Nossos jornalistas são pessoas muito estranhas, que vivem em uma realidade paralela, presos numa bolha cognitiva. Vejam que tivemos uma notícia bastante chamativa: o pedido de recuperação judicial da Odebrecht, o maior da história, com dívidas estimadas em quase cem bilhões de reais.
De acordo com a Odebrecht, tanto as empresas operacionais como as auxiliares e a própria ODB continuam mantendo normalmente suas atividades. Conforme a empresa, o Grupo Odebrecht chegou a ter mais de 180 mil empregados cinco anos atrás. Hoje, tem 48 mil postos de trabalho como “consequência da crise econômica que frustrou muitos dos planos de investimentos feitos pela ODB, do impacto reputacional pelos erros cometidos e da dificuldade pela qual empresas que colaboram com a Justiça passam para voltar a receber novos créditos e a ter seus serviços contratados”.
Ou seja, até a empresa admite que os problemas se devem, em parte, aos “erros cometidos”. Por erros cometidos podemos entender ter participado ativamente do maior esquema de corrupção da histórica deste país, tendo sido cúmplice da quadrilha petista que tomou o estado brasileiro de assalto e, com seu projeto totalitário, quase nos levou rumo ao abismo venezuelano. Também devemos acrescentar a esses “erros” o fato de ter estendido o esquema a outros países “companheiros”, ditaduras comunistas da América Latina e da África. Erros!
Não, Odebrecht! Erro é a empresa projetar uma demanda que se mostra depois mais fraca. Erro é investir num setor e subestimar os desafios ou a concorrência. Erro é apostar numa direção do câmbio e ser surpreendido com o dólar forte na outra direção. Esses são erros. O que a Odebrecht fez não são erros, mas crimes, e crimes da pior espécie, nefastos, que ajudaram a destruir o Brasil.
Mas, diante desses “erros”, o que alguns jornalistas dizem? Eis dois exemplos, ambos colunistas da Folha:
Já podemos até imaginar o destaque no jornal: Traficantes perdem milhões com operação da polícia. Sequestradores enfrentam dificuldade financeira após resgate bem-sucedido de reféns. É a isso que se reduziu parte do nosso “jornalismo”? Em sua campanha desesperada para atacar a Lava Jato e Sergio Moro e defender seus “bandidos preferidos”, dão a entender que a culpa da perda desses milhares de empregos é da polícia, e não dos criminosos disfarçados de empresários? Que vergonha!
Rodrigo Constantino