Deu no GLOBO: No Rio, lançamentos caem 55% no primeiro semestre
Mesmo com o benefício de ser a “Cidade Olímpica” — usina de obras em mobilidade e infraestrutura urbana —, o Rio de Janeiro está amargando perdas no mercado imobiliário. Numa desequilibrada partida entre oferta e demanda, o placar marcou, no primeiro semestre, 2.750 unidades residenciais lançadas. É o pior desempenho para o período desde 2005, quando foram 2.285. Na comparação com janeiro a junho de 2014, o tombo é de 55%, segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ).
É que, com a crise político-econômica no país, o consumidor engavetou o projeto da casa própria, por estar inseguro devido à redução do orçamento e por temer a perda do emprego. Pesa ainda a maior rigidez na concessão de crédito para financiamento imobiliário — e, em consequência, o crescente número de devolução de imóveis (distratos).
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A freada nos lançamentos também está relacionada à imprevisibilidade no cenário político e a mudanças de regras no crédito imobiliário.
— No início do ano, a perspectiva era melhor do que se revelou ao longo do semestre. Houve aumentos da taxa de juros (a básica, Selic, está hoje em 13,75% ao ano), redução da fatia máxima a ser financiada dos imóveis, além de instabilidade política, que gera insegurança e preocupação. Comprar um produto de alto valor agregado pede financiamento, que exige comprometimento de renda de longo prazo — diz Claudio Hermolin, vice-presidente da Ademi-RJ.
Com a necessidade de cumprir obrigações de curto prazo, os grandes grupos — sobretudo aqueles com capital em Bolsa — precisam gerar caixa, dizem especialistas. Redução de preços, mais benefícios e até financiamento direto estão entre as estratégias adotadas para manter as vendas e, sobretudo, reduzir o número de imóveis em estoque.
— O segundo semestre é uma incógnita. O Brasil ficou tão instável no aspecto político-econômico que não é possível fazer previsões. Há um problema de falta de recursos e um processo cada vez mais rigoroso na concessão do crédito a quem planeja comprar um imóvel — pondera José Carlos Martins, presidente da CBIC.
Recordar é viver: participei, em outubro de 2013, de um evento sobre o setor imobiliário em Belo Horizonte. No painel anterior ao meu, o empresário Rubens Menin, da MRV, fez previsões muito otimistas para seu setor e elogiou bastante o programa Minha Casa Minha Vida, do governo Dilma. Tive calafrios. Em seguida, no meu painel, Samy Dana já colocou uma perspectiva bem mais realista no ar, mas coube a mim ser o “Pessimildo” da história. Claro que o Pessimildo, no fundo, tinha sido apenas realista, e se errou, foi por excesso de otimismo! Vejam minha palestra na ocasião:
httpv://youtu.be/JO1HU8N8fYc
Os “keynesianos de quermesse”, os economistas da Unicamp, os desenvolvimentistas, os que defenderam a “nova matriz macroeconômica” de Dilma, todos eles morrem de medo do passado, não querem jornalistas vasculhando o que disseram há alguns meses. A sorte deles é que os jornalistas realmente não fazem nada isso, preferindo escutar suas novas previsões como “especialistas”, por isso Belluzzo e Delfim Netto ainda têm tanto espaço na imprensa.
Já eu não tenho problema com a viagem na máquina do tempo. Podem pegar minhas previsões e análises dos últimos anos. Não acertei todas, claro, pois isso é impossível. Mas que diferença faz uma boa teoria como ferramenta de análise, além da independência e da honestidade intelectual, não é mesmo? Mas vamos ignorar isso tudo e escutar o que Belluzzo ou Conceição Tavares têm a dizer sobre os rumos de nossa economia…
Rodrigo Constantino