O professor Ricardo Bergamini chamou a atenção para um fato lamentável: o PIB per capita brasileiro de 2018, divulgado essa semana pelo IBGE, está no mesmíssimo patamar daquele de 2008, quando medido em dólares, moeda padrão para comparações internacionais (mede o poder de compra do brasileiro perante o mundo). Ele comentou:
É estarrecedor o grau de desconhecimento do estudo da macroeconomia no debate sobre o fim da recessão no Brasil, para um país que em 2018 retornou aos indicadores de PIB CORRENTE E PIB PER CAPITA em dólares americano, aos patamares próximos ao ano de 2008, conforme quadros demonstrativos abaixo, cabendo alertar que uma tragédia dessa magnitude levará, no mínimo, dez anos para colocar o Brasil nos patamares do ano de 2011 com PIB CORRENTE de US$ 2.614,5 bilhões e PIB PER CAPITA de US$ 13.237,00, mesmo sabendo que foram obtidos com a supervalorização, em torno de 175% em dólares americanos do mercado de commodities, no período de 2003 até 2011, com fartura de crédito, gerando uma ilusão monetária de crescimento que desabou quando esse mercado despencou a partir do ano 2012, mas será o que vai ficar registrado nas séries históricas do IBGE.
De fato, o Brasil parece, na melhor das hipóteses, um caranguejo, andando sempre de lado. Ou então um cágado mesmo, que mal sai do lugar. Não conseguimos deixar para trás essa marca próxima dos $10 mil, valor que é praticamente um sexto do PIB per capita americano!
Para deslanchar será preciso uma pauta de reformas liberais. Foi o liberalismo econômico que permitiu que outros países emergentes saíssem dessa armadilha de baixa renda e se tornassem países com renda média elevada, países desenvolvidos. Quando lembramos que o Brasil e a Coreia já tiveram renda média parecida há algumas décadas, e que hoje os coreanos são bem mais ricos, é impossível não lembrar de Roberto Campos, que sempre usou o exemplo dos tigres asiáticos para pregar mais abertura comercial e liberdade econômica.
É de Campos a frase famosa que Bergamini usa em destaque na sua mensagem: “A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor”. Será que algum dia vamos ser capazes de refuta-lo? Sobre o passado glorioso é algo inegável. Mas será que a burrice tem um futuro promissor em nosso país? A resposta será dada pelo Congresso, de acordo com pressão ou não da população, na hora de votar a fundamental reforma previdenciária, isoladamente o principal ponto de inflexão para que essa renda média comece a subir – ou despencar de vez!
Rodrigo Constantino