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Em Homo Sovieticus, Alexander Zinoviev descreve um típico comunista, alguém que os ocidentais têm dificuldade de compreender, pois não segue os mesmos princípios e valores morais “burgueses”. Essa “espécie” é psicológica e intelectualmente mais elástica, plástica e adaptativa.

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Submetidos a uma vida de inúmeras dificuldades desde sempre, os soviéticos aprenderam a mentir para viver, a contar meias verdades como se fossem verdades, a distorcer, inverter fatos, tudo sem crise de consciência. Um detector de mentiras seria inútil, pois eles incorporaram a mentira como princípio de vida.

Acusá-los de imoralidade seria ridículo, diz o narrador da história, como seria acusar de imoralidade as hordas de Gengis Khan ou os incas. A moralidade ocidental simplesmente não serve para julgar tais tipos, pois eles estão fora desse contexto, “acima do bem e do mal”. São seres “dialéticos”.

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Lembrei dessa descrição ao ler a coluna de Ricardo Noblat hoje, sobre a amoralidade de Lula. O ex-presidente sempre mentiu, nas coisas mais banais, como sua altura para o alistamento do Exército, e nas coisas mais graves, como durante o mensalão, no qual disse ter sido traído sem nunca apontar o traidor, e logo depois passou a negar a própria existência do esquema todo. Diz Noblat:

Pelas costas de Dilma, Lula tem falado mal dela. Culpa-a pelo cerco que sofre da Polícia. Na frente de Dilma, mia. Suplica por ajuda.

Ele não vê nada demais no enriquecimento de parentes enquanto governava o país. Nem vê nada demais em ter-se tornado um milionário à custa de empresas que beneficiou como presidente.

Lula não é imoral, longe disso. É amoral – nem contrário nem conforme à moral.

Lula não segue a nossa moral, a moral “burguesa”. Para ele, essa coisa de falar a verdade é uma afetação da elite. Lula mente desde sempre, pois a mentira é apenas mais um instrumento para se dar bem, para ganhar mais.

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Não adianta cobrar dele os padrões do restante da sociedade, pois ele se julga acima disso. Falar em honestidade com ele é algo totalmente estranho, alienígena. A nossa moral simplesmente não lhe diz nada. Nesse sentido, ele é mais comunista do que muito comunista por aí. Lula é o típico homo sovieticus.

Rodrigo Constantino