Deu na BBC Brasil:
Lançada neste ano, a Kumasi é uma plataforma de vendas online que reúne artigos artesanais produzidos somente por pequenos empreendedores negros.
“É uma loja também para marcar posição. Abrir e ocupar espaço no ambiente de negócios, criar uma narrativa protagonizada por nós mesmos”, diz Lucas Santana, 23 anos.
Estudante de Engenharia Elétrica, ele toca o negócio ao lado da namorada, Monique Evelle, 23 anos, e da sogra Neuza Nascimento, 46 anos.
Frases e expressões feministas e antirracismo estampam produtos à venda no site. “Poder às minas pretas”, “Nunca fui tímida, fui silenciada”, “Tentaram nos enterrar, esqueceram que somos sementes”.
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E a própria loja nasceu por uma causa: levantar recursos para bancar a Desabafo Social, rede de educação em direitos humanos criada por Monique e que transformou a jovem em referência quando o assunto é feminismo negro e ativismo social no Brasil.
A rede de jovens e adolescentes começou em 2011 como uma chapa de grêmio estudantil de escola pública.
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Na loja virtual batizada com o nome da cidade de Gana que abriga o maior mercado popular do oeste da África, apenas negros podem vender – e ser modelos para as peças em exposição.
“Uma vez recebemos uma mensagem dizendo que ter apenas modelos negros era racismo. Mas e em todo lugar que só tem modelo branco, não é racismo?”, questiona Monique.
Grêmio estudantil, Bahia, terra da maior proporção de Bolsa Família no país, movimentos estudantis e raciais, jovens engajados, escola pública: não poderia sair coisa muito boa. O racismo reverso segue a todo vapor no mundo da “marcha das vítimas oprimidas”.
Nos Estados Unidos, o Black Lives Matter incita a violência contra todo o sistema policial, visto como racista, e também contra os brancos, tidos como “demônios”. No Brasil, vemos essas iniciativas fomentando a segregação com base na raça, em vez de tentar unir os indivíduos, os seres humanos em geral.
A moça chama a atenção para a predominância de modelos brancos, e pergunta se é racismo. Não, não é. Existem modelos negros, cada vez mais até. Mas o critério do mundo da moda não é a raça, e não deve ser. Se uma maioria do público se identifica mais com determinado perfil, ele será o escolhido pelos produtores, para atender a demanda.
Qualquer um é livre para investir na contramão, para só contratar modelos negros, inclusive. Mas eis o pequeno detalhe: a “empreendedora” não fez apenas isso, e sim transformou sua atividade em militância ideológica e racial, em movimento político que exclui deliberadamente os outros, o diferente, para fazer seu ponto.
Se ela sente que há uma demanda reprimida no mercado para mais modelos negros, ela é totalmente livre para tentar atender esse hiato. No momento em que ela anuncia que faz isso para protestar, porém, e assume vetar outras raças, ela está sim adotando uma postura claramente racista. Não há dúvidas!
Ou alguém imagina uma loja declarando abertamente que só contrata modelos brancos e só aceita vendedores brancos? Seria o caos, e certamente haveria reação legal, além da mobilização violenta de ativistas como essa moça. Mas vivemos em tempos estranhos, de duplo padrão seletivo, de muita hipocrisia, de salvo-conduto para as “minorias”, e é bem possível que mesmo brancos culpados comprem na loja para “expiar seus pecados” e se sentir sem preconceitos, enquanto o verdadeiro preconceito vem da própria loja, contra os brancos.
Black Lives Matter? Sim, como White Lives Matter, e como ALL lives matter!
Rodrigo Constantino
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