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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que as linhas de crédito abertas pelos bancos públicos Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ao setor automotivo não oferecem riscos ao ajuste fiscal. “Não compromete o ajuste, é uma operação de mercado, operação que na verdade evidentemente pressupõe o compromisso de contrato das montadoras”, disse. Após participar de evento no Rio de Janeiro, ele argumento que os “bancos estão levando em conta a qualidade de crédito das empresas”.

Nesta quarta-feira, o Banco do Brasil anunciou que antecipará a fornecedores da cadeia automotiva 3,1 bilhões de reais até o final deste ano. Na mesma linha, na terça, a Caixa disse que 5 bilhões de reais até o fim de 2015 em linhas de capital de giro e de investimento com juros mais baixos e prazos maiores às empresas do segmento. Segundo o ministro, trata-se de operações “absolutamente normais”, que os bancos fazem diariamente com seus fornecedores.

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Pode até ser que a ajuda não comprometa o ajuste fiscal, por conta de sua limitada magnitude. Mas ela é tudo, menos uma “operação de mercado”. Notem que o próprio ministro, logo depois, disse que a operação “evidentemente pressupõe o compromisso de contrato das montadoras”. Que contrato é esse? Qual a contrapartida para o empréstimo subsidiado?

Ora, o acordo é que tal benefício sirva para que a empresa não demita mais gente. Então vamos pensar por um minuto: um banco empresta dinheiro para um setor em crise, em dificuldade financeira, com risco maior de inadimplência, portanto. E como contrapartida, o banco cobra que a empresa não reduza seus custos, mantendo um quadro artificialmente elevado de pessoal. Operação normal de mercado?

Nem aqui, nem na China! Levy perde credibilidade a cada segundo de forma impressionante. O doutor Chicago pulou para o lado petista mesmo, e já adota até discurso cínico como seus pares. Se os bancos estão levando em conta a qualidade de crédito das empresas, e se se trata de uma operação de mercado, então não faz sentido algum cobrar, como moeda de troca, uma decisão irracional e antieconômica dessas empresas, que aumenta seu risco de crédito. Elementar, caro Watson!

Não é uma operação de mercado, e sim de governo, e prova a politização dos bancos estatais, o que aumenta muito seu risco, transferido para os “contribuintes”. É o governo usando o nosso dinheiro, em pleno ajuste fiscal, para salvar empresários grandes e alguns empregos insustentáveis, que deveriam ser redirecionados para atividades mais produtivas. Levy está fincando cada dia mais parecido com Mantega…

Rodrigo Constantino

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