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Lava-Jato mira em tucanos, derruba de vez narrativa petista e nos lembra de Stanislaw Ponte Preta

A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita abriram nesta terça-feira, 19, a Operação Ad Infinitum, 60ª fase da Lava Jato. Um total de 46 policiais federais cumprem 12 mandados de busca e apreensão e uma ordem de prisão preventiva na capital, São Paulo, e nas cidades paulistas de São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba.

Um dos alvos de prisão preventiva é Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, suposto operador do PSDB e suspeito de operar propinas da Odebrecht. A fase também cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB).

A Procuradoria acusa Paulo Preto de ter movimentado pelo menos R$ 130 milhões em contas na Suíça, entre 2007 e 2017.

Os mandados foram expedidos pela 13ª. Vara Federal de Curitiba (PR).

Em nota, a PF informou que o objetivo da ação é apurar a existência de um complexo e sofisticado método de lavagem de dinheiro envolvendo o repasse de quantias milionárias ao chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, por meio da atuação de operadores financeiros, entre os anos de 2010 a 2011, para que a empresa irrigasse campanhas eleitorais e efetuasse o pagamento de propina a agentes públicos e políticos no Brasil.

O nome da operação remete ao fato de o caso parecer tratar de mais uma repetição do modo de atuação de alguns integrantes da organização criminosa, remetendo a um ciclo criminoso que nunca termina. Também foi determinada ordem judicial de bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

As investigações tiveram início a partir de depoimentos e colaborações colhidas dos próprios funcionários da Odebrecht e de doleiros investigados em fase anteriores da operação e permitiu apurar que, entre os anos de 2010 e 2011, um dos investigados mantinha em território brasileiro cerca de R$ 100 milhões em espécie, relativamente aos quais, conseguiu, ao longo deste período, repassar ao Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, a fim de possibilitar que esta fizesse caixa para financiamento de campanha eleitorais e pagamento de propina a agentes públicos.

Cem milhões em espécie?! Novo recorde depois dos R$ 51 milhões de Geddel. De onde vem tanto dinheiro? É um espanto! Milhão é vírgula em Brasília, trocado. Os esquemas de desvio de recursos são bilionários, e os principais motivos são basicamente dois: impunidade e tamanho do estado. A Lava-Jato ataca o primeiro, mas o segundo continua intocado.

Enquanto o governo concentrar tanto poder e recursos, os esquemas de corrupção serão tentadores demais, mesmo com o aumento da punição. É muito dinheiro! “Investir” em lobby, em rede de contatos com poderosos, talvez seja o “negócio” mais lucrativo do Brasil. E isso vai desde o carguinho público que o amigo consegue até os contratos bilionários das empresas com o governo.

Pega praticamente todos os partidos, e dessa vez foram os tucanos. O ex-motorista de Marighella, o terrorista “humanista” de Wagner Moura, é um dos investigados. A operação derruba, uma vez mais, a narrativa falsa dos petistas, de que a Lava-Jato era partidária. Não é. É anti-corrupção, e corrupto há em todo lugar. Ninguém além dos próprios petistas tem culpa se há mais no PT.

Essa metástase que se espalha por quase toda a política nos lembra de Stanislaw Ponte Preta, codinome humorístico de Sérgio Porto. Em sua famosa tirada, que é a epígrafe do meu livro sobre o “jeitinho” brasileiro, ele diz: “Instauremos a moralidade ou nos locupletemos todos”. Até aqui o Brasil preferiu seguir pelo último caminho. A Lava-Jato é uma tentativa de mudar isso, como foi a vitória de Bolsonaro. Espera-se que não seja apenas mais uma ilusão.

Claro que a corrupção não vai ser extinta, acabar de vez. Ela existe em todo país. Onde há governo haverá corruptos. Vou além: onde houver seres humanos teremos corrupção. O que podemos fazer é mitigar seus efeitos, reduzi-la. E isso se faz justamente com maior punição aos que forem pegos e menos incentivos, ou seja, redução do escopo estatal. Além, claro, de uma mentalidade mais intransigente, uma cultura intolerante com os desvios.

A alternativa é esse tipo de notícia nunca mudar, parecer coisa repetida, mudando apenas os nomes e os partidos dos novos alvos, com cifras cada vez maiores. Feliz nome da operação, que captura a sensação de que estamos a enxugar gelo: sem mudar os incentivos estatais, teremos malas com milhões em espécie encontradas por aí ad infinitum

Rodrigo Constantino

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