O psicanalista Contardo Calligaris segue em sua cruzada materialista e hedonista, usando seu espaço na Folha às quintas-feiras para disseminar a busca desenfreada e irrefletida pelos prazeres carnais. Na coluna de hoje, voltou ao clássico Confissões de Santo Agostinho para concluir:
Agora, que eu saiba, não há outros casos de um relato mórbido grave que tenha tido um sucesso comparável. Agostinho conseguiu mesmo transformar o asco doentio por seu próprio tesão em condenação do desejo sexual numa cultura inteira, por séculos.
As encruzilhadas da vida são curiosas. Agostinho inventou um deus que pudesse ajudá-lo a reprimir seu desejo carnal.
Eu, desde a adolescência, deixei de acreditar no deus de Agostinho justamente porque me parecia absurdo que ele se preocupasse em reprimir o desejo carnal de quem quer que seja e especialmente o meu. Ou seja, ele chamou deus para que o auxiliasse na luta contra seu próprio prazer. Eu achei que realmente não precisava de um deus que fosse oposto a meus prazeres.
Alguém dirá que por isso irei ao Inferno. Veremos. Por enquanto, o fato é que Agostinho atormentou a vida de centenas de milhões. Eu, não.
Minha preocupação não é tanto com o Inferno após a morte do autor, e sim com o inferno terrestre que ele ajuda a criar com essa mensagem libertina e irresponsável. Sendo um psicanalista, Calligaris deveria saber que até Freud, em Mal-estar na Cultura, reconhece que frear apetites é condição necessária para a vida em sociedade.
Ou seja, quem não quer recalcar nada leva a vida de um animal, não de um ser civilizado. Calligaris só não atormenta a vida de centenas de milhões pois não tem essa expressão toda. Mas aquilo que ele representa, o “progressismo” pós-moderno, tem sim atormentado a vida de centenas de milhões, ao prometer o paraíso com a “libertação sexual”, enquanto os jovens vivem cada vez mais inseguros, tomando antidepressivos, sentindo-se culpados ou vazios.
Não é tão trivial assim driblar a culpa cristã. Ainda bem! É porque temos pulsão de vida também, não só de morte. Eros e Tânatos. Por isso os tabus, o pudor, a vergonha, o recalque. Porque a alternativa é “deixar a vida nos levar”, como bichos instintivos, somente em busca de prazeres carnais e nada mais. Uma completa miséria espiritual.
Na carta que escrevi para meu filho Antonio, que acaba de nascer, uma espécie de testamento ético, um guia moral para sobreviver nesse mundo pós-moderno, hedonista e relativista, falei justamente isso:
Não dê vazão a todos os seus apetites, filho. Você não é um bonobo, um cachorro, um animal irracional qualquer. Você é um ser humano civilizado, e isso significa conter emoções, saber controlá-las. Portanto, não é para achar bonitinho qualquer porcaria só porque é “espontânea” ou “genuína”. O cocô que você faz é espontâneo, é genuíno, mas certamente não é lindo, muito menos uma obra de arte. Saiba separar o joio do trigo, julgar o que é certo ou errado, lixo ou não. Evite vulgaridades mascaradas de “espontaneidade”.
Infelizmente, o que mais vemos por aí são “intelectuais” e psis estimulando o comportamento irresponsável e hedonista, o materialismo e a sexualização precoce, a ideia de que seguir os instintos em busca dos prazeres da carne é o grande segredo da felicidade.
Só não sabem explicar porque esses libertinos parecem os mais infelizes de todos, em relacionamentos sempre conturbados, dependendo de remédios, mergulhados em melancolia. Parece que essa “libertação” toda não passou de uma nova forma de escravidão…
Rodrigo Constantino
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