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Ele foi, depois de Aécio Neves, a maior vítima de ataques chulos e infundados por parte da militância petista durante as últimas eleições. Apontado previamente como futuro ministro da Fazenda em caso de vitória, ele foi difamado, teve sua reputação desconstruída por falácias e mentiras grosseiras. Seus alertas sobre os problemas que o país logo enfrentaria, ao contrário do quadro rosado apresentado pela campanha de João Santana, seriam ridicularizados no personagem Pessimildo, criado pelo marqueteiro do PT. Falo, claro, de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central.

Em entrevista à Folha, Arminio lamentou o cenário atual de nossa economia, e disse que os ajustes ainda levarão muito tempo, até porque esse governo não tem credibilidade alguma. Condenou não só o tamanho do estado, mas também o fato de ter sido capturado por grupos de interesse, na linha da excelente coluna de hoje do também ex-presidente do BC Gustavo Franco, sobre o “capitalismo de compadres”. E reclamou da falta de reformas estruturais, dividindo nossos desafios naqueles de curto prazo e de médio prazo. Eis alguns trechos:

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O governo chutou o pau da barraca [do gasto público] nas eleições e agora paga a conta. Isso já tinha acontecido no início do primeiro mandato da presidente Dilma. A situação hoje é pior porque o país entrou muito torto na história. A evolução da dívida é assustadora, e a recessão morde firme. É possível ver isso na indústria, no setor imobiliário.

[…]

Na campanha eleitoral, você foi criticado por dizer que o país entraria em recessão, e hoje isso se concretizou. Como você se sente?
Aquilo foi um grande teatro, um show de mentiras. O Aécio e o Fernando Henrique falaram isso o tempo todo. O custo é este: temos um país morrendo de medo.

Com medo de quê?
De tudo: recessão, desemprego, inflação. Não sou político, vivo de administrar o dinheiro dos meus clientes. Se for pessimista, estou acabado, mas tenho que ser realista. A situação não está boa.

As empresas estão demitindo. A situação vai piorar?
Infelizmente, acredito que não chegamos ao fundo do poço. Espero estar errado, mas analiticamente não estamos nem perto disso.

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Havia um represamento de demissões em razão das incertezas que as eleições geram. Agora a situação ficou clara e as empresas demitem.

Esse ciclo, no entanto, ainda mal começou.

O tempo mostrou quem tinha razão. E o tempo foi bem curto, diga-se de passagem. Em poucos meses após o estelionato eleitoral garantir a reeleição de Dilma já estava claro quem dizia a verdade. O desmonte do teatro petista foi bem rápido, e hoje 65% dos brasileiros rejeitam seu governo (os que aprovam ou vivem em Marte ou estão ganhando algum privilégio do estado). O Pessimildo, afinal, estava certo, ou até mesmo otimista demais. E a crise está apenas começando.

Eis o mais assustador: não chegamos nem perto do fundo do poço. Concordo com Arminio nesse prognóstico. Os desafios são imensos, e não vemos, por parte do governo, a capacidade ou o interesse de realmente mudar o rumo, cortar na carne, abandonar seu viés ideológico ultrapassado. Dilma representa o atraso do desenvolvimentismo, e pensar que os eleitores optaram por isso ao invés de ter Arminio no comando da economia diz muito sobre o Brasil – e nos dá calafrios. Difícil ser muito otimista com o futuro.

É preciso fazer reformas estruturais, reduzir drasticamente os gastos públicos, e desarmar o capitalismo de estado turbinado pelo PT. Sobre isso, recomendo o artigo supracitado de Gustavo Franco. Seguem alguns trechos:

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O cronismo desembarcou no Brasil pelas mãos do PT, que em 2008, passa de uma postura passiva e envergonhada, para outra de extroversão onde parecia atacar cada um dos pressupostos dos consensos internacionais em políticas públicas. Na ocasião, o ministro Guido Mantega proclamou: “O capitalismo precisa ser sempre reinventado. Onde está dando mais certo? Nos países que adotaram o capitalismo de Estado.”

E lá fomos nós procurando ser “chineses”, ou ganhar o Nobel em economia, através de várias “opções estratégicas”, como as escolhas para o petróleo, e, mais genericamente, em todas as frentes de políticas públicas onde se buscou confrontar as soluções de mercado pois, segundo se dizia, o “capitalismo não regulado” havia fracassado no mundo inteiro.

Seis anos e muitos escândalos depois, passando por prejuízos bilionários, heterodoxias, pedaladas, e outras tantas coisas horríveis que cabem muito bem dentro do figurino internacional do cronismo, é bastante claro que essa nova matriz não apenas fracassou no tocante ao desempenho da economia, como desandou em um oceano de irregularidades e crimes.

É um fracasso histórico da maior importância, e que traz, como boa notícia, a demonstração de que o Brasil possui anticorpos poderosos contra o cronismo (nos órgãos de controle, no Judiciário e na mídia).

Eis o desafio agora: punir os que se aproveitaram de uma simbiose nefasta entre grandes grupos e estado, principalmente os políticos envolvidos nesses escândalos. Falo, claro, dos petistas e do “chefe”, aquele que se achava intocável, o maior responsável por essa lambança toda, até porque Dilma é apenas sua criatura. Não chegamos no fundo do poço. Mas haverá luz no fim do túnel, se ao menos o brasileiro puder resgatar sua esperança nas instituições republicanas e ver aqueles responsáveis por essa desgraça toda sendo punidos.

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Rodrigo Constantino