Como já de praxe, todo final de ano divulgo as minhas leituras daquele ano corrente, pois sei que muitos leitores gostam das recomendações. Sem mais delongas, portanto, vamos lá, em ordem cronológica:
1. Elon Musk: Tesla, SpaceX, and the Quest for a Fantastic Future – Ashlee Vance
Biografia muito interessante desse incrível empreendedor, um tanto ousado, sonhador, e que já deixou seu legado no mundo da tecnologia. Usei como base de um capítulo para meu novo livro Brasileiro é otário? – O alto custo da nossa malandragem, em que comparo a estima da qual gozam os empreendedores bem-sucedidos aqui nos Estados Unidos com o desprezo que eles recebem do típico brasileiro invejoso, que olha para toda riqueza como fruto de uma exploração. Excelente leitura!
2. O outro lado do feminismo – Suzanne Venker & Phyllis Schlafly
Lançado pela editora Simonen, do meu xará e a mesma que lançou meu primeiro livrinho de ficção, Panaceia, trata-se de um livro fundamental para quem quer conhecer o outro lado do feminismo, ou seja, para quem está cansado de uma mensagem raivosa e de ódio que tenta segregar os casais em vez de enxergá-los como complementares. Uma ode ao papel feminino na família. Leitura imperdível!
3. O liberalismo antigo e moderno – José Guilherme Merquior
Excelente livro para quem quer conhecer melhor a trajetória do liberalismo, ou melhor, dos liberalismos, já que não se trata de algo monolítico, e sim de várias tendências dentro do que se pode chamar de movimento liberal. Usei como base para uma aula do meu curso “Civilização em declínio“, onde mostro a mudança que ocorreu dentro do liberalismo. Os interessados podem aprender mais também no curso “Trajetória das ideias liberais“. Escrevi também esta resenha para o blog. Não deixem de ler esse livro!
4. On Inequality – Harry Frankfurt
Sugestão de João Pereira Coutinho é leitura obrigatória, sempre. Quando li em sua coluna sobre esse livrinho, fui imediatamente comprá-lo. Em uma época em que tantos falam tanto das “desigualdades”, em que Piketty virou celebridade, é fundamental lembrar que os seres humanos são diferentes em suas habilidades, inteligência, esforços e sorte, e que, portanto, seremos sempre desiguais nos resultados. Aqui falo com maior profundidade sobre o assunto, mas recomendo o livro a todos.
5. Comunidade Progresso – João César de Melo
O livro do artista plástico e colunista do Instituto Liberal, João César de Melo, é uma distopia ambientada num condomínio que muito se parece com um país chamado Brasil, sob o comando do PT. Li o livro para escrever seu prefácio. Por meio de crowdfunding, foi lançado pela Simonsen também. Eu me diverti muito com a leitura, e recomendo!
6. Time to get tough – Donald Trump
Todos falando tanto sobre Trump na época das primárias, mas com conhecimento tão parco sobre suas ideias, que resolvi ler um de seus livros. Em que pese o tom mercantilista, trata-se de uma defesa do livre mercado, do lucro, dos valores americanos e com muitos elogios a Ronald Reagan. Essa leitura me ajudou a ver um Trump diferente daquele pintado pela grande imprensa, o que serviu para uma análise mais independente minha. Ainda bem: a imprensa se mostrou totalmente torcedora e enviesada, atacando o magnata com rótulos vazios sem mergulhar mais em suas propostas.
7. White Girl Bleed a Lot – Colin Flaherty
O racismo reverso, triste realidade de nossos tempos politicamente corretos. Movimentos como o Black Lives Matter destilam ódio por aí, mas são tratados como legítimos pelos covardes, já que morrem de medo de serem acusados de “racistas”. Esse livro é fundamental para quem quer conhecer um pouco mais dos bastidores desses movimentos, do comportamento de gueto e da violência praticada em nome do “combate ao racismo”, que tem transformado o homem branco num pária, num alvo fácil para todo aquele que quer dar vazão aos seus instintos assassinos. Escrevi mais sobre essa “violência racial” aqui.
8. The Revolt of the Elites and the Betrayal of Democracy – Christopher Lasch
Que livro! Demorei muito a ler esse clássico, mas valeu a pena. No artigo acima, sobre a “violência racial”, já consta muita coisa que extraí desse famoso livro de Lasch, que retrata a decadência de nossos valores, não como coisa do “povão”, mas como obra da própria elite. O próprio termo elite ser tão pejorativo hoje comprova o estrago feito por essa gente. Fiz uma resenha do livro, que considero leitura obrigatória para quem quer entender o mundo moderno.
9. Scandinavian Unexceptionalism – Nima Sanandaji
O mito escandinavo: eterno refúgio da esquerda, das viúvas do socialismo, que se apegam ao “socialismo que deu certo”. Mesmo? Esse pequeno livro derruba tais falácias. Já escrevi alguns artigos sobre o tema, que julgo bastante relevante, pois a estratégia dos esquerdistas tem sido usar o modelo escandinavo como exemplo a ser seguido, num misto de ignorância com má-fé. Eis a resenha aqui.
10. New Zealand’s Far-Reaching Reforms – Bill Frezza
Se o caso escandinavo serve para muita desinformação na venda das ideias socialistas, o caso da Nova Zelândia é pouco usado pelos liberais, mas se trata de um incrível “case” de sucesso das reformas que defendemos. E o mais interessante: elas partiram de um esquerdista! O livro deve ser lido por todos, principalmente pelos defensores do liberalismo, para que possam ter argumentos embasados nos debates. Aqui e aqui há bons artigos sobre o pequeno e distante país que enriqueceu graças ao liberalismo.
11. The Decline and Fall of California – Victor Davis Hanson
Desde quando li Por que o Ocidente venceu, do mesmo autor, fiquei seu fã. Nesse livrinho, Hanson descasca a elite “progressista” do estado mais “progressista” americano, que viu, por isso mesmo, sua dívida pública sair de controle enquanto os preços da energia levavam os mais pobres a buscar refúgio nas lojas do Wal-Mart durante o verão infernal. A Califórnia retrata com perfeição o abismo que se abriu entre a elite e o povo, aquela na bolha e este sofrendo as consequências dessas ideias esquerdistas. Quer entender o fenômeno Trump? Eis uma boa leitura!
12. Que horas ela vai? – Guilherme Fiúza
Os artigos de Fiúza no GLOBO são imperdíveis, sempre recheados de ironia. Nesse pequeno livro, o jornalista detona a “presidenta”, mostrando no processo como o povo brasileiro viveu em sonambulismo durante essa fase sombria. Como deixamos a coisa chegar a esse ponto?
13. Leftism – Erik von Ritter
Não conhecia nada desse autor, mas é um livro e tanto, denso, às vezes cansativo de ler, mas com muitos insights interessantes. Ele dá destaque ao aspecto cultural do avanço esquerdista, o que tem sido negligenciado por muitos liberais, infelizmente. Eis a resenha que escrevi.
14. Minha querida Sputnik – Haruki Murakami
Eu gosto de Murakami, um dos mais importantes escritores japoneses da atualidade. Mas entendo que é questão de gosto mesmo: seu estilo não agrada a todos. Viagens surreais com pitadas de detalhes marcantes, com marcas em abundância que chegam a parecer jabá dentro das páginas, não é da preferência de todo mundo. Mas eu adorei 1Q84, e devorei os três volumes rapidamente. Depois li diversos outros livros do mesmo autor, e gostei de todos, de sua sensibilidade e desse estilo oriental recluso, introspectivo. Nesse livro, um amor platônico e homossexual serve de pano de fundo. Gostei também!
15. Polígono das secas – Diogo Mainardi
Eu já tinha lido Contra o Brasil do Mainardi, o único de ficção, pois conheço melhor seus textos e livros de não-ficção. Gostei desse, como daquele. Bem ao estilo Mainardi, seco, irônico, direto, pessimista, taciturno. Quanta desgraça pode um sujeito sofrer por conta das superstições? O livro parece tão absurdo que saímos com sensação de alívio, resignados com qualquer infortúnio em nossas vidas maravilhosas perto daquelas descritas na história.
16. Juventude – Joseph Conrad
Não é Coração das Trevas, clássico dos clássicos, mas é um livrinho fascinante, com as aventuras de um jovem marinheiro, que nos mostra bem como os mais jovens são forjados pela vida, que lhes destrói aos poucos cada sonho utópico. Mas a vitalidade da juventude suporta. Aliás, só mesmo ela, pois a experiência pode nos tornar mais cínicos e desiludidos, o que é perigoso sem essa determinação quase inconsequente dos jovens, que se julgam imortais e são alimentados pela megalomania.
17. Believe and Destroy: Intellectuals in the SS war machine – Christian Ingrao
O nacional-socialismo foi monstruoso, sem dúvida, como foi o comunismo. Mas eis o mais instigante e assustador: tais ideologias foram paridas por e seduziram muitos intelectuais! Não foi coisa de ignorante, mas da elite pensante. Esse livro mostra como as ideias podem ser perigosas, quando justificam o ressentimento, o rancor e as fantasias de muitos. Eis minha resenha. Entender esse fenômeno é crucial para nunca mais repeti-lo.
18. Less than Human – David Livingstone Smith
Falei do nazismo acima, e uma das coisas que o tornaram possível foi justamente a desumanização dos judeus pelos intelectuais nazistas. Quando passamos a considerar seres humanos como animais, vermes, ratos, eis onde mora o grande perigo. Nesse livro, vemos que a coisa vem de longe, e como é difícil resistir à tentação diante de nossos inimigos. Aqui está minha resenha, e acho que todos deveriam ler o livro.
19. The Crusades – Abigail Archer
Em tempos em que o único preconceito tolerável é contra cristãos, e o Islã é retratado como “religião da paz” enquanto o cristianismo é descrito como um legado de violência, esse livro sobre as Cruzadas pode colocar alguns pingos nos is. Trata-se de um ótimo resumo. Na minha resenha, decidi dar destaque maior as aspecto do surgimento do cavalheirismo medieval. Mostrando o outro lado podemos reverter um pouco desse preconceito com aquela época e aqueles corajosos cristãos que ajudaram a construir e defender o legado ocidental.
20. A Imaginação Totalitária – Francisco Razzo
Livro de estreia do filósofo Razzo, que tenho muito orgulho de ter ajudado a chegar à editora Record. Trata-se de uma leitura fantástica, pois mescla confissões autobiográficas corajosas com pensamentos abstratos, tudo regado a muita citação parruda. Expõe os perigos enormes da política quando esta se torna uma substituta das religiões, eivada de utopia. Quando isso ocorre, nasce o totalitarismo que justifica a “violência redentora”. Segue minha resenha. Leitura obrigatória para quem quer entender os riscos desses mascarados que depredam tudo em nome da “justiça”.
21. Do Comunismo: O destino de uma religião política – Vladimir Tismăneanu
E qual o melhor exemplo de uma religião política totalitária senão o comunismo? Esse livro trata exatamente disso, mostrando o fanatismo dessa seita assassina. Como já li muita coisa sobre o comunismo, não foi uma grande descoberta o que encontrei nessas páginas, mas é sem dúvida um ótimo resumo dessa ideologia nefasta. A leitura me rendeu alguns textos, como esse sobre a seita comunista e esse sobre o caso particular da Guerra Civil Espanhola.
22. Women in the Middle Ages – Joseph & Frances Gies
Voltando ao preconceito contra o cristianismo e a Idade Média, esse livro histórico mostra fatos sobre como viviam as mulheres nesse período, e a visão feminista que retrata o passado ocidental como um acúmulo de exploração das mulheres pelos homens cai feito um castelo de cartas. É no mínimo curioso ver essas feministas com tanto ódio do legado ocidental ao mesmo tempo em que tentam relativizar o presente islâmico. Eis aqui minha resenha.
23. Two Murders in My Double Life – Josef Skvorecky
Não tinha lido nada do autor ainda, e gostei muito. Uma história interessante de um professor que vive em duas situações bem distintas, uma em seu país, a República Checa, após a queda do regime comunista e tudo o que isso envolveu de traições, mentiras e crimes, e outra no Canadá, onde buscou asilo. Tudo isso atravessado pela desgraça que cai sobre sua esposa, acusada de ter colaborado com o regime comunista de forma injusta. Um baita romance!
24. Defeating Jihad – Dr. Sebastian Gorka
Quer saber como podemos derrotar o radicalismo islâmico? Então o Dr. Gorka oferece uma ótima analogia com a Guerra Fria e como o Ocidente livre derrotou o comunismo. É preciso atacar a ideia acima de tudo. Gravei um vídeo sobre o livro, e recomendo a leitura.
25. Zeno’s Conscience – Italo Svevo
Quem poderia dizer que o hábito de fumar e o desejo de interrompê-lo poderiam ser tão marcantes numa vida? Esse romance psicanalítico coloca o narrador em seu divã virtual, abrindo suas obsessões e angústias para nós, leitores, com uma coragem raramente vista. Em sua “livre associação de ideias”, num fluxo incessante de lembranças, o autor nos leva pela vida burguesa em Trieste, pela tênue linha que divide a sanidade da loucura, e faz isso com pitadas de humor. Não é um livro fácil, mas gostei e recomendo.
26. The War on Cops – Heather Mac Donald
Atacar a polícia é o hobby predileto da esquerda. E não só no Brasil! Nos Estados Unidos há um esforço crescente dos “progressistas” para retratar toda a força policial como racista, o que vem minando sua capacidade de cumprir suas funções de garantir a lei e a ordem. O livro é excelente e mostra com muitos dados como já estamos em estágio avançado dessa propaganda contra os policiais, coisa que um PSOL é mestre no Brasil. Eis minha resenha e outro artigo com base nas estatísticas do livro.
27. The Myth of Meritocracy – James Bloodworth
Considero importante entrar em contato com ideias das quais divergimos também, seja para reforçar as nossas, seja para mudá-las se for o caso. É uma questão de honestidade intelectual. Li, portanto, esse livro de um jornalista inglês de esquerda que tenta derrubar o “mito” da meritocracia. Ele apresenta dados interessantes sobre como a elite tem se mantido no poder com baixa mobilidade social em seu país, mas erra, em minha opinião, no diagnóstico das causas e, por tabela, na receita. Escrevi uma resenha crítica no blog.
28. Um estudo em vermelho – Sir Arthur Conan Doyle
Estava no aeroporto aguardando o voo, já tinha terminado o livro que levara, e acabei comprando esse antes de embarcar. Tinha lido quando era muito novo. Devorei no avião mesmo. As histórias de Sherlock Holmes são sempre fascinantes. É puro entretenimento.
29. A utilidade do inútil: um manifesto – Nuccio Ordine
Na linha do contato com ideias das quais divergimos, li esse manifesto do italiano de esquerda contra a mercantilização da vida, a obsessão com a produtividade, o excessivo pragmatismo daqueles que só pensam nas coisas “úteis”, ignorando tudo aquilo que é “inútil”, mas dá sentido às nossas vidas. Discordei de muitas coisas, concordei com tantas outras, e recomendo a leitura, com a ressalva de que seu ataque ao capitalismo é desmedido, típico dos intelectuais socialistas que erram o alvo quando querem tecer críticas legítimas ao mundo como ele é. Eis minha resenha.
30. Admirable Evasions – Theodore Dalrymple
Todo ano tem que ter algum livro do psiquiatra britânico, uma das maiores influências em meu pensamento. Nesse, ele ataca as fugas da realidade por todo tipo de blábláblá psicológico, inclusive pelas teorias psicanalíticas. Na era do mimimi e do vitimismo, em que os indivíduos acabam isentos de responsabilidade por seus próprios atos, o que leva a uma degradação moral perigosa, esse livro se torna fundamental. Como, aliás, todos do autor. Eis minha resenha.
31. Filosofia para Corajosos – Luiz Felipe Pondé
Ler as colunas e os livros do filósofo Pondé é sempre a garantia de boas reflexões. Não perco uma coluna às segundas-feiras na Folha, e li todos os seus livros. Nesse, o autor mostra como a filosofia é coisa séria, o oposto de autoajuda (que só costuma ajudar o próprio autor, como diz o nome), e que exige coragem para se enfrentar os próprios demônios, flertar com o niilismo e sair dele mais forte depois. Gravei um vídeo como resenha do livro, que recomendo.
32. My Brilliant Friend – Elena Ferrante
33. The Story of a New Name – Elena Ferrante
34. Those who leave and those who stay – Elena Ferrante
35. The Story of the Lost Child – Elena Ferrante
36. Troubling Love – Elena Ferrante
37. Dias de abandono – Elena Ferrante
A grande descoberta literária de 2016 foi sem dúvida a italiana Elena Ferrante. Como o leitor pode perceber, fiquei vidrado em seu estilo, seu poder narrativo, suas histórias fascinantes. Os quatro primeiros compõem a novela napolitana que tornou a autora mundialmente famosa, apesar de se tratar de um pseudônimo, pois ela lutava para manter sua verdadeira identidade no anonimato, o que foi estragado por um jornalista investigativo que descobriu quem era a misteriosa Elena. Não importa. O que passei a adorar foi sua imaginação, não seu passado real. É leitura viciante. A autora mergulha nos próprios sentimentos, encara seus demônios, e o resultado é uma história que prende do começo ao fim. Obrigado, “Elena”, pelos momentos de grande prazer ao acompanhar as vidas de Lila e Lilu.
38. Trópicos Utópicos – Eduardo Giannetti
Li todos os livros de Giannetti, sempre muito interessantes. Não seria diferente nesse último, apesar de o autor ter claramente se aproximado mais do esquerdismo nos últimos anos. Acho que ele foi mais influenciado por Marina Silva do que o contrário, infelizmente. Encarei esse livro como uma espécie de contraponto ao meu Brasileiro é otário? – O alto custo da nossa malandragem, lançado também este ano. Enquanto eu faço uma ácida crítica ao jeitinho brasileiro, Giannetti parece enaltecer de alguma forma nosso legado mais emotivo, mais tribal, mais rousseauniano. Escrevi uma resenha crítica ao livro.
39. The Low Countries: A History – Anthony Bailey
Uma breve história dos Países Baixos desde suas origens. Achei que encontraria insights mais interessantes, mas não foi bem o caso. Leitura um pouco cansativa, que não chegou a agregar tanto conhecimento. Esse pode ser pulado sem maiores danos.
40. About Education – C.E.M. Joad
Como muitos sabem, escrevi um livro com Miguel Nagib, da ONG Escola Sem Partido, que está em fase de edição e será lançado em 2017, provavelmente no primeiro trimestre. Por isso acabei lendo bastante coisa sobre educação. Esse é um livro de sebo de um importante pensador britânico, de esquerda, que teve influência nos rumos do modelo educacional de seu país. Não gostei muito, e usei alguns trechos para mostrar justamente como a esquerda enxerga a escola como uma máquina de doutrinação ideológica, para construir o “novo homem” em vez de transmitir conhecimento de fato.
41. Nutshell – Ian McEwan
Como não gostar de um livro em que o narrador é um feto dentro da barriga da mãe, e a história é a de Hamlet adaptada para os dias atuais na Inglaterra? O narrador está enclausurado, acompanhando a trama toda da mãe com o próprio tio para liquidar o pai e ficar com a herança. Uma leitura bastante divertida e, ao mesmo tempo, profunda acerca da condição humana. Imperdível.
42. Educação para a Democracia – Dom Lourenço de Almdeida Prado
Como disse, li muito sobre o tema educação para meu próximo livro. E se o outro não agregou muito, esse foi espetacular. O segundo que li do autor, que foi reitor no prestigiado Colégio São Bento, o melhor do Rio e um dos melhores do Brasil. Dom Lourenço tinha uma mente brilhante, uma bagagem cultural incrível, uma escrita deliciosa e uma visão de mundo cristã que nos faz falta hoje. Usei muitas passagens no meu próprio livro. Portanto, mais não digo. Mas no meu blog há vários artigos com base nos dois livros do autor.
43. The Bed of Procrustes – Nassim Nocholas Taleb
Considero Nassim Taleb um dos grandes pensadores modernos, e li seus outros livros, sempre instigantes. Esse é uma coletânea de aforismos que, como todo bom aforismo, concentra profunda sabedoria em poucas palavras. O poder da síntese! Como fio condutor das diferentes máximas temos a mania humana de tentar encaixar a realidade em nossas teorias, e não o contrário. Mentalidade tipicamente utópica. O livro rendeu uma resenha como coluna na IstoÉ.
44. Cinco Esquinas – Mario Vargas Llosa
Deve ser o décimo romance que leio do autor, além de outros de não-ficção em que defende o liberalismo e ataca justamente o pensamento utópico. Suas histórias são sempre interessantes, e até hoje penso no personagem Dom Rigoberto, extremamente marcante (e um tanto autobiográfico, eu diria). O novo livro do Prêmio Nobel de Literatura não tem a mesma vitalidade dos anteriores, mas, ainda assim, é muito bom. Tem sua marca registrada, que são pitadas sacanas, e tudo ambientado no Peru dos anos de Fujemori. Uma vingança, portanto, por ter perdido as eleições presidenciais para aquele que se mostrou autoritário e corrupto depois. Uma boa história, uma narrativa que prende.
45. Fora da Curva – Vários autores
O resumo de estilos de gestão de dez grandes investidores brasileiros, dois dos quais tive o prazer de ter como chefes em meus anos de mercado financeiro. Não há receitas milagrosas para o enriquecimento, como era de esperar de gente séria. Mas é um bom livro para quem tem interesse na área. Ainda escreverei uma resenha, quando lançar meu novo curso sobre o assunto.
46. Belgravia – Julian Fellowes
Do autor de “Downton Abbey”, só poderia esperar isso: beleza, refinamento, elegância. Em abstinência pelo fim da série, que adorei, fui ler o livro, que se passa na Inglaterra vitoriana. Intrigas, ambição, amor, está tudo lá, numa história fascinante de um filho bastardo que finalmente descobre sua origem nobre. Recomendo muito, especialmente aos que gostaram da série com a Lady Mary.
47. The Transparency Society – Byung-Chul Han
Novamente: dica de João Pereira Coutinho é logo transformada em leitura obrigatória. Nesse pequeno livro, o filósofo coreano que vive na Alemanha descreve nossa obsessão com a transparência, o que tem colocado em perigo um grande valor liberal: a privacidade. Aqui está minha resenha, e acho muito importante a leitura do livro.
48. O império do oprimido – Guilherme Fiuza
Como me diverti lendo esse romance do meu amigo Fiuza! Qualquer incrível semelhança com o Brasil do PT não é mera coincidência. O autor entrou na mente dos safados que usam o discurso da “justiça social” para roubar e concentrar poder, e fez isso com uma história bem criativa, tendo como personagem principal Luana, a filha de um empresário ricaço que acaba seduzida pelos embusteiros de esquerda. Nada como a força dos “oprimidos”, porém, e Luana vai descobrir onde se meteu depois. Será tarde demais? Como ela poderá expiar seus pecados, vingar sua família destroçada pelos bandidos? Escrevi na coluna da Gazeta do Povo uma resenha, e recomendo a leitura a todos.
49. The New Vichy Syndrome – Theodore Dalrymple
Olha ele aí novamente! Dessa vez Dalrymple faz uma ótima análise de como a Europa chegou aqui, refém do politicamente correto, do islamismo, acovardada, com medo de reagir e defender seu legado, simplesmente o da civilização mais avançada que já tivemos. Aqui vai a resenha.
50. Entre o monstro e o santo – Richard Holloway
A eterna dicotomia do Bem e do Mal, muitas vezes dentro de nós mesmos. Um tratado sobre a condição humana, escrito por um bispo de Edimburgo, na Escócia, da ala “progressista” de sua religião. Posso não concordar com tudo, mas achei a leitura bem enriquecedora e recomendo. Eis minha resenha.
51. Filho de Deus – Cormac McCarthy
O primeiro livro que leio do autor, sempre cotado para Prêmio Nobel ao lado de Philip Roth (desse já li vários livros). O personagem Lester Ballard é monstruoso e humano ao mesmo tempo, repulsivo e digno de pena simultaneamente. E eis o poder da narrativa concisa de McCarthy: nos faz lembrar que nada do que é humano nos é estranho. Sim, até Hitler foi humano, como os milhões de nazistas que resolveram segui-lo em sua empreitada monstruosa. O leitor sai impactado da leitura. Não dá para ficar indiferente.
52. Como ser um conservador – Roger Scruton
Grande Scruton! Sempre uma leitura que agrega muito, desse que é o ícone do que chamo de “conservadores de boa estirpe”. De tanta coisa interessante, resolvi publicar vários trechos do livro em forma de textos independentes, em vez de escrever eu mesmo uma resenha. Tive, assim, o papel só de editor mesmo, de pinçar as passagens que considerei mais relevantes. Eis os artigos:
EM DEFESA DO ESTADO-NAÇÃO (E COMO A UNIÃO EUROPEIA E O ISLÃ O AMEAÇAM)
A CRISE DO INTERNACIONALISMO: O CASO EUROPEU. OU: UMA DEFESA CONSERVADORA DAS NAÇÕES
OS MÉRITOS DO LIBERALISMO E A TENTATIVA DE DESVIRTUÁ-LO COM OS “DIREITOS HUMANOS”
CAPITALISMO: SUAS VANTAGENS E SEUS LIMITES
AS FALÁCIAS SOCIALISTAS, A “CLASSE DO ÓCIO” E A IDEALIZAÇÃO DA INVEJA
53. Envy – Joseph Epstein
Mais uma dica de Coutinho! De uma coleção nova sobre os 7 pecados capitais, esse livrinho condensa o principal sobre aquele que talvez seja o mais perigoso de todos, pois insidioso: a inveja. Ainda não escrevi a resenha, o que pretendo fazer em breve. Mas trata-se de ótima introdução ao assunto. Quem tem interesse em se aprofundar no tema, recomendo também o livro sobre a inveja de Helmut Schoeck, bastante citado pelo próprio autor e que li faz alguns anos. A invidia corrói a alma, e o que é o socialismo senão a idealização da inveja?
54. Cristianismo puro e simples – C.S. Lewis
Nada como fechar um ano rico de leitura com esse clássico, bem perto do Natal. Lews fez várias palestras radiofônicas durante a Segunda Guerra para injetar ânimo e sentido no povo britânico, e elas deram origem a esse livro. Uma defesa racional da existência de Deus e da verdade do cristianismo, com forte poder persuasivo. Mesmo que o leitor não saia convencido, continue cético, descrente ou mesmo ateu, não terá perdido seu tempo. As reflexões que instiga são ótimas e fundamental para uma “vida examinada”, como queria Sócrates.
Para quem quiser ver o vídeo que fiz comentando algumas dessas leituras (aquelas em livros físicos), aqui está:
Fecho por aqui as leituras de 2016, e que venham logo as de 2017, pois a lista de espera só faz crescer, assim como a angústia: é tanta coisa boa que pretendo ler ainda…
Rodrigo Constantino
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