Uma nova pesquisa do Pew Research Center revelou que a maioria dos eleitores republicanos ou com inclinações republicanas acredita que universidades e faculdades têm um impacto negativo nos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa, 58 por cento dos americanos que se consideram republicanos ou que se aproximam dos republicanos dizem que instituições de ensino superior têm um impacto negativo na direção do país. Este é um aumento acentuado em relação a 2016, quando 45 por cento dos eleitores inclinados ao GOP viram negativamente as faculdades.
Apenas 36% dos republicanos na nova pesquisa acreditam que as faculdades e as universidades afetam o país positivamente. Os democratas e os entrevistados que se aproximam mais dos democratas, no entanto, têm uma visão muito diferente: 72% dizem que as faculdades e as universidades têm um impacto positivo.
No geral, de acordo com o Pew Center, 55% dos americanos acham que as universidades têm “um efeito positivo na forma como as coisas estão acontecendo no país”.
O aumento da desaprovação do ensino superior segue consistentemente relatórios negativos sobre os efeitos econômicos da educação universitária. Um relatório do Census Bureau publicado em abril mostrou que a participação dos “millennials” vivendo com seus pais está aumentando, pois aqueles com idade entre 18 a 34 anos colocam mais importância na educação universitária e na obtenção de diplomas.
Os dados do Federal Reserve de janeiro revelaram que o foco em obter um diploma universitário colocou os jovens sob uma enorme dívida, com uma média de $37 mil por aluno. Além disso, os graduandos estão descobrindo que muitos diplomas levam aos mesmos empregos, o que significa que muitos deles vivem em casa e trabalham em empregos de baixa remuneração enquanto aguardam a abertura de uma vaga em seu campo.
O resultado, de acordo com os dados do Fed, é que esses jovens ficaram para trás, em relação aos seus pais, tanto financeiramente como profissionalmente, quando tinham a mesma idade.
Além do fator financeiro e da reduzida oportunidade de vagas, eu acrescentaria o aspecto ideológico, o que explicaria o maior ceticismo por parte dos republicanos conservadores. Sabemos que as universidades estão dominadas por esquerdistas. Há farta evidência disso, e inúmeros livros que mostram casos absurdos de viés ideológico e de doutrinação mesmo, especialmente na área de humanas.
No Brasil conhecemos bem esse fenômeno, que explica a importância do movimento Escola Sem Partido. Até se brinca nas redes sociais com o “antes” e “depois” da federal, ou seja, a pessoa entra de um jeito na universidade pública e sai muito pior, repetindo slogans marxistas e feministas ou destruindo o próprio corpo, além de pregar voto no PSOL. No caso americano, em Bernie Sanders.
Diante disso, não é difícil entender a perda de credibilidade das universidades. O que não deixa de ser um grave problema. Como reação ao aparelhamento ideológico das universidades, muitos conservadores estão se tornando anti-intelectualismo, o que não é nada bom. Se é verdade que muitos “intelectuais” produzem as piores ideias, a solução não é virar as costas para a busca por conhecimento e estudo sério.
Essa reação anti-intelectual pode ser vista em alas da direita nacionalista brasileira, que passaram a tratar com desdém os pensadores e formadores de opinião conservadores, como se seu estudo profundo de nada servisse. Eis aí mais um motivo para a revolta com a esquerda “progressista”: sua ocupação das universidades fez com que muitos passassem a cuspir no próprio conceito de “busca imparcial pelo conhecimento e sabedoria”, aquilo que deveria ser a meta de toda universidade.
Doutrinação ideológica pela esquerda, e postura anti-intelectual como reação pela direita: uma combinação explosiva. Quem sai perdendo é o jovem da nova geração, que ficará refém ou dos militantes disfarçados de professores, ou das obscuras páginas da internet que disseminam paranoia, teorias conspiratórias e mentiras.
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
-
Novos movimentos de Lula em favor da exposição de Janja sinalizam projetos políticos
-
Bolsonaro diz que Brasil tem presidente sem povo e critica tributação sob Lula
-
“Taxad” gera reflexão na esquerda sobre regular ou não memes
-
Lula reforça polarização em ato que oficializou candidatura de Boulos em São Paulo
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS