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Moderação de debates políticos: a “pelada” favorece a esquerda
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Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal e originalmente no blog do autor

Os debates entre candidatos a cargos eletivos do Executivo costumam representar um ponto alto das campanhas eleitorais de quaisquer esferas do poder público, haja vista seu potencial de cooptar indecisos em favor do detentor do melhor desempenho, bem como amealhar votos de eleitores inclinados  à chapa rival até a data do confronto, dependendo da “surra” intelectual aplicada.

Em decorrência, pois, de sua importância no processo democrático, seria deveras salutar que esse embate de ideias e programas de governo fosse mediado da forma mais isenta e apropriada possível, de forma a não permitir que a argumentação descambe para o nível de uma conversa de bar. Não é o que se observa na maioria das vezes, todavia – especialmente no Brasil, onde o moderador poderia ser substituído por um robô sem que ao menos percebêssemos o câmbio.

Cobrar que o interrogado responda efetivamente ao questionamento formulado sem tergiversar (ou ao menos deixar claro aos espectadores que ele esquivou-se da pergunta), não condescender com fugas do tema proposto, não permitir que o candidato retorne a motes anteriores após conversar com o marqueteiro no intervalo (acredite, Dilma Roussef fazia isso frequentemente, diante do olhar impassível de William Bonner), desmentir afirmações inverdadeiras proferidas durante os colóquios: estas são todas ações que deveríamos esperar de um mediador minimamente comprometido com a condução adequada do evento.

Profissionais estrangeiros como Chris Wallace, apresentador do programa Fox News Sunday, costumam demonstrar, com suas performances, como deve ser a postura do moderador do debate: com a rédea intelectual curta, não permitindo que subterfúgios como respostas vagas, afirmações generalistas ou acusações sem fundamento permeiem a interação.

Em nosso país, entretanto, a regra é que os jornalistas que assumem esta relevante função limitem-se, quase sempre, a controlar o tempo, a sortear os temas a serem abordados, a chamar o intervalo, a dizer “boa noite”. Honestamente, qualquer papagaio adestrado consegue realizar tais tarefas. A omissão destes supostos guias da discussão é de tal monta que o candidato mais malandro e habituado a fazer uso de recursos espúrios durante o diálogo (como bem ensinou Schopenhauer em seus 38 estratagemas para vencer um debate mesmo estando errado) acaba se sobressaindo sobre aquele que procura ser honesto em suas colocações e seguir à risca as regras previamente acordadas entre as partes.

E ressalte-se que este caráter de figura decorativa durante trocas de ideias transmitidas ao vivo em veículos de comunicação diversos (até mesmo pela Internet) não se restringe aos embates eleitorais: ao intermediar um debate entre Bene Barbosa e Martim Almeida Sampaio sobre o desarmamento, Thiago Uberreich, repórter da Jovem Pan, simplesmente ficou assistindo, de local privilegiado, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB classificar o presidente do movimento “Viva Brasil” como Fascista e Nazista, repetidas vezes, de forma complacente – até o advogado ser “chamado na chincha” pelo próprio interlocutor, o qual assumiu, no caso, a responsabilidade do mediador.

E como não lembrar do debate no qual participaram Ciro Gomes e Rodrigo Constantino em 2006, sob a supervisão do agora senador Lasier Martins (filiado ao PDT, tão defensor de bandeiras de Esquerda quanto seu “companheiro” do Ceará), o qual permitiu que o “Paul Krugman do agreste” enfileirasse falácias sem contestação, interrompesse o raciocínio do economista quantas vezes lhe desse na telha e nadasse de braçada como se no quintal de casa estivesse (o que, dada as ideias professadas pelo partido do então âncora do programa, não deixaria de ser o caso em hipótese alguma)? A audiência, no episódio, restou tolhida da chance de avaliar quem, de fato, tinha razão, uma vez que um dos lados foi privado de um ambiente neutro para troca de opiniões.

Estas atitudes omissivas daqueles contratados para organizarem essas conferências favorecem, normalmente, aqueles políticos ou “estudiosos” posicionados mais à Esquerda. Por quê?

Como bem explica Bruno Garschagen neste vídeo, um dos elementos caracterizadores do conservadorismo é justamente a prudência, a ponderação. Destarte, a honestidade no trato com as ideias, a predileção pelos projetos de longo prazo em detrimento das políticas “mágicas” de resultado imediato (e que geram uma longa faturar a ser paga no futuro), a aversão aos riscos não calculados e o favorecimento de medidas austeras sempre serão marca registrada da (legítima) Direita. Conforme ensina Olavo de Carvalho:

No perpétuo jogo de aparências que é a política, o conservador que o seja de verdade estará sempre em desvantagem em face de seus adversários socialistas, porque ele não pode prometer senão o realizável, ao passo que eles vivem essencialmente de converter cada nova decepção em uma nova promessa.

Já a Esquerda, a seu turno, tende a irromper em ataques de raiva muito mais frequentemente, devido ao caráter messiânico com que trata seus líderes, a sua crença de que carregam consigo o monopólio das virtudes, a sua pressa em entregar o paraíso na Terra, e seus decorrentes desprezos pelas opiniões contrárias e desapego às regras do jogo – como bem elucida Greg Gutfeld para a Praguer University. Ou seja, se vale tudo “em nome do social”, vale também trapacear, especialmente se o juiz for um pusilânime.

Assim sendo, diante de um árbitro sem pulso, o conservador (bem como o indivíduo adepto do liberalismo clássico) tende a ser prejudicado, visto que o esquerdista, muito mais propenso a soltar bravatas e passar por cima da ética para atingir seus objetivos, irá tirar proveito da situação e falar o que quiser da forma que bem entender sem por ninguém ser admoestado –  o que, aos olhos dos observadores mais incautos, pode soar como uma vitória.

Interessa tão somente aos “progressistas”, portanto, contar com um espantalho no lugar do moderador durante os debates eleitorais. Quanto mais o evento assemelhar-se a uma pelada na quadra de society, melhor para eles. É uma questão de interesse público, portanto, exigir que os mediadores cobrem de todos os participantes um comportamento condizente com a liturgia dos cargos aos quais aspiram. Se até mesmo Donald Trump, acostumado aos holofotes durante sua carreira de apresentador, “sentiu o golpe” no primeiro encontro televisionado entre ele e Hillary Clinton, imaginem como será em 2018 por estas bandas, com até mesmo Lula podendo figurar na bancada. Vai faltar Rivotril…

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