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Maus perdedores: falta a dignidade na derrota aos petistas

Fernando Haddad, presidential candidate of Brazil's leftist Workers Party (PT), speaks during a news conference during a runoff election in Sao Paulo, Brazil October 28, 2018. REUTERS/Paulo Whitaker (Foto: )

“Quem se vinga depois da vitória é indigno de vencer”, constatou Voltaire. E ele estava certo. A vitória exige certa dignidade, deixar diferenças pontuais de lado para focar no que realmente precisa ser feito pelo bem da maioria. Se o PT tivesse vencido as eleições, temos uma boa ideia do que aconteceria. A turma viria com sede de sangue, de vingança, pois acha que Lula é um “preso político”, apesar de tudo.

A falta de dignidade que o PT mostraria na vitória também foi exposta na derrota. Saber perder também é preciso, parte do jogo democrático. Petista não sabe perder. Não com dignidade. Tratam toda derrota como um erro, seja do eleitor, seja do “sistema”. Bancam as vítimas, ignoram o alerta das urnas, sentem-se ainda assim os bastiões da democracia.

Vejam, por exemplo, a fala em tom de ameaça de Guilherme Boulos, sujeito que estaria preso em qualquer país sério do mundo:

Não admitir a derrota legítima, até para fazer uma reflexão sobre os próprios erros, é típico de mau perdedor. Fernando Haddad, o candidato derrotado, fez um discurso lamentável, em que sequer parabenizou Jair Bolsonaro por sua expressiva votação. Quase 60 milhões de brasileiros endossaram a guinada à direita que o candidato do PSL representa. O PT prefere fingir que isso não aconteceu, jogar para a sua plateia, agitar as massas alienadas.

Sobre o discurso de Haddad, fiz um comentário em minha página do Facebook que teve enorme repercussão, e que reproduzo aqui:

Mas não devemos nos iludir: o PT é deselegante na derrota, não tem senso de comunidade tampouco qualquer resquício patriota, mas não vai simplesmente aceitar essa perda de forma passiva. E não é pouca gente que optou por essa turma. Alexandre Borges resumiu bem: “47 milhões de brasileiros votaram no poste de um presidiário. Ainda há muito trabalho pela frente”. E Borges fez também uma brilhante análise, há quatro anos, da capacidade da esquerda de reagir após derrotas, de pensar lá na frente na próxima jogada pelo poder. Eis um trecho:

No dia seguinte à reeleição de Bush, seu inimigo mais verborrágico, Michael Moore, o cineasta e ativista de extrema-esquerda que desde a adolescência recebe dinheiro de Cuba para fazer propaganda comunista nos EUA (veja o ótimo documentário “Manufacturing Dissent: Uncovering Michael Moore”), publicava o texto “17 razões para não cortar os pulsos”, que você pode ler aqui: http://bit.ly/1wB1qmE

A ocupação do Iraque não tinha dois anos e ainda havia um sentimento nacional de união contra o terror. O que a esquerda americana fez? Apostou na guerra cultural, em minar a autoridade moral do país, assim como havia feito na época da Guerra do Vietnã. Se o país está unido em torno da guerra, é preciso fabricar a idéia de que a guerra foi uma mentira (“Bush lied, people died”) e que seu líder representava o que havia de pior na alma humana. Deu certo.

Em 72, a Guerra do Vietnã estava, para todos os efeitos, vencida. Richard Nixon foi reeleito numa goleada histórica, com 18 milhões de votos a mais que seu oponente, o ultra-esquerdista George McGovern, a maior vantagem eleitoral na história americana. Nixon venceu em 49 dos 50 estados (fora a capital) e conquistou 96,65% dos votos do colégio eleitoral. A imagem do mapa eleitoral é impressionante, como se a oposição tivesse sido varrida do país: http://bit.ly/1tYwixe

O que a esquerda fez? Conseguiu um impeachment de Richard Nixon dois anos depois, em 1974, três meses antes da eleição legislativa. No clima da comoção nacional pelo impeachment, teve uma vitória avassaladora nas urnas e virou o Congresso para a oposição. Em janeiro de 1975, assim que tomaram posse, os novos congressistas partiram para desfazer todo o legado de Nixon e ainda entregaram o Vietnã do Sul para os comunistas do Norte, o que acabou em algumas milhões de mortes, um preço que a esquerda costuma pagar sem maiores constrangimentos em nome da sua agenda.

Não custa lembrar que a reação de Fidel Castro ao ver a queda do Muro de Berlim foi fundar o Foro de São Paulo com Lula. Nada de chororô, nada de dar cabeçadas na parede e em 12 anos Lula foi eleito presidente no Brasil, que vai para o quarto mandato consecutivo.

Lembre disso: o outro lado já perdeu e feio. O que eles fazem quando perdem? Juntam os cacos, sacodem a poeira e voltam pra briga. O que fazem quando ganham? Dão um jeito de usar o estado para continuar no poder. Eles sabem que política é uma guerra e quando apenas um dos lados está guerrando o resultado final será sempre o mesmo.

Foi uma vitória com margem apertada, metade do Brasil não quer mais o PT. Essa metade precisa de líderes e de veículos de comunicação que gerem conteúdo para eles. Quem se habilita?

Ou seja, os petistas podem ser péssimos perdedores no sentido do “fair play”, da dignidade, mas isso não quer dizer que não sejam perdedores perigosos. Boa parte da narrativa petista foi enterrada pelas urnas neste domingo, mas o petismo ainda vive. E estará não só atento como agindo para impedir o sucesso do Brasil, do governo Bolsonaro, pois seu único intuito é o poder, não melhorar o país.

Bolsonaro não deve “se vingar” do PT, e sim focar na reconstrução da nação, destroçada pelo petismo. Senso de Justiça, de união, de trabalho em prol do povo brasileiro: é disso que precisamos. E claro: da limpeza dos apaniguados petistas da máquina estatal, para que isso possa acontecer sem tanta sabotagem. Mas a prioridade não deve ser destruir o PT, e sim salvar o Brasil. Se isso acontecer, o PT estará praticamente destruído, pois é um “partido” que funciona como uma praga, no quanto pior, melhor.

A elegância que o PT é incapaz de demonstrar – na vitória e na derrota – deve ser a meta de Bolsonaro e seus eleitores. Precisamos elevar o padrão do nosso jogo democrático, contaminado justamente pela postura petista, que só sabe investir na divisão da população para conquistar o poder. É hora de falar a todos os brasileiros. É hora de voltar a pensar no país, no resgate de uma grande nação. Não podemos nos apequenar, aceitando sermos pautados pela própria baixaria petista. Seria nivelar o jogo por baixo.

Se alguém tenta te puxar para a lama, a tentação de descer o nível e chafurdar no mesmo terreno é grande. É justamente nesse momento que temos de demonstrar nossa superioridade, agir com a cabeça, manter a calma e o foco, e preservar nossos valores morais. O PT tenta diminuir nossa democracia? Então vamos tentar eleva-la ainda mais. Se são péssimos perdedores, sejamos bons vencedores. O Brasil agradece.

Rodrigo Constantino

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