Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal
Se vivo fosse, Milton Friedman teria completado 105 anos nesta segunda. Este franzino economista foi reconhecidamente, inclusive por seus oponentes, um grande pensador e acadêmico, além de conselheiro de dois presidentes americanos. Porém, seu mais importante legado foi a desmistificação da ciência econômica, cujos princípios ele ensinou de forma magistral não só aos privilegiados alunos da Universidade de Chicago mas, principalmente, ao cidadão comum que, a exemplo deste escriba, teve a oportunidade de travar algum contato com seus livros, artigos, entrevistas e programas de TV.
A economia para Friedman não era uma ciência obscura, mas uma poderosa ferramenta analítica, que ele utilizava com extrema perícia. Falava com simplicidade, clareza e objetividade. Jamais se escondeu atrás de títulos acadêmicos nem precisou utilizar jargões ou linguagem hermética para explicar teorias e conceitos econômicos intrincados e muitas vezes contra intuitivos.
Seus argumentos em defesa da liberdade em geral e do livre mercado em particular não eram apenas intelectualmente poderosos, eram externados com perspicácia, fina ironia e acima de tudo respeito aos interlocutores. Embora fosse um obstinado guerreiro da liberdade, Friedman era um modelo de cordialidade, dotado de uma nobreza tal que, não raro, deixava sem palavras os seus adversários.
Seguem algumas frases famosas desse grande economista, que resumem as suas inúmeras lições:
O governo tem três funções principais. Deve providenciar a defesa militar da nação. Deve fazer cumprir contratos entre indivíduos. Deve proteger os cidadãos de crimes contra eles próprios ou seus bens.
Quando o governo – em nome de boas intenções – tenta reorganizar a economia, legislar a moralidade ou proteger interesses especiais, o resultado é a ineficiência, a falta de motivação e a perda de liberdade. O governo deve ser um árbitro, não um jogador ativo.
Subjacente à maioria dos argumentos contra o livre mercado, está a falta de crença na própria liberdade.
Se você colocar o governo federal para gerir o deserto do Saara, em 5 anos haverá escassez de areia.
A grande virtude de um sistema de livre mercado é que nele ninguém se importa com a cor das pessoas; Não se importa com a religião delas; Só o que importa é se elas podem produzir algo que você deseja comprar. É o sistema mais eficaz que descobrimos para permitir que pessoas que se odeiam se entendam e se ajudem mutuamente.
Uma sociedade que coloca a igualdade – no sentido de igualdade de resultados – antes da liberdade, acabará sem igualdade e sem liberdade. O uso da força para alcançar a igualdade destruirá a liberdade, e a força, introduzida para o bom propósito, acabará nas mãos das pessoas que a usam para promover seus próprios interesses.
O fato central mais importante sobre um mercado livre é que nenhuma troca ocorre, a menos que ambas as partes se beneficiem.
Muitas pessoas querem que o governo proteja o consumidor. Um problema muito mais urgente é proteger o consumidor do governo.
Ninguém gasta o dinheiro de outra pessoa tão cuidadosamente quanto gasta o seu. Então, se você quer eficiência e eficácia, se quiser que o conhecimento seja utilizado corretamente, você deve fazê-lo por meio da propriedade privada.
A liberdade política significa ausência de coerção de um homem por seus semelhantes. A ameaça fundamental à liberdade é o poder de coagir, seja nas mãos de um monarca, um ditador, uma oligarquia ou uma maioria momentânea. A preservação da liberdade exige a eliminação de tal poder na maior extensão possível, além da dispersão e distribuição de todo poder que não possa ser eliminado.
Uma lei de salário mínimo é, na realidade, uma lei que torna ilegal o empregador contratar uma pessoa com habilidades limitadas.
Um dos grandes erros é julgar políticas e programas por suas intenções, em vez de seus resultados.
O papel apropriado do governo é exatamente o que John Stuart Mill propôs em meados do século XIX… O papel apropriado do governo é proteger os indivíduos uns dos outros. O governo, ele disse, não tem o direito de interferir com um indivíduo para o bem desse indivíduo.
Eu diria que, neste mundo, a maior fonte de desigualdade tem sido os privilégios especiais concedidos pelo governo.
Nada é tão permanente quanto um programa de governo temporário.
Temos um sistema que cada vez mais tributa o trabalho e subsidia o não trabalho.
As drogas são uma tragédia para os adictos. Mas criminalizar seu uso converte essa tragédia em um desastre para a sociedade, para usuários e não usuários. Nossa experiência com a proibição de drogas é uma repetição da nossa experiência com a proibição de bebidas alcoólicas.
Eu sou favor de reduzir impostos sob qualquer circunstância, qualquer pretexto ou motivo, e sempre que possível.
Para o homem livre, o país é a coleção de indivíduos que o compõe, não algo além e acima deles. Ele se orgulha de uma herança comum e é fiel às tradições comuns. Mas ele considera o governo como um meio, uma ferramenta, não uma entidade concedente de favores e presentes, nem um senhor ou um deus a ser adorado e servido cegamente.
A combinação do poder econômico e político nas mesmas mãos é a receita certa para a tirania.
Fundamentalmente, existem apenas duas formas de coordenar as atividades econômicas de milhões de indivíduos. Uma é direção centralizada, envolvendo o uso da coerção – a técnica da força e do estado totalitário moderno. A outra é a cooperação voluntária dos indivíduos – a técnica do mercado.
A solução do governo para um problema geralmente é tão ruim quanto o problema.
Com algumas exceções notáveis, os empresários favorecem a livre iniciativa em geral, mas se opõem a ela quando se trata de si mesmos.
Sou a favor da legalização das drogas. De acordo com meus valores, se as pessoas querem se matar, eles têm todo o direito de fazê-lo. A maior parte do dano que vem das drogas é porque elas são ilegais.
A inflação é a única forma de tributação que pode ser imposta sem legislação.
Penso que uma das principais razões pelas quais os intelectuais tendem a se mover para o coletivismo é que a resposta coletivista é simples. Se houver algo errado, passe uma lei e faça algo sobre isso.
A história sugere que o capitalismo é uma condição necessária para a liberdade política. Claramente, não é uma condição suficiente.
Mesmo o ambientalista mais radical não quer eliminar a poluição. Se ele pensa sobre isso – e não apenas fala sobre isso -, ele quer limitar a poluição a uma certa quantidade. Nós não podemos realmente nos dar ao luxo de eliminá-la – não sem abandonar todos os benefícios da tecnologia que não só desfrutamos, mas de que dependemos.
A visão chave da Riqueza das Nações de Adam Smith é bastante simples: se uma troca entre duas partes é voluntária, isso não ocorrerá a não ser que ambas as partes acreditem que se beneficiarão disso.
A Grande Depressão, como a maioria dos outros períodos de desemprego severo, foi produzida pela má gestão do governo e não por qualquer instabilidade inerente da economia privada.
Se a liberdade não fosse tão economicamente eficiente, certamente não teria chance.
A inflação é sempre e em todos os lugares um fenômeno monetário, no sentido de que é e pode ser produzida apenas por um aumento mais rápido da quantidade de dinheiro do que da produção. … Uma taxa constante de crescimento monetário em um nível moderado pode fornecer um quadro sob o qual um país pode ter pouca inflação e muito crescimento. Não produzirá a estabilidade perfeita; Não produzirá o céu na terra; Mas pode contribuir de forma importante para uma sociedade econômica estável.
Somente o governo pode pegar um papel perfeitamente bom, cobri-lo com tinta perfeitamente boa e tornar a combinação sem valor.
Como vivemos em uma sociedade em grande parte livre, tendemos a esquecer o quão limitado é o período de tempo e a parte do globo para o qual existe alguma coisa como liberdade política: o estado típico da humanidade é a tirania, a servidão e a miséria.
Existem limites severos para o bem que o governo pode fazer pela economia, mas quase não há limites para os danos que pode causar.
A Grande Depressão nos Estados Unidos foi causada – e não digo apenas causada, foi enormemente intensificada e muito pior do que teria sido pela má política monetária.
A grande virtude da livre iniciativa é obrigar as empresas existentes a atenderem as demandas do mercado de forma contínua, produzindo produtos que atendam aos gostos dos consumidores com o menor custo possível, sob o risco de serem eliminadas pelo mercado. É um sistema de lucros e perdas. Naturalmente, as empresas existentes geralmente preferirão vencer a concorrência de outras maneiras. É por isso que a comunidade empresarial, apesar de sua retórica, sempre foi uma grande inimiga do verdadeiro livre mercado.
Reduzir os gastos e a intervenção do governo na economia quase certamente implicará uma perda imediata de curto prazo para poucos, e um ganho de longo prazo para todos.
Como é que pessoas pensantes podem acreditar que o governo – que não consegue gerir decentemente nem uma empresa de correio – possa fornecer gasolina e energia mais eficientemente do que a Exxon, a Mobil, a Texaco, a Gulf e outras?
Uma das razões pelas quais eu sou a favor de menos governo é porque, quanto mais governo tivermos, mais as grandes corporações irão assumi-lo.
Se você paga as pessoas para não trabalhar…, não se surpreenda se você obtiver desemprego.
Os economistas podem não saber muito. Mas conhecemos uma coisa muito bem: como produzir excedentes e escassez. Você quer um excedente? O governo legisla um preço mínimo acima do preço que, de outra forma, prevaleceria. É o que fizemos em um momento ou outro para produzir excedentes de trigo, de açúcar, de manteiga, de muitas outras commodities. Você quer escassez? O governo legisla um preço máximo, abaixo do preço que de outra forma prevaleceria.
A principal base para a minha oposição à proibição da maconha não foi o fato de que isso não funcionou, o fato de ter produzido muito mais mal do que bem – foi principalmente por uma razão moral: acho que o estado tem tanto direito de me dizer o que colocar na minha boca, quanto tem para me dizer o que dela pode sair.
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