Por Hiago Rebello, publicado pelo Instituto Liberal
É complicado, e mesmo desonesto, colocar todas as pessoas das faculdades de humanas da Universidade Federal Fluminense no mesmo saco, e o que dirá de colocar todos os seus alunos, de todos os cursos, dentro de uma mesma caixinha, mas algo é latente na universidade em que estudo: falta de reação.
Quando indagado a respeito, Nelson Rodrigues dizia que, sim, era um reacionário, mas somente era contra aquilo que não prestava. Dentro da perspectiva de Rodrigues, qualquer sujeito decente e com o mínimo de compromisso consigo mesmo e com a sociedade, no que tange a ordem, honestidade e caráter, concordaria em ser reacionário contra aquilo que não presta. Infelizmente, dentro da UFF, há poucos reacionários desse tipo.
Não pretendo falar de direita ou esquerda na UFF, ou diretamente de certa doutrinação, ou indução, para uma ideologia de qualquer tipo, mas sim de decência, de caráter. Quem não reage àquilo que é imprestável, contra o que dá nojo aos cérebros mais sensatos, não tem caráter, não é homem de verdade, não é mulher de verdade. Não passam de moleques brincando de críticos sociais – uma molecagem que infesta os campus da UFF, principalmente o Gragoatá.
No espírito dos mesmos moleques que invadem salas de professores contrários a greves, dos que atacam em massa quem ousa ir contra suas diretrizes, contra suas receitas para o pretenso mundo melhor, são aqueles que pululam nos corredores e nas salas da universidade. Um desses estudantes decidiu (e se não é estudante da universidade, pelo menos coaduna com várias opiniões anticlericais e progressistas espalhadas, incubadas e concebidas dentro dos muros da UFF) então pichar uma igreja, a paróquia de São Domingos, de frente para o Campus do Gragoatá, em Niterói (RJ).
No vandalismo estava escrito: “a única igreja q ilumina é a q pga fogo!”, uma obra que vem de alguma neura de algum coitado revolucionário. Mas o que impressiona não é o ato de pichar uma igreja. Querendo ou não, esses acontecimentos não são comuns, na paróquia de S. Domingos. Ela nunca foi invadia, seu altar e sua sacristia nunca foram vilipendiadas, e mesmo as pichações não ocorrem todas as semanas, por exemplo. O que impressiona é o conteúdo, e pior: a defesa e o silêncio a respeito desse conteúdo.
Se as faculdades de humanas são famosas por engolirem pessoas leigas e depois parirem problematizadores descolados, ou elas apenas problematizam para um lado do espectro (adivinham qual?), ou fazem parte de uma propaganda enganosa. Faculdades de humanas têm seus sectos baseados em certos ídolos, seus ícones sagrados, totens que não podem ser tocados. Não aprenderão lá que Simone de Beauvoir e Sartre eram pedófilos, ou serão lembrados que Foucault apoiou um evento que do qual eclodiria um regime tirânico e homofóbico (a Revolução Iraniana)… Encontrarão um silêncio sepulcral sobre esses temas polêmicos que abalam certas figuras totêmicas.
O que importa para tais sujeitos é problematizar a moral cristã, o capitalismo, o patriarcado, por exemplo, pois fora desses alvos, entram em silêncio. Silenciam-se quando crianças morrem de fome na Venezuela, por causa de pautas apoiadas e defendidas pelo PSOL. Não criam uma barulheira contra psolistas e prédios do partido, não os vilipendiam, sequer prestam a mínima crítica. O mesmo silêncio que permite a germinação e disseminação de canalhas que não reagem àquilo que não presta.
No grupo UFF NITERÓI, no Facebook, criou-se uma discussão sobre o vilipêndio ao culto. No grupo, várias vozes se ergueram exigindo respeito, seja para a lei, seja para com os membros da paróquia, ou para todos os cristãos em geral. Consegue adivinhar a reação dos membros mais progressistas e desconstruídos da UFF? Eles concordaram com o vandalismo, defenderam a depredação do patrimônio religioso de outra pessoa. Os mesmos que dão chiliques quando centros de candomblé são destruídos por evangélicos são os mesmíssimos que apoiaram, literalmente, a queima de igrejas católicas.
E esses são, realmente, os Homens desconstruídos. O que é a desconstrução senão uma destruição daquilo que estava de pé? São homens e mulheres em pedaços, em cacos. Já não raciocinam direito, não pensam fora de uma caixa ideológica, de uma lógica de uma pretensa justiça social. O Homem desconstruído é exatamente aquilo que se auto intitula: uma ruína, um escombro caído junto ao chão, lixo perante todo o resto.
Apenas pessoas que se desconstruíram poderiam, de fato, ter a capacidade de defender igrejas queimadas, em nome de uma reparação histórica. A moral, a ordem, o respeito, a razão, coesão, tudo foi lavado em aulas relativistas que buscam desconstruir o Homem Ocidental… dentro da própria UFF.
Os mesmos professores que, malgrado possam muito bem discordar (como acredito que todos os professores mais progressistas da universidade discordem) do vandalismo, são os primeiros a se silenciar. Não abriram a boca para denunciar movimentos e sistemas dentro do corpo estudantil que podem, seja de modo direito ou indireto, alimentar a discriminação contra católicos, e nem creio que algum dia as abrirão. Não sacarão seus Bourdieus e afins para traçar um mapa de uma violência simbólica dentro do campus do Gragoatá, nada farão. Não esperem por esse tipo de denúncia, vinda dos professores que amam apontar os dedos velhos para males e injustiças sociais.
Claro: há professores excelentes na UFF, nas áreas de Humanas. Eles não perdem seus tempos para, no decorrer das aulas, militarem por alguma ideologia medonha. Quanto a estes professores íntegros e comprometidos inteiramente com suas disciplinas, o fato de se distanciarem, em seus trabalhos, de qualquer querela cultural ou ideológica inibe minha crítica, pois o silêncio destes é para tudo, uma vez que essas polêmicas não são materiais de suas aulas, e o mesmo vale para diversos alunos de humanas (e alunos de esquerda, até), principalmente se saírem da área de humanas.
Contudo, cabem duas perguntas finais: até quando esse silêncio cretino e esses ataques irracionais perdurarão no ambiente universitário sem a devida reação? Até quando os miseráveis terão poder, dentro do corpo estudantil da UFF?
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