levantam agora contra as manifestações, devem agir no mesmo tom com, por exemplo, o Movimento dos Sem Terra, que na quarta-feira fez um pesado protesto deixando mais de 20 policiais feridos em Brasília e depredando patrimônios públicos, inclusive o Supremo Tribunal Federal. E com relação ao MST, nem é preciso investigar quem estaria por trás do movimento. Eles estão ali, com nome e sobrenome. 

Finalmente concordo com uma coisa! Sim, devem usar o mesmo tom contra o MST, o “red bloc”. Uma cambada de invasores financiados pelos impostos extraídos do couro da classe média trabalhadora, liderados por bandidos cheios de passagem pela polícia, cujo objetivo real é a revolução socialista. Só que o MST não está ali com nome e sobrenome: como instituição, não existe! Não tem nem CNPJ. Isso serve para a manutenção de seus crimes…

O que esses que se manifestam contra o jovem vão falar sobre o MST, cujas invasões já resultaram inclusive em morte? Por que eles não atacam, investigam e denunciam no mesmo tom? Eles vão se levantar contra o MST?

Deveriam! É o que eu faço há anos. Aliás, também fiz em relação aos black blocs desde o começo. Não precisei esperar o primeiro defunto, pois já sabia que acabaria mal.

Os mesmos motivos que levaram Caio às ruas, levaram Santiago também. A grande imprensa quer colocá-los em lados opostos, mas eles não estão. O protesto une os dois: um como manifestante, outro como aquele que mostra para todo o país que o povo está nas ruas. A própria presidenta Dilma, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, destacou: “As manifestações são parte indissociável da construção da democracia e da mudança social. Meu governo ouviu e entendeu a voz das ruas. Os manifestantes não pediram para que o Brasil voltasse atrás. Pediram avanço para o futuro.”

Viram só? Eu avisei, lá no começo. O JB coloca Caio e Santiago no mesmo saco. Não! Um é vítima, o outro algoz. Um é defunto, o outro assassino. No mais, os black blocs não são “manifestantes”, e sim vândalos, arruaceiros, baderneiros, criminosos mascarados. Mas o que esperar de um editorial que usa “presidenta” para se referir a Dilma? Podia ser mais petralha?

Sujar as mãos do povo é o caminho mais fácil para desqualificar os protestos. E ainda mais conveniente para os verdadeiros criminosos, que covardemente se omitem e usam as mãos do povo para esconder suas impressões digitais.

Quem desqualifica os “protestos” são aqueles que usam máscaras e jogam bombas ou quebram tudo em volta. Quem suja as mãos do “povo” são aqueles que soltam rojões que matam inocentes. Suja as mãos de sangue.

Por fim, resta saber a que criminosos escondidos o jornal se refere. Se fala daqueles que financiam os black blocs, eu concordo. E é preciso investigar direito quem são, pois já temos vários indícios de envolvimento do PSOL, por exemplo, ícone da esquerda caviar.

Mas claro que o jornal não se refere a eles. Afinal, o JB fala em nome do povo, mas atende à esquerda caviar, ninguém mais. São esses os maiores inimigos do povo: aqueles que fingem ser seu representante, mas representam os interesses dos que mais prejudicam a vida dos brasileiros na prática. É ou não é algo extremamente nojento?

Rodrigo Constantino

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