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Por Hiago Rebello, publicado pelo Instituto Liberal

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Diógenes, o Cão, era conhecido por sua “filosofia” e sua ascese bizarras. Como o maior representante da Escola Cínica, na Grécia Antiga, ele acreditava que, para ser feliz e alcançar sua verdadeira natureza, seu verdadeiro eu, o Homem necessitaria ser autárquico, ou seja: deveria mandar em si mesmo, não obstante as necessidades sociais e biológicas que possua. Diógenes pregava contra o sexo, a interação socioeconômica, vivia nu dentro de um barril, mendigava nas ruas e ensinava que, como um rato andando a esmo nos ermos, o Homem deveria seguir sua vontade, saindo das convenções coletivas, lutando contra a Natureza do corpo humano, etc.

Para efetivar suas crenças, Diógenes costumava andar, de dia, com uma lanterna nas ruas, tentando encontrar alguém honesto no meio do povo. O cinismo do “filósofo” era forte e suas mensagens, drásticas. Por meio do exemplo, ele deu certa continuidade (ainda que fadada ao fracasso) para a Escola Cínica, porém a imagem de seu uso da lanterna, malgrado suas crenças estapafúrdias, vale para certas desonestidades atuais.

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“Honestidade”, em todos os casos, se trata de boa-fé, de fazer o certo, crer naquilo que é proferido, estar ciente e perceber o que se passa diante do que é defendido e apoiado – ou, ao menos, ter uma intenção clara e positiva para o adequado entendimento do assunto.

O que não existe no progressismo multiculturalista é exatamente essa honestidade, esse caráter de se por à frente dos mais variados cenários, das realidades plurais de várias culturas e, por fim, da estática Natureza Humana. Com uma justificativa para políticas que visam a “igualdade” entre todas as nações, culturas e afins, usam o sentimento de união e uma noção igualitária entre os povos, contudo, passam longe de qualquer coisa que não seja um sentimentalismo superficial.

Não irei, ainda assim, demonstrar as impossibilidades de culturas diversas para uma união e convivência total, mas apenas como a tentativa de uni-las é, por si só, uma ação contrária aos princípios do multiculturalismo; a exemplo de dois povos que, se postos juntos, irão conflitar sobre algum assunto, uma forma de se ver o mundo, uma maneira de se gerir um governo, etc., e precisarão, para não ocorrer um conflito, de um poder máximo: um mediador para além das singularidades culturais de ambos os povos, com poder e força suficientes para decidir como as pessoas agirão.

Essa força de coesão, portanto, necessita ser um poder de coação. É preciso que a mentalidade, ideologia e cosmovisão do burocrata, legislador ou líder de Estado e governo multicultural ajam para remediar os conflitos. Isso, por sua vez, quebra toda a noção de interação cultural pacífica e igualitária. A cultura que leva a bandeira de multiculturalista necessita imperar sobre as demais culturas.

Só que os paladinos das multiculturas não enxergam tal fato. Preferem rotular quem, racionalmente, argumenta contra a miscigenação cultural em determinados casos, de xenofóbico, racista, preconceituoso, discriminador… É a velha tática de transformar seu crítico em uma espécie de monstro que, como Hitler, gostaria de ver nações absolutamente separadas e exterminadas.

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A pretensa honestidade morre em não querer admitir a realidade de que certas culturas não são misturáveis, que em certos casos uma irá prevalecer, que haverá culturas melhores e piores. A única cultura que ele admite ser melhor, claro, é a cultura multicultural… que por definição precisa solapar todas as demais para existir.

Afinal, se nenhuma cultura é melhor que outra, podemos dizer que um discurso político nacionalista é, vejam só, igual a um multiculturalista, em termos de valor.