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Em sua coluna de hoje na Folha, Kátia Abreu usa a metáfora de um navio ancorado para descrever o Mercosul. Ela larga questionando logo de cara: “Até quando deixaremos a ideologia acima das razões econômicas, do mercado e da competitividade, ancorando o grande navio do comércio brasileiro no porto das pequenas pretensões regionais?” Em seguida, ela esfrega alguns dados na cara dos leitores:

Os números revelam o tamanho do equívoco: o comércio do Brasil com o Mercosul foi de US$ 53,1 bilhões em 2011 e 9% menor em 2012. Com o resto do mundo, foi de US$ 429 bilhões.

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Todo o comércio do Mercosul com o mundo em 2011 (US$ 824 bilhões) representou apenas 4,6% da movimentação mundial (US$ 17,8 trilhões).

Ninguém citou qual poderia ter sido o aumento do comércio exterior, se concretizada a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), proposta em 1994 e abandonada em 2005. A integração liderada pelos americanos, que já previam a expansão chinesa, criaria mercado com 850 milhões de pessoas e PIB sete vezes maior que o do Mercosul.

Não há como discordar! O Mercosul tem atuado como uma pesada âncora para o Brasil. São amarras ideológicas que impedem um crescimento maior de nosso comércio. Tenho sido um duro crítico do Mercosul há anos. Recentemente, escrevi textos sobre o assunto. Vão alguns trechos abaixo:

Enquanto o Mercosul segue patinando nesse mar de lama, a Aliança do Pacífico fecha acordos comerciais mais interessantes, com menos ranço ideológico ou antiamericano. O Mercosul, verdade seja dita, representa atualmente o elo bolivariano na América Latina. Isso é um entrave para nossa economia. O Brasil está pagando um preço muito alto por essa escolha estritamente ideológica do governo atual, sob o comando petista. 

Quanto mais tempo passa, pior fica para reverter esse quadro. O Mercosul fracassou. Isso precisa ser admitido com urgência. Ainda dá tempo de abandonar o bloco e partir para acordos comerciais mais vantajosos para os brasileiros. A idéia dos blocos comerciais é conquistar maior abertura comercial, reduzir barreiras protecionistas. Mas o Mercosul não quer nada disso. Ele é gerido por governos altamente protecionistas.  
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Está na hora de pular fora desse barco naufragando. Para isso acontecer, com certeza o PT não poderá estar mais no poder. Suas afinidades ideológicas com os demais membros do bloco impedem uma decisão racional e econômica. O PT prefere ser cabeça de sardinha a rabo de baleia. Para deixar o Mercosul para trás e mergulhar em águas mais livres, nadar mais rápido rumo ao progresso, o Brasil terá de se livrar do PT antes. É isso, ou continuar casado com parceiros que detestam a prosperidade possível somente com o livre comércio.
Para quem acha que exagero, vale ver o que a própria presidente Dilma mandou de recado para o Foro de São Paulo, que recebe em sua décima-nona edição os mais arcaicos líderes da esquerda mundial. Dilma repetiu a disposição de “associar o futuro do Brasil ao da América do Sul, de toda a América Latina e Caribe”. Tal mensagem foi para comunistas que honravam o falecido Hugo Chávez, e que idolatram a ditadura cubana.
Pode o Brasil decolar e surfar no livre comércio mundial enquanto estiver com uma gigantesca bola de chumbo amarrada aos seus pés, chamada Mercosul? Kátia Abreu foi otimista. O Mercosul não é um navio ancorado. Ele é um navio em pleno naufrágio, enquanto outros países nadam com braçadas cada vez mais livres em nossa volta.
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