John McCain, senador do Arizona que disputou o cargo na Casa Branca por duas vezes e foi prisioneiro de guerra por cinco anos no Vietnã, morreu neste sábado, aos 81 anos. Ele lutava contra um câncer agressivo no cérebro. Antes de ingressar na carreira política, McCain passou 23 anos na Marinha como um aviador, e participou de inúmeras missões de combate no Vietnã antes de ser capturado pelos comunistas e ficar mais de cinco anos como prisioneiro de guerra. Ele carregava sequelas no corpo destes tempos sombrios.
Sabemos que no momento da morte de alguém a reação costuma ser de destaque para os aspectos positivos. No caso de McCain, ele realmente merece obituários elogiosos, pois foi um patriota e um herói. Mas chama a atenção, mesmo entendendo o momento, a guinada que a mídia deu no tratamento ao republicano. Em parte isso se explica, como já disse, pela própria morte e o respeito que ela exige de quem tem alguma decência. Mas em parte isso se deve ao fato de que McCain vinha representando uma oposição a Trump dentro do Partido Republicano.
É curioso reparar como a mídia costuma tratar os republicanos quando eles disputam eleições. A sensação que fica é a de que todos são radicais, “ultraconservadores”, e nenhum presta. Trump pode merecer várias críticas que recebe, mas eis o ponto: se mesmo alguém como Mitt Romney ou um herói como McCain são tratados como “bicho-papão” da direita, então qual a credibilidade que o ataque terá quando se tratar de alguém realmente mais radical? É como a história de Joãozinho e o leão no quintal: de tanto alertar para o animal inexistente, no dia em que ele realmente apareceu ninguém acreditou, e o garoto foi devorado.
A forma elogiosa com a qual McCain está sendo tratado pela mesma imprensa que antes, quando ele disputou com Obama a presidência, costumava defenestrá-lo não passou despercebida nas redes sociais. Alexandre Borges tuitou: “Bora resgatar o que a imprensa brasileira falava do #McCain em 2008?” Até de “supremacista branco” McCain foi acusado nessa época.
Guilherme Macalossi apontou para a mudança de postura da mídia numa série de tuítes:
Os veículos que agora exaltam a vida John McCain são os mesmos que, em 2008, por estarem na campanha de Obama, o espezinharam de todas as formas. Agora o tratam como herói, mas no passado era demonizado como mais um conservador tacanho. John McCain deve ser celebrado como o corajoso combatente que foi. Sem dúvida, um herói de guerra. Outra razão para hoje a mídia gostar tanto de John McCain é que ele era um opositor de Donald Trump dentro do partido Republicano. Nenhuma homenagem feita a ele por esse pessoal é sincera. Reações da mídia comprovam que John McCain é outro caso de direitista bom é direitista morto.
Infelizmente ele diz a verdade. Talvez não necessariamente morto, mas afastado da disputa política sem dúvida é uma condição necessária para que um conservador republicano seja tratado com algum respeito pelos jornalistas, quase todos de esquerda. Não custa lembrar que falaram até da suposta “insensibilidade” de um sujeito refinado e educado como Mitt Romney, porque uma vez, num passado distante (1983), ele levou um cachorro de maneira inadequada numa viagem de carro. É pura hipocrisia, portanto, essa deferência para com republicanos quando já estão mortos.
Já as homenagens à direita são sinceras, pois McCain sempre foi respeitado mesmo quando era alvo de críticas legítimas, uma vez que ninguém é perfeito. Alexandre Borges prestou sua homenagem a McCain:
Dez anos depois de perder a eleição para Obama, morre John McCain, herói da guerra do Vietnã. Se tivesse vencido aquela eleição, o mundo seria outro. E muito melhor. Discordei inúmeras vezes dele na política, mas era indiscutivelmente um patriota.
Ben Shapiro também elogiou bastante o militar e político:
Foram várias mensagens desse tipo, incluindo a do presidente Trump:
Morreu neste sábado, sem dúvida, alguém que merece muito respeito e deixou um legado positivo no mundo, uma imagem de luta e esperança pelo que a América representa. Um militar patriota, um senador republicano, um cidadão exemplar. E as mais tocantes homenagens, claro, vêm daquelas que dividiram com ele tudo isso na intimidade, sua filha e sua mulher:
RIP, McCain!
Rodrigo Constantino
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