Um homem foi amarrado em um poste e espancado até a morte por moradores do bairro São Cristóvão, em São Luís, no Maranhão, depois de praticar um assalto a uma loja da região. De acordo com a Polícia Civil, Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos, foi linchado, com mãos, pernas e tronco amarrados em um poste de luz, até a chegada da polícia. Um adolescente, que também participou do assalto, foi apreendido, depois de também ser agredido pela população.
O caso aconteceu na tarde desta segunda-feira, em uma região movimentada do bairro. A dupla que tentava o assalto acabou rendida por um grupo de pessoas que passavam pelo local. Cleidenilson, segundo a polícia, foi agredido com socos, chutes, pedradas e garrafadas. Ele não resistiu e morreu no local, vítima de hemorragia. O adolescente teve escoriações leves e foi encaminhado para a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI).
Isso, em uma só palavra, é a barbárie. Trata-se do sinal da decadência de nossa Justiça, da falta de império das leis, da crença de que a única forma de “fazer justiça” é com as próprias mãos, dando vazão a um instinto animalesco e agressivo. Levando minha filha hoje cedo para seu “summer camp”, ela dizia que não entendia bem por que um assassino tinha que continuar vivo, e usou como argumento: “Se alguém me matasse, você não ia desejar vê-lo morto?”
Sim, eu ia, claro! Mas expliquei a ela, que só tem 13 anos, que foi justamente para evitar a vingança que as sociedades mais avançadas institucionalizaram o processo de punição, chamado Justiça. O império das leis é pilar central da civilização. Sem ele, resta o “cada um por si”, o “lobo contra lobo”, o julgamento subjetivo de qual deve ser a punição adequada para cada um, a lei da selva. Civilização não pode compactuar com linchamento público.
Já escrevi isso aqui, quando rapazes cariocas resolveram punir um bandido por conta própria. Todos nós podemos compreender a revolta dos brasileiros com a impunidade, com a morosidade da Justiça, com a inimputabilidade dos marginais garantida pelo ECA, com os discursos abjetos da esquerda que trata assassinos como “vítimas da sociedade”. Mas a resposta não pode ser o linchamento! Isso seria descambar de vez na barbárie. Na ocasião, registrei meu ponto de vista, que repito agora:
Portanto, condeno a atitude desses justiceiros, apesar de compreender sua revolta. O certo seria chamar a polícia e prender o marginal. Sei que isso é pouco eficaz, pois as leis funcionam, muitas vezes, para proteger esses delinquentes, graças aos esquerdistas. Mas que lutemos para alterar essas leis e a mentalidade vigente, que retira a responsabilidade do indivíduo criminoso.
Saibamos lutar da forma certa, pois os meios utilizados fazem toda a diferença do mundo. Afinal, nós não somos como eles, nem devemos ser. Nós não vamos colocar máscaras e fazer justiça com as próprias mãos. Não vamos assumir o papel de polícia e juiz por conta própria. Nós vamos lutar pelo estado democrático de direito, pelo império das leis isonômicas, e pelo fim da impunidade. Tudo dentro da própria lei.
PS: Deixo aqui um recado final aos esquerdistas: tenham mais responsabilidade! Vejam o que estão ajudando a criar com esse discurso podre que trata marginais como vítimas. A sociedade ordeira não aguenta mais! E isso é uma reação, equivocada e desesperada, a tudo aquilo que vocês têm ajudado a criar. Quem semeia vento colhe tempestade. Sei que alguns desejam mesmo a tempestade, pois são invejosos, niilistas. Aos demais, inocentes úteis da causa, acordem enquanto há tempo. O Brasil precisa acabar com a impunidade legal antes que seja tarde. Parem de “perdoar” bandidos e peçam sua punição!
O mais revoltante no Brasil, em relação ao crime, é esse discurso canalha dos “progressistas” que transforma vilão em vítima, vítima em algoz, e retira a responsabilidade individual dos atos criminosos. Não são poucos os que acham que é justificável o crime quando a vítima ostenta bens materiais de luxo, por exemplo. Quem mandou usar um iPhone moderno ou um relógio caro num país tão desigual?, perguntam. Isso é inaceitável, e também é sintoma da barbárie brasileira, presente nessa mentalidade tacanha que condena o mais rico por ser mais rico e por ser roubado.
Uma reportagem do GLOBO de hoje fala dos arrastões que atormentam a vida dos cariocas há anos. Vale o mesmo raciocínio aqui: há quem consiga, numa inversão absurda de valores, condenar aquele que leva algum bem de luxo para praia pelo roubo que sofre, como se ele não tivesse direito de curtir sua praia em paz com seus bens! Aqui na Flórida todo mundo frequenta a praia com aparelhos de som, relógios, iPhones, tudo na maior tranquilidade, como deve ser. Mas há no Brasil quem prefira culpar a vítima pelo assalto, pois preserva uma mentalidade marxista tosca. Isso também é barbárie.
De um lado, os “progressistas” que transformam o marginal em vítima e culpam as vítimas pelos crimes; do outro, os “fascistas” que pretendem ignorar as leis e partir para linchamentos públicos, já que as leis não funcionam mesmo. Ambos os grupos colaboram para o avanço da barbárie, que só será vencida no dia em que todos defenderem o império das leis, independentemente de classe social, cor, “raça”, idade. Eis o verdadeiro caminho para a civilização.
Rodrigo Constantino