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Lula e Trump: qual dos dois seria um “gênio político”?
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Vou contar uma breve história de dois sujeitos, para que o leitor julgue qual deles deveria ser considerado um “gênio político”. Claro que manterei os nomes ocultos no começo, para que não se faça a menor ideia de quem é quem, e assim o julgamento seja realmente imparcial (o leitor nem terá noção de quem estou falando, e finja por um segundo que esqueceu os nomes no título do texto).

No primeiro caso, o sujeito disputou três eleições seguidas, e perdeu todas. Mais: perdeu para um concorrente totalmente desconhecido do público na primeira, um aventureiro que queria “caçar marajás”, com pinta de louco e olhar vidrado. Depois perdeu duas vezes seguidas para um sociólogo de esquerda, sem qualquer carisma, um típico tucano insosso. E no primeiro turno!

Na quarta tentativa, conseguiu levar, e contra uma múmia viva, talvez o indivíduo menos carismático da história da política brasileira, que digo?, mundial. Seu concorrente mais parecia um vilão dos Simpsons, ou um membro da Família Adams, um vampiro, sei lá. E era totalmente esquerdista também, vale lembrar.

Uma vez eleito, o país que “governava” mergulhou imediatamente na melhor janela de ventos favoráveis de sua história, com o crescimento chinês e o custo de capital nulo do lado externo, e o bônus demográfico e a herança benigna do tripé macroeconômico do lado interno. A economia cresceu, surgiu um tal de Eike Batista como “Midas” no lado empresarial, e eis que o ex-metalúrgico perdedor se tornou um “gênio político” pela ótica dos “formadores de opinião” desse distante país.

Já no segundo caso o sujeito era um magnata do ramo imobiliário, um bilionário fanfarrão que apresentava um programa popular de televisão. Não demonstrava ter muitas convicções políticas, e já fora doador dos democratas, mas concorreu pelos republicanos. Contra outros 16 nomes de peso nas primárias! Era o patinho feio, contra outros favoritos. A mídia ria de sua pretensão. Mas ele venceu todos e foi o candidato.

Disputou, então, com uma das mulheres mais poderosas do mundo, esposa de um ex-presidente dessa que é a mais potente nação do globo. Contou com a torcida contra de toda a imprensa, era constantemente ridicularizado, e nas vésperas do resultado a imensa maioria dava como nula sua chance de vitória. Era sua primeira disputa eleitoral, um verdadeiro “outsider”. E ele venceu.

Agora que o leitor já usou seus poderes de Sherlock Holmes, posso perguntar: quem você acha que é retratado como gênio político, Lula ou Trump? Essa reflexão veio à tona ao ler a coluna de João Pereira Coutinho sobre o novo “livro bomba” contra o presidente americano, que o pinta como um perfeito idiota. Diz ele:

Claro que uma tese dessas, apesar do talento literário, choca frontalmente com duas perguntas óbvias a que Wolff é incapaz de responder.

A primeira é tentar explicar como foi possível a um débil mental vencer as eleições presidenciais. Não existe aqui uma terrível contradição?

A segunda pergunta, que procede da primeira, é ainda mais desconfortável para a “intelligentsia” progressista: se Trump é um débil mental, que dizer dos que perderam para ele?

É por isso que, depois de ler o livro, a minha última gargalhada não foi para Trump. Foi para os adversários de Trump, que gostam de exibir um estranho complexo de superioridade.

Perder para um “gênio”, como Trump se considera, seria compreensível e até perdoável. Perder para um débil mental diz mais sobre a qualidade dos adversários do que sobre o débil propriamente dito. 

Não sei se Trump é um gênio, mas me parece alguém bastante antenado e atento às demandas populares, algo que a turma presa na bolha “progressista” não é capaz de demonstrar. Sei também que Trump passou o tempo todo da campanha dizendo que ia vencer, pois vencer é o que ele faz na vida. E venceu. Se Trump é um imbecil, de fato, o que isso faz de toda a mídia mainstream, dos democratas e dos “intelectuais” de esquerda, que não só perderam para esse imbecil, como não foram sequer capazes de antecipar o risco?

Mas a mesma elite “sábia” que desdenhava de Trump e o considera um débil mental considera Lula “o cara”, um sujeito que pode não ser culto, mas que tem incrível faro político, carisma, visão, praticamente um gênio político. Vai ver por isso ele perdeu três eleições seguidas antes de vencer por cansaço. Para figuras como Collor e FHC. Que gênio!

PS: Ah sim, faltou dizer que Lula, o “gênio político”, está prestes a ser condenado em segunda instância e ir para a cadeia, enquanto Trump, o “idiota”, é o homem mais poderoso do mundo e está desafiando todo o establishment globalista, reduzindo burocracia e impostos, devolvendo poder e recursos ao cidadão, vendo a economia de seu país finalmente decolar após anos de mediocridade de Obama, outro “gênio político”.

Rodrigo Constantino

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