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Após críticas à indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo para que os apoiadores apaguem comentários negativos e “deem uma chance” para ele. 

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O presidente justificou que “não basta apenas alguém que combata a corrupção” para a escolha do substituto de Raquel Dodge, mas também é preciso ter um alinhamento com o governo em questões ambientais, econômicos e de comportamento.

“Peço a vocês, vá no Facebook, você fez um comentário pesado, retira. Dá uma chance para mim. Você acha que eu quero colocar alguém lá (na PGR) para atrapalhar a vida de vocês? Não é”, disse Bolsonaro em transmissão ao vivo na rede social. 

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Ele demonstrou incômodo com a repercussão negativa e afirmou que pelo menos 20% dos comentários em suas redes socais nas últimas horas são contra a indicação de Aras. Ele disse que vai evitar acompanhar os comentários daqui para frente.

“Pessoal que votou em mim, tem pelos menos 20% falando que acabou a esperança dele, que vai votar no (Sérgio) Moro em 2022. Pessoal, atire a primeira pedra quem não cometeu um pecado. Eu tinha que escolher um nome”, justificou.

Bolsonaro disse, ainda, que sua convivência com apoiadores ficará ruim se “continuarem atirando”. “Eu devo lealdade ao povo, mas não é essa lealdade cega”, afirmou o presidente.

Antes que algum bolsonarista questione a fonte, acusando a “extrema-imprensa”, é bom lembrar que esses trechos saíram da “live” que o presidente fez, ou seja, estão em vídeo dele mesmo. Resta, portanto, analisar o que foi dito.

Em primeiro lugar, chama a atenção o mimimi do presidente. É curioso vindo de quem ajuda a promover uma militância raivosa nas redes sociais, que passa o dia atacando, xingando, intimidando e detonando adversários e críticos, tratados como inimigos mortais.

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Uma das imagens que os bolsonaristas mais gostam de espalhar é justamente a de um bebê chorão, sempre que alguém reclama de algo no comportamento da turma. Eduardo Bolsonaro mesmo lançou mão dessa tática comigo, para não ter que admitir que mentiu sobre meu passado profissional:

Ironia das ironias, portanto, que o próprio Bolsonaro não tenha casca mais grossa para suportar críticas em redes sociais. Michele Prado, que compra briga com os fanáticos bolsonaristas faz tempo, e atura todo tipo de ataque chulo, desabafou: “O presidente não foi atacado por nem 1/100 do que a militância dele faz com quem critica e mesmo assim não aguentou o tranco e pediu pros bolsonaristas apagarem os comentários. Sou mais forte que o PR pois aguento Bolsoviques me xingando todos os dias, o dia todo. Frouxo”.

O outro ponto interessante da fala do presidente é a ilusão de que foram apenas 20% que o criticaram. Foi muito mais! Houve um racha mesmo na base. Vários influenciadores digitais jogaram a toalha, disseram estar decepcionados. Mas Bolsonaro sempre ignora dados, pesquisas, enquetes, quando vão contra ele. É o caso com a indicação de Eduardo para a embaixada americana: 70% rejeitam, diz o Datafolha, ridicularizado pelo presidente, e diz também a enquete que fiz com meu público. Melhor atirar no mensageiro e negar a mensagem, não é mesmo?

Por fim, é reveladora a confissão que Bolsonaro faz sobre lealdade ao povo. Não é essa “lealdade cega”, disse. Ou seja, primeiro vem sua família! Diante dessa revelação, resta saber que tipo de doença mental, carência afetiva ou interesse financeiro faz com que do outro lado alguém do povo tenha uma lealdade cega ao presidente…

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Rodrigo Constantino