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Militantes políticos disfarçados de professores: fenômeno que assola também os Estados Unidos
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A doutrinação ideológica nas escolas e universidades brasileiras é um fenômeno amplamente conhecido, e sem dúvida todos já foram vítimas da tentativa pérfida de lavagem cerebral por parte daqueles que deveriam auxiliar na formação intelectual dos alunos, em vez de tentar inculcar sua própria visão de mundo na marra. Mas esse não é um problema apenas brasileiro, ainda que o patamar alcançado em nosso país seja talvez inigualável. Os Estados Unidos não ficaram imunes ao avanço dos seguidores de Gramsci.

É o que mostra David Horowitz em The Professors: The 101 Most Dangerous Academics in America. O livro, como já diz o nome, expõe mais de uma centena de professores em universidades americanas que transformaram a sala de aula em palco para seus discursos ideológicos e políticos. O que emerge das biografias expostas, documentadas em fontes primárias, é assustador. São revolucionários que odeiam o capitalismo, os Estados Unidos, Israel, e que tentam martelar sua agenda “progressista” na cabeça dos alunos.

O espaço para o contraditório tem sido cada vez mais reduzido no ambiente acadêmico americano. Os esquerdistas radicais foram ocupando os espaços, e o clima é de intimidação contra aqueles que ousam discordar da ditadura do politicamente correto. Em democracias, porém, os professores deveriam ensinar como pensar, não o que pensar. Essa é uma mensagem amplamente ignorada por esses professores. A busca desinteressada pelo conhecimento, um ideal de toda universidade que se preza, tem sido abandonada em lugar a essa parcialidade intencional.

Como os departamentos tomados pelos ativistas são “interdisciplinares”, eles foram capazes de espalhar sua ideologia por todas as áreas, especialmente de Humanas. O movimento intelectual de esquerda conseguiu moldar os currículos universitários e afetou inclusive a filosofia dessas instituições. Como mostra o autor, o estrago não poupou quase ninguém, e há doutrinação em universidades grandes e pequenas, conhecidas ou menos renomadas, em todos os estados.

Todd Gitlin, ele mesmo um desses radicais analisados e autor de um livro sobre os anos revoltados da década de 1960, admitiu abertamente que a esquerda radical perdeu a batalha política, mas ganhou a cultural. Esses “professores” usurpam dos alunos o direito ao contraditório, não apresentam seus pontos de vista como suas interpretações sujeitas a questionamentos, mas sim como Verdades absolutas, de forma arbitrária.

E não estamos falando “apenas” de pontos de vista radicais, vendidos como Verdades inquestionáveis; também há casos – e não são poucos – de ações radicais, de ex-terroristas que ascenderam na hierarquia acadêmica sem um mínimo de condição intelectual, sem a devida produção acadêmica que fizesse jus aos cargos que ocupam. Trata-se claramente de um prêmio por ser radical, por ter combatido, literalmente, o capitalismo americano, tratado por eles como o grande Capeta do mundo.

Todo tipo de lixo pós-modernista ganha pontos entre esses acadêmicos, numa espécie de círculo vicioso. Alan Sokal desmascarou a turma quando enviou para uma revista especializada um texto sem sentido algum, repleto de passagens desconexas, com linguajar pedante, vago, do tipo que os filhotes da Escola de Frankfurt apreciam. Os “progressistas” aprovaram seu texto, claro. Somente depois ele revelou a farsa, para a fúria dos pares. Isso mostra bem como está o nível na academia.

Como retrato do sucesso da estratégia gramscista, pesquisas apontam que há de 5 a 9 vezes mais professores que se dizem de esquerda em relação aos que se dizem de direita. Há evidente discriminação no meio acadêmico contra conservadores. A estratégia de Gramsci era clara: ocupar os meios de produção cultural para a revolução pacífica e democrática rumo ao socialismo.

Marcuse seria outra peça importante nesse jogo de xadrez: seus escritos justificavam a repressão ao discurso conservador nas universidades, com a desculpa de que esses direitistas representavam o sistema opressor da classe dominante. No Brasil, Paulo Freire espalharia essa mesma ideia. O preconceito aberto contra os adversários ideológicos era, então, não só permitido, como incentivado.

Em vez de apresentar questões controversas como dilemas complexos, sem fáceis respostas, mostrar as diferentes perspectivas sobre o assunto, e deixar os alunos formarem suas opiniões por conta própria, esses “professores” enfiam goela abaixo dos jovens um mundo binário e simplista, demonizando seus adversários ideológicos e intimidando aqueles que tentam questionar tais dogmas.

Horowitz expõe inúmeros dados concretos sobre as ligações desses “professores” com grupos radicais marxistas, com movimentos revolucionários, com fundamentalistas islâmicos, etc. Esses discursos de ódio contra os Estados Unidos, Israel e o capitalismo são trazidos para dentro da sala de aula. Os Estados Unidos, que garantem sua ampla liberdade de expressão e cátedra, além de salários anuais muitas vezes de seis dígitos, são retratados como a nação mais racista, imperialista e tirânica do planeta.

Há, ainda, feminismo radical, banalização do sexo, racismo explícito contra brancos, antissemitismo criminoso, tudo isso dentro das salas de aula, por “professores” que gozam da estima dos pares e de forte influência nas instituições. Terroristas comunistas como Bill Ayers, que não se arrependem de seu passado, mas sim sentem orgulho dele, galgaram degraus acadêmicos e hoje decidem sobre a contratação de novos professores ou fazem eventos nas universidades para destilar seu ódio ao capitalismo. Vários justificam o atentado de 11 de setembro às torres gêmeas como uma reação legítima das vítimas do “imperialismo ianque”.

Ditadores como Fidel Castro, Mao Tse-Tung, Pol-Pot, Lenin e outros comunistas são defendidos, e seus regimes assassinos enaltecidos. Às vezes isso ocorre em matérias que nada têm a ver com o assunto, como no caso de literatura ou línguas. Tudo é um pretexto para impor a narrativa de luta de classes, de oprimidos e opressores, como se o homem branco ocidental cristão ou judeu fosse o maior vilão do mundo.

Esses “professores” fazem tudo isso impunes por covardia ou conivência dos reitores e de seus pares, mostrando o sucesso de sua guerra cultural. Eles não se enxergam como auxiliares na busca por conhecimento dos alunos, e sim como engenheiros sociais, como revolucionários cuja missão é “mudar fundamentalmente a sociedade”, usando como instrumento a sala de aula. Não são figuras excêntricas, casos isolados, mas parte de uma poderosa engrenagem que tem mudado a cara das universidades americanas.

Os problemas que o livro de Horowitz aponta – a introdução explícita de agendas políticas na sala de aula, a falta de profissionalismo na conduta, e a queda dos padrões de qualidade profissional – parecem estar se espalhando de forma acelerada pelo universo acadêmico, mesmo nos Estados Unidos. Todo tipo de instituição acaba tendo esses militantes infiltrados, causando enorme estrago de dentro dos portões. Os bárbaros nem sempre vêm de fora deles, afinal. E muitas vezes eles têm até doutorado…

Rodrigo Constantino

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