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Que tem cada vez mais esquerdista “amando” animais porque odeiam seres humanos é um fato facilmente observável. Dediquei um espaço razoável em Esquerda Caviar a essa misantropia “progressista”, de gente que adora o planeta ou os bichos, mas não suporta o homem.

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Às vezes esse fanatismo é apenas fruto de um vazio espiritual, ou da pura falta do que fazer mesmo. Essa opção vem à mente quando lemos coisas como esta, de um grupo de “direitos animais” lutando para abolir certas expressões da nossa fala:

A organização sem fins lucrativos pelos direitos dos animais publicou um gráfico simples no Twitter em um esforço para ajudar as pessoas a “remover o especismo [preconceito contra espécies] de suas conversas diárias”. 

Não diga “matei dois coelhos com uma só cajadada”, aconselhou o grupo. Em vez disso, tente “alimentar dois coelhos com uma só cenoura”. 

Não “seja a cobaia”. Seja… o tubo de ensaio. 

“As palavras importam, e à medida que nossa compreensão da justiça social evolui, nossa linguagem evolui junto com ela”, afirmou o grupo, que tem uma história de campanhas provocativas. 

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A visão estética e romântica de mundo dessa turma chega a ser quase comovente. Se mudarmos as palavras, eles acreditam, tudo mais mudará, inclusive a natureza humana. Seremos todos uns pacifistas acariciadores de ursos. É o resultado de muito filme da Disney, será?

Mas se essa baboseira da PETA parece inofensiva, o que dizer desse texto publicado no NYT, com cores bem carregadas na misantropia? Todd May questiona se seria mesmo tão ruim a extinção de nossa espécie, que estaria com os dias contados porque maltrata demais o planeta e demais animais.

O autor acha que poderia ser uma tragédia o fim da nossa espécie, mas que também poderia ser uma coisa boa. A humanidade está cometendo um mal, alega, mas ainda assim podemos ser simpáticos ao bicho homem. Ele não chega a ser tão simpático assim, apesar de tratar nossa espécie com certa comiseração, olhando lá de cima. Eis o que ele acusa o homem de ser: “A humanidade, então, é a fonte de devastação da vida de animais conscientes em uma escala que é difícil de compreender”. Somos pragas terríveis!

Ele até reconhece, vejam só!, que a natureza não é exatamente um Valhalla, ou um parque de diversões em que animais se juntam para cantarolar “Imagine”. Ele sabe que animais comem animais. Mas nada se compara ao homem, esse ser medonho que surgiu só para devastar e destruir. Eis como conclui sua questão inicial, ele que é professor de filosofia:

Pode bem ser, então, que a extinção da humanidade tornaria o mundo melhor e ainda assim seria uma tragédia. Eu não quero dizer isso com certeza, já que o problema é bastante complexo. Mas certamente parece uma possibilidade viva, e isso por si só me perturba.

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O que me perturba é ver professores de filosofia destilando misantropia por aí, sendo publicados pelos veículos “progressistas” como o NYT. O ataque à espécie humana dos “progressistas” costuma misturar dois ingredientes: os críticos se colocam acima dos reles mortais, como se nós fôssemos terríveis e eles não, pois possuem “consciência ecológica” e combatem o “especismo”; e, ao mesmo tempo que essa postura lhes garante a sensação de superioridade moral, no fundo o que acontece é uma projeção de seu desprezo próprio, ou seja, cospem na humanidade porque sabem que aquilo que enxergam no espelho é mesmo podre, e estendem esse sentimento a todos.

Pode parecer paradoxal, mas é essa combinação de busca pela sensação de superioridade moral com noção de baixo valor próprio que explica, em boa parte, a misantropia esquerdista. Àquele que se acha pior do que uma pulga, só podemos concordar, e nutrir um profundo sentimento de comiseração. Mas que se tratem num divã em vez de pregar por aí o quão terrível nossa espécie é e como o mundo seria melhor sem ela. Seria melhor sem alguns membros dela, sem dúvida…

Rodrigo Constantino