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O governo federal quebrou e quebrou junto o Brasil. Ao ter acesso ao financiamento compulsório dos bancos públicos, por meio das “pedaladas fiscais” (crime de responsabilidade que irá derrubar Dilma no impeachment), o governo gastou como se não houvesse amanhã, ignorando a Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas alguns estados não ficaram atrás.

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Eles não contam mais com seus bancos estaduais para bancar a farra, como no passado. O Banerj, o Banespa e companhia foram, felizmente, privatizados, ao contrário da Caixa, do BNDES e do Banco do Brasil. Mas eles contaram com o péssimo exemplo de cima, e com a garantia implícita de que a União estaria lá para resgatá-los caso necessário.

O resultado foi uma farra com gastos estaduais e municipais que cobra pesada fatura agora. O problema do Brasil não é “apenas” o governo federal, responsável por quase 70% da arrecadação tributária. O problema é o estado como um todo, a quantidade de servidores públicos, muitos encostados ou acomodados enquanto outros precisam ralar em dobro para carregar nas costas os parasitas.

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O editorial da Gazeta do Povo de hoje toca no assunto, mostrando o caso particular do meu “querido” Rio de Janeiro. Seguem alguns trechos:

Com raras exceções, os estados brasileiros estão em situação financeira falimentar, retratada no atraso de salários e aposentadorias (em alguns casos) e na falta de caixa para pagar dívidas e despesas. Muito tem sido falado sobre os gigantescos déficits no governo federal e a explosão da dívida pública, mas é importante chamar a atenção para a degradação das finanças dos estados, sem solução no curto prazo.

[…] 

O símbolo maior dessa calamidade é o estado do Rio de Janeiro, que não está pagando as aposentadorias dos 140 mil servidores inativos e atrasando salários de várias categorias dos funcionários da ativa.

[…]

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O caso do Rio de Janeiro é apenas um exemplo – talvez o pior deles – do rumo que as finanças dos estados brasileiros tomaram, cuja consequência tem sido sempre jogar sobre os ombros da população o ônus de pagar os rombos por meio do aumento de tributos. Ou a Lei de Responsabilidade Fiscal é endurecida para limitar a ação dos governantes – ao contrário do que queriam vários governantes e parlamentares, sobretudo do PT – ou a falência financeira do setor público em geral será o principal obstáculo ao crescimento do país.

Como os próprios petistas, inclusive Lula, têm dito, tirar a Dilma não vai resolver nossos problemas (que eles fingem não existirem ou não terem sido causados em grande parte pelo próprio governo federal). Estão certos, e ninguém sonha com uma panaceia, com um paraíso após o impeachment. Ele é somente o primeiro passo necessário para estancar a sangria e impedir uma catástrofe ainda maior.

Mas os graves males que assolam o Brasil continuam por aí. São problemas estruturais, como o modelo previdenciário, as leis trabalhistas, a magnitude da carga tributária e sua complexidade, o sistema político-partidário, a concentração de poder em Brasília, as estatais e, principalmente, a mentalidade que delega ao estado um poder messiânico.

O Brasil, filhote de uma cultura estatizante ao extremo, está todo quebrado. A farra foi do governo federal e também dos estados. Sair desse buraco não será trivial. O jornal da “República de Curitiba” conclui:

O problema atual do Brasil é que os assuntos realmente importantes estão sendo deixados para depois, abafados pela predominância da grave crise política que assolou a nação. Enquanto isso, as finanças públicas seguem firme na estrada do abismo.

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Ou fazemos drásticas reformas estruturais, começando pela retirada do PT do poder, ou vamos seguir na rota de colisão com a aritmética: o tamanho do estado brasileiro não cabe no nosso PIB.

Rodrigo Constantino