Se tem uma coisa que pode ser dita sobre o senador Marco Rubio é que ele não é um radical. Ao contrário: é visto por muitos republicanos como tímido demais na luta pelos valores conservadores. E Rubio, um moderado, está acusando os democratas por tentarem esconder o quão extremistas seus membros se tornaram.
Ele apresentou uma medida sobre o BDS (Boycott, Divestment and Sanctions), movimento que tenta pressionar Israel economicamente a favor de interesses palestinos. Segundo sua proposta, os estados e os indivíduos manteriam o direito de reagir contra esse boicote, também boicotando quem propõe esse tipo de postura contra Israel.
Os democratas se recusam a votar a proposta. Alguns alegam que é preciso definir prioridades e que não vão discutir isso no momento do “shutdown” do governo, por conta do impasse entre democratas e republicanos acerca do orçamento para o muro que Trump quer construir na fronteira com o México.
Mas Rubio atesta que o “shutdown” não tem nada a ver com a reação democrata, e que, na verdade, o partido de esquerda está tomado por extremistas e pretende ocultar isso do público. Ele postou um tweet acusando os senadores democratas de apoiarem em peso o BDS, um movimento que, na prática, mascara a velha judeofobia, disfarçada atualmente de combate ao sionismo. Israel é demonizado por essa turma.
O senador socialista Bernie Sanders disse que a resposta era contra uma tentativa de cortar direitos constitucionais por meio da legislação, e foi rebatido por Rubio: “isso é uma mentira”. Rubio explicou em outra mensagem: “Minha medida não pune atividade política alguma. Ela protege o direito de governos locais e estaduais de decidir não mais fazer negócios com aqueles que boicotam Israel. Então boicotar Israel é um direito constitucional, mas boicotar aqueles que participam desse boicote não?”
A pergunta é retórica e serve apenas para expor a hipocrisia da esquerda, cada vez mais radical. Sabemos que é exatamente assim que eles pensam. Boicotar Israel é visto como um ato nobre, de libertação dos palestinos (na prática, apoio aos terroristas do Hamas). Já boicotar os que boicotam Israel é algo autoritário, abusivo, ditatorial. A esquerda quer o monopólio do boicote, pois se julga detentora de uma superioridade moral que dispensa lógica ou coerência.
Entre os alvos diretos de Rubio estava Rashida Tlaib, a primeira muçulmana no Congresso. Ela tem atacado com fúria o governo Trump, e falou em preservar direitos constitucionais também. Mas essa esquerda que flerta com os radicais palestinos só puxa da cartola a Constituição quando interessa, e de forma seletiva e deturpada. Rubio rebateu alegando que Rashida demonstra uma “lealdade dual” e antissemita, e que sua postura não tem nada a ver com liberdade, mas com destruir Israel.
“Se boicotar Israel é um direito constitucionalmente protegido, então boicotar empresas que boicotam Israel também é”, repetiu o senador. A lógica é elementar. Trata-se de uma defesa de um princípio isonômico. Mas a esquerda não quer saber de nada disso. Só eles podem pregar boicotes, pois eles lutam pelas “causas certas”, e é óbvio que Israel está do lado errado, enquanto o Hamas é um grupo “libertador” dos palestinos “oprimidos”. Assim vai a narrativa, ao menos…
A proposta de Rubio deve passar no Senado, com maioria republicana, inclusive com alguns votos democratas. Já na Câmara, com maioria democrata, não se sabe. Eis o quão radical a esquerda democrata se tornou: os direitos constitucionais são rasgados em prol de suas “nobres” causas, e atacar Israel é uma “nobre” causa para os “progressistas” modernos.
PS: Essa aliança entre esquerda e radicais islâmicos não é novidade, e ficou exposta na marcha feminista de tal forma que nem as líderes do movimento feminista foram capazes de esconder. A “infiltração” de muçulmanos extremistas no movimento, visível desde o começo, virou notícia após dois anos, e algumas feministas finalmente reagiram. A união entre “progressistas” e inimigos declarados dos valores ocidentais se explica pelo denominador comum entre eles: o ódio ao homem branco cristão ou judeu, ícone do modelo “patriarcal opressor”, segundo a narrativa esquerdista.
Rodrigo Constantino