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Tentei me manter atualizado dos Estados Unidos, mas foi inevitável perder uma ou outra coisa importante. Colocando a leitura em dia agora que voltei, tive a oportunidade de ler a excelente entrevista com meu editor Carlos Andreazza para o Instituto Millenium, por Wagner Vargas.

Como escritor editado por Andreazza, posso atestar que seu trabalho faz toda a diferença. Não é apenas sugerir mudanças na forma, ou cortar algumas coisas redundantes, e sim ter uma visão ampla da obra, e contribuir para sua concepção final.

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O meu Esquerda Caviar era um livro antes de entrar na edição, e saiu outro de lá, muito melhor. Agradeço ao Carlos pelo ótimo trabalho, em boa parte responsável pela chegada do livro na lista de mais vendidos. A Editora Record tem uma equipe muito profissional.

Além disso, não posso deixar de mencionar a visão de mercado do editor, atento para essa enorme demanda reprimida por livros de “direita”, com viés liberal ou conservador. Sobre isso, ele diz:

Carlos Andreazza: Acredito que, antes de tudo, essa é uma questão comercial. Ainda há uma demanda reprimida por livros de autores liberais e conservadores. O mercado editorial e o jornalismo, de modo geral, não ofereciam literatura para esse público que, essencialmente, é jovem e consumidor. Independentemente da minha posição, como editor, eu vejo, claramente, um mercado e lamento que muitas editoras ainda não o explorem, embora eu já perceba um aumento da concorrência nessa área.

Wagner Vargas: Qual é o perfil desse público? O que eles buscam?
Andreazza: Lançamentos assinados por Marco Antônio Villa, por exemplo, atraem um público muito jovem e disposto a debater. No lançamento de “Esquerda caviar”, do Rodrigo Constantino, não fizemos debate em algumas praças e as pessoas nos cobravam. Em alguns casos, até improvisamos um bate-papo. As pessoas queriam ouvir e trocar ideias. Isso pode representar um amadurecimento no perfil crítico desse público.

O time que a Record está reunindo comprova em atos isso que foi dito. Quando até o músico Lobão fechou com a editora, cheguei a brincar aqui que estava tudo dominado. Lobão, Guilherme Fiuza, Diogo Mainardi, Merval Pereira, Marco Antonio Villa, Reinaldo Azevedo, Felipe Moura Brasil/Olavo de Carvalho, Bruno Garshagen: é a oposição ao esquerdismo no poder que a política não nos oferece!

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Voltando à entrevista, Andreazza tenta definir o papel do livro da seguinte forma:

O papel do livro é de educador. Se as pessoas que acreditaram naquilo como uma grande mudança, que era bom para o Brasil, tivessem o hábito de ler livros, de um modo geral, talvez houvesse mais desconfiança. O livro é um formador de pessoas desconfiadas, de céticos.

Concordo. Em parte. Se partirmos da premissa de que a pessoa encara o livro com a mente razoavelmente aberta, com honestidade intelectual e disposição para reconhecer erros, mudar de opinião e aprender, então não resta dúvida de que a leitura é uma fábrica de ceticismo saudável (não confundir com cinismo ou niilismo).

Afinal, como crer em utopias, em revoluções redentoras, em “um mundo melhor”, em socialismo, em igualdade de resultados, em políticos ungidos, em guerrilheiros, após ler as distopias de Orwell, Huxley, Rand e Koestler, ou bons livros de história, como os de Paul Johnson ou Niall Ferguson?

A leitura tende, sim, a incutir no leitor o hábito do ceticismo, da desconfiança quanto a estas “soluções” oferecidas no mercado de ideias e ideologias. Mas claro, se o sujeito pega um livro apenas para confirmar o que já “pensa”, negando-se a reconhecer fatos ou argumentos superiores para poder preservar sua ideologia, aí não tem livro que possa curar tal doença.

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Se bem que, mesmo assim, creio que, lá no fundo, aquela semente da dúvida será plantada. O que já é um bom sinal de esperança. Portanto, caros leitores, leiam! Leiam mais! Leiam muito mais! De preferência os ótimos livros publicados pela Record. Eis aí uma bela dica de presente de Natal para os amigos e entes queridos…