Todos sabem – ou deveriam saber – que a situação deixada pelo PT nas contas públicas é calamitosa. O governo está literalmente quebrado. Foram anos de populismo, de irresponsabilidade, de nacional-desenvolvimentismo, de “nova matriz macroeconômica”, e o resultado está aí: um rombo gigantesco no orçamento. Michel Temer tem um enorme abacaxi a ser descascado.
E precisa fazer isso logo! O tempo joga contra, pois em breve já teremos eleições e a janela de oportunidade estará fechada. Não é alarmismo, mas realismo: a proposta mais importante de seu governo é a que limite os gastos públicos, e ela precisa ser aprovada já!
O professor Rogério Werneck, em sua coluna de hoje no GLOBO, foi enfático ao constatar a urgência da medida, e alertar para um período de somente 80 dias para aprová-la:
Atravessar 2017 com o governo perdendo forças a olhos vistos, por se ter mostrado incapaz de mobilizar apoio do Congresso para um programa que permitiria superar aos poucos a brutal crise em que o país foi metido, seria receita certa para fazer o debate econômico no país saltar dos trilhos de vez e se tornar cada vez mais caótico e descolado do que realmente importa.
Estaria formado o caldo de cultura ideal para que a campanha eleitoral de 2018 se transforme em uma feira livre de propostas exóticas de superação fácil da crise, pautadas pelo populismo e por apelo ao autoengano. O desalento com o governo Temer logo daria lugar a enorme apreensão com as perspectivas da economia no mandato do seu sucessor. E como os mercados costumam antecipar, a rápida deterioração das expectativas aceleraria em grande medida o círculo vicioso de agravamento da crise.
É preciso ter em conta, portanto, que o que estará em jogo nesses 80 dias não é só o destino do governo Temer, mas o que os próximos seis anos podem reservar ao país.
A reforma foi tema de uma campanha publicitária das confederações empresariais nos jornais hoje também, e após descrever o absoluto descontrole nas contas públicas durante a gestão petista, ela conclui:
Não há mais tempo a perder. Ou o governo Temer consegue aprovar o limite dos gastos públicos, ou o Brasil vai mesmo afundar, e a recuperação poderá levar décadas! Os mercados, tão odiados pela esquerda ignorante, não passam de investidores, indivíduos, gestores da poupança alheia, com mandatos claros de obter o melhor retorno dado o risco tolerável. E eles – os “mercados” – não perdoam a irresponsabilidade desmedida.
Não é seu papel ser “altruísta”, e sim cuidar dos melhores interesses de seus clientes, velhinhas aposentadas, funcionários públicos com fundos de pensão, profissionais liberais que acumularam uma reserva ao longo de uma vida de trabalho. Se ficar claro que os gastos públicos não serão limitados logo, os “mercados” vão acusar o golpe, e a desgraça será inevitável. A equipe de Temer parece ter noção do perigo. Será que os deputados que vão votar a medida têm?
Para quem quiser se aprofundar mais nos mecanismos de funcionamento da economia, para compreender a fundamental relevância de contas públicas ajustadas (de preferência pelo limite das despesas, não pelo aumento das receitas com impostos), recomendo meu curso online “Bases da Economia”, com forte viés “austríaco”. Seria muito bom se cada deputado assistisse a essas aulas antes do voto…
Rodrigo Constantino
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