Por Guilherme Stumpf, publicado pelo Instituto Liberal
A Assembleia Nacional Constituinte proposta por Maduro ultrapassa todo e qualquer limite de proporcionalidade. Vargas Llosa, em entrevista ao programa Roda Viva em 2013, afirmou que Maduro representava o início do fim do chavismo. Hoje, quatro anos depois, arrisco dizer: um fim que se anuncia, mas que não parece estar tão próximo.
No dia 27/06/2017, Maduro declarou que “se a revolução bolivariana fosse destruída, nós iríamos ao combate, porque o que não se pôde com os votos, faríamos com as armas”. Em certa medida, o ditador venezuelano cumpriu o que prometeu. Em 6 horas de votação para a Assembleia, 10 homicídios. Nos 4 meses de protesto, os números se aproximam de 120.
O governo venezuelano tortura os números, até obter o resultado que espera. A oposição afirma que 12.4% dos eleitores foram às urnas. Já o governo alega que o número de eleitores corresponde a 41.53% da população. Ora, tomando os números do próprio governo, concluímos que a maioria dos venezuelanos não é favorável a constituinte.
Colômbia, Peru, México e Panamá já anunciaram que não reconhecerão o governo ilegítimo formado a partir da Assembleia. O governo Temer e o governo Macri, da Argentina, seguiram pelo mesmo caminho. Já a União Europeia apenas lançou uma nota oficial que possui pouco efeito prático.
Os EUA anunciaram sanções econômica à Venezuela. Maduro, num rompante de superioridade, afirmou que ninguém no seu país se importa com o Presidente Donald Trump. Contudo, os EUA são os maiores compradores de petróleo venezuelano e, caso as sanções se confirmem – o que parece ser bastante provável – a já fraca economia venezuelana, se desestabilizará ainda mais.
O número de pedidos de visto para o Brasil por parte dos venezuelanos teve um aumento de 100%. Como um pedido de desculpas ao povo venezuelano, o Brasil deveria acolher essas pessoas. Sim, falo em pedido de desculpas. Explico: em famoso discurso de abertura do 15º Foro de São Paulo, o então presidente Lula declarou que “fomos nós que colocamos o Hugo Chavez no poder”. O fato do governo de um país interferir diretamente na política de outro já é algo muito grave. Pior ainda é colocar um homem que apresenta traços sanguinários, problemas psíquicos e que deixou um sucessor tão ruim quanto ele.
A comunidade internacional deve se mobilizar e aplicar medidas efetivas que garantam que a democracia e a liberdade reinem na Venezuela. Não existe mais o caminho da direita e o caminho da esquerda. Não se trata de uma discussão de liberalismo x socialismo ou de conservadorismo x progressismo. Trata-se de uma discussão mais básica e fundamental: liberdade x repressão.
Termino por lembrar a frase do deputado Juan Requesens: “Se a constituinte é Maduro para sempre, então a Venezuela será caos e ingovernabilidade para sempre. Te vás ou não te deixaremos governar”. Ou, como diria Paulo Mercadante, não parar, não precipitar e não retroceder.
Avante, venezuelanos!
Sobre o autor: Guilherme Stumpf – Graduando em Direito pela UFRGS. Tradutor.