Lobão foi uma boa descoberta nos últimos anos. Do roqueiro visto como “doidão” e cabo eleitoral do PT ao músico rigoroso, escritor talentoso e militante antipetista bastaram alguns meses e muita leitura, além de coragem e honestidade intelectual.
Eis alguém que não temeu mudar quando reconheceu seus erros. Como ele mesmo confessa, era um “idiota” que fora enganado por bandidos disfarçados de partido, e graças ao contato com toda uma literatura até então desconhecida ele mudaria da água para o vinho.
Hoje virou um símbolo da resistência ao bolivarianismo, além de lutar quase sozinho no meio artístico contra a “gangue do pixuleco”, a turma que só mama nas tetas estatais. Foi, por isso, difamado, alvo da máquina de destruição de reputação da esquerda, mas resistiu, cresceu, avançou de forma independente.
Seu Manifesto do Nada na Terra do Nunca foi um sucesso de vendas, e a crítica, em desespero, fez de tudo para ridicularizá-lo, a imensa maioria sem sequer se dar ao trabalho de ler o livro. Agora Lobão está de volta com Em Busca do Rigor e da Misericórdia, as “reflexões de um ermitão urbano”.
Com seu estilo meio caótico, mas com método, o livro sai de respostas aos seus críticos rasos, como Emir Sader e Juremir Machado, e vai para o processo criador de suas novas canções, ou o resgate de antigas, como a que fez para Cássia Eller. Tudo isso perpassado pelas reflexões de alguém que se viu, em seu meio, isolado, mas que extraiu disso a força do homem independente, como na peça de Ibsen.
Sobre o processo criativo em si, o crítico Rodrigo Gurgel já discorreu com muito mais propriedade do que eu teria para fazê-lo. Aqui, vou apenas destacar um lado do autor que admiro: seu bom coração. Apesar de ter sido alvo de tantos ataques chulos, Lobão não perdeu sua sensibilidade e doçura, pois é um “cara do bem”, sem rancor.
Em um capítulo intitulado “Olavo de Carvalho”, ele agradece ao filósofo pela inspiração e instrução intelectual, inclui outros nomes na lista, da qual tenho orgulho de fazer parte, e percorre o episódio do “hangout” que idealizou entre mim e Olavo, até então sem nos falarmos por anos por conta das conhecidas brigas virtuais. Diz ele:
E acrescenta:
Uma das reconciliações mais emblemáticas e bonitas que pude testemunhar se deu no histórico hangout que reuniu Olavo de Carvalho e Rodrigo Constantino, encontro significativo da compreensão de que o inimigo é outro.
E é exatamente esse o ponto principal de sua e nossa batalha: Lobão soube colocar as prioridades em ordem, e compreendeu que há um grupo que vem destruindo nossa democracia, nossas liberdades, e que precisa ser expulso do poder o quanto antes.
Nesse aspecto, temos até que agradecer ao PT de certa maneira, pois sem ele não teria ocorrido um grande movimento de despertar e mobilização nacional, em prol da defesa das liberdades. E, nessa luta, Lobão, com seu grande coração e sua coragem e determinação, tem sido uma voz firme a atazanar os inimigos da liberdade.
Convido todos, portanto, a comparecer hoje ao lançamento de seu novo livro, o primeiro pela Record:
Rodrigo Constantino
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