Por Leonardo Correa, publicado pelo Instituto Liberal
Com o advento das redes sociais, blogs e demais instrumentos virtuais, as pessoas encontraram espaço para falar sobre qualquer coisa da forma que acham apropriada. Mas, esse recurso está gerando uma verdadeira profusão de absurdos, xingamentos e todo o tipo de baboseira que as mentes mais afoitas são capazes de produzir. Moldou-se, com isso, um discurso oco, desprovido de estudo, compreensão e reflexão. Pior. No Brasil isso contaminou todo o “debate”. Grafei a palavra entre aspas pois o que se vê não é um debate, mas, como diria Carlos Lacerda, “furores, gritos, guinchos selvagens, cóleras irreprimidas”.
Fala-se o que quer, xinga-se sem o menor pudor e grita-se com a grandiloquência de palhaços em um circo. Agora, por trás disso tudo não se vê fundamento, concatenação de ideias, ponderação, nem, muito menos, uma consciência lógica. Os recentes debates de nossa – assim chamada, direita – demonstram esse fenômeno de forma absolutamente clara e evidente.
O brasileiro perdeu a capacidade de análise e de observação. Mas, em contrapartida, desenvolveu uma habilidade monstruosa de revelar todo o ridículo e desprezível que guarda dentro de si. A coisa chega a tal grau de absurdo que muita gente – anteriormente considerada séria – passou a agir da mesmíssima forma. Repetem assim, o patético, o burlesco, o caricato e tudo o que cairia melhor em uma ópera-bufa.
Está na hora de dar um passo atrás. Lembro-me, com gosto e melancolia, dos brilhantes artigos de Roberto Campos, das colunas de Nelson Rodrigues e de Paulo Francis, dos escritos de Carlos Lacerda e de Millôr Fernandes, apenas para citar alguns. Depois de um mergulho nos textos impecáveis desses gigantes do passado, submergimos para um presente desalentador.
Ao que parece, o brasileiro está se lambuzando na liberdade de expressão – potencializada pela internet – mas age como um redator libertino, cuspindo tudo que sai de uma cabeça vazia e sem espírito crítico. O melhor exemplo disso são os “seguidores”. Gente que, desprovida da capacidade de pensar por si, replica tudo que o novo “gênio” de plantão fala. Para estes vale a advertência de George Bernard Shaw em seu artigo “Como Tornar-se um Gênio”: “No fundo, o grande segredo é o seguinte: os gênios não existem. Eu sou um gênio e portanto sei. O que há é uma conspiração para fazer de conta que os gênios existem e uma escolha das pessoas certas para assumir o papel imaginário de gênio. O difícil é ser escolhido.”
Essa era da “libertinagem de expressão” está produzindo uma infinidade de macacos de imitação. Sinceramente, eu esperava que a era da informação trouxesse as pessoas para debates mais profundos e ricos. Todavia, acabou gerando um festival de asneiras e maledicências, absolutamente inúteis e perniciosas. Antes de sair escrevendo ou replicando ideias alheias, seria bom que a turma parasse para pensar, conversar e debater de forma consistente. Para terminar, digo, sem rodeios, não se esqueçam dos antigos. Leiam o que os grandes pensadores do passado falaram, reflitam, pensem e tirem suas próprias conclusões. Repetir ideias de “gurus” é mais um caminho para a ignorância.
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