Milhares de pessoas saíram às ruas de Hong Kong neste domingo para protestar contra um projeto de lei do governo local que prevê a alteração na lei de extradições para a China continental. A proposta autoriza o envio de suspeitos de crimes para serem julgados na China continental.
Após sete horas de manifestação, os organizadores estimavam que cerca de 1 milhão de pessoas participaram, ultrapassando de longe um protesto com quase metade desse tamanho que tomou as ruas em 2003 e teve êxito ao impedir planos do governo para leis de segurança nacional mais severas.
Já um porta-voz da polícia estimou que havia 240 mil pessoas na marcha “em seu ápice”, segundo a agência Reuters. O projeto é criticado pela falta de transparência do sistema jurídico chinês, que aplica a pena de morte, e está em análise no parlamento local. A iniciativa preocupa também os empresários, que temem que isso afete a atratividade do mercado financeiro da ilha.
O feito econômico da China nas últimas décadas foi impressionante, retirando centenas de milhões de pessoas da miséria graças às reformas liberalizantes adotadas desde Deng Xioping, com o pragmatismo retratado na frase “não importa a cor do gato desde que ele pegue o rato”. Mas é preciso lembrar que a China ainda vive sob um regime ditatorial comunista, e Hong Kong, que atingiu incrívei prosperidade e ampla liberdade sob os cuidados britânicos, tem total razão de estremecer diante desse risco.
Richard Gere já fez um filme, “Justiça Vermelha”, em que era um empresário acusado injustamente de um crime na China, e ali dá para ter uma pequena ideia da realidade. Onde falta estado de direito e sobra arbítrio, a insegurança jurídica é total. Bom lembrar desses conceitos ocidentais numa hora dessas, quando Estados Unidos e China se digladiam na esfera geopolítica em busca de protagonismo perante o resto do mundo.
Rodrigo Constantino
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