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Faz tempo que o feminismo virou motivo de chacota entre pessoas inteligentes e sérias. O grau de incoerência é tanto que salta aos olhos de qualquer pessoa minimamente honesta. Como tenho cansado de repetir, o feminismo não tem mais quase nada a ver com mulher, e tudo a ver com esquerdismo. A prova disso é que mulheres “empoderadas” só servem quando se curvam diante da agenda “progressista”. Caso contrário, fogueira nelas!

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Hoje o jornal O GLOBO publicou dois textos vizinhos detonando a futura ministra dos Direitos Humanos apontada por Bolsonaro. O que pegou, para ambas as autoras, é o fato de Damares Alves defender a maternidade como uma bênção e um destino biológico da mulher, e também ser contra o aborto. Nos dois textos há uma defesa empolgada da prática de eliminar fetos humanos indesejados.

Ruth de Aquino assina o primeiro deles, buscando na socialista Simone Veil sua inspiração. Após números inflados de abortos clandestinos, como se o excesso de uma prática automaticamente levasse à necessidade de aceitação moral e legal dessa prática (também se mata muito ser humano nascido no Brasil, e nem por isso se defende a legalização do assassinato), ela confessa já ter feito aborto e não ter se arrependido:

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É injusto, ineficaz e criminoso submeter mulheres a risco de morte e prisão por abortar. Uma vez escrevi um texto, publicado na revista “Época”, sobre um documentário sensível e revelador da paulista Carla Gallo, “ O aborto dos outros ” . Vale a pena escrever o parágrafo final de novo, porque, além de filhos, hoje tenho netos. Acho que fui feita para ser avó, Damares. Mas não só. Eu fiz aborto. Não me orgulho, nem me arrependo.

Pergunta: não é injusto e criminoso submeter os bebês em desenvolvimento ao triturador e aspirador, como se fossem parasitas terríveis? Não se orgulha de ter feito aborto? Não foi a impressão deixada pelo texto. Não se arrepende? Talvez devesse. Quem seria esse filho hoje? O que estaria fazendo da vida? Quais ideias pregaria? Não temos como saber. Nunca saberemos. Sua gestação foi interrompida porque era indesejada, e uma vida se perdeu.

O outro texto bem ao lado é da escritora Rosiska Darcy de Oliveira, e também faz uma ode ao aborto e um ataque preconceituoso contra a futura ministra evangélica. Rosiska inflou os números de abortos clandestinos ainda mais, dobrando a meta de sua vizinha:

A ministra quer um país sem aborto e diz que não tratará do assunto. No Brasil, os abortos clandestinos são mais de um milhão por ano, refletindo uma política de prevenção precária e um tempo em que as mulheres exercem a liberdade de decidir quando querem ser mães. Um país sem aborto seria o resultado da eficácia mágica de uma politica pública ou da repressão que punisse o aborto como crime, na contramão de um mundo em que a maioria das democracias ocidentais já o descriminalizou?

As mulheres podem continuar decidindo quando ser mãe: basta não engravidar. Há inúmeros métodos contraceptivos. O aborto não é um deles. É pós-gravidez, destruindo uma vida já concebida.

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Mas o que fica disso tudo é mesmo a seletividade das feministas na hora de enaltecer a mulher “empoderada”. As mesmas que contam a quantidade de mulher em ministérios, como se isso por si só fosse prova de “justiça social” e “igualdade sexual”, repudiam quando a mulher que ocupa o ministério não compartilha da mesma cartilha feminista. Se ela for evangélica, se achar que a maternidade é o destino natural e biológico do sexo, e se concluir que aborto é um crime contra a vida humana, então seu lugar é na cozinha, de boca fechada de preferência!

Feminismo e mulher? Cada vez menos elo. Feminismo e esquerdismo? Tudo a ver!

Rodrigo Constantino