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Quando é para elogiar, eu elogio, como fiz aqui, quando a atriz Juliana Paes desafiou a patrulha para defender o feminino em vez de o feminismo. Mas se for para criticar, eu critico também. E, dessa vez, Juliana Paes escorregou feio. Foi falar de sua personagem na novela, uma mulher disposta a tudo para ajudar o marido preso por tráfico, até mesmo a se tornar uma traficante também. E deu a entender que sente certa admiração pela figura real que inspirou a personagem. Levou uma boa resposta:

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Reparem que ela até começa bem, desmistificando a vida do crime, que alguns tentam glamourizar, mas que é basicamente sofrimento. Logo depois de morder, porém, ela assopra, e com vontade, apelando para a típica justificativa de que não sabemos como é a vida nas favelas, e que portanto não devemos julgar essas pessoas. Como se sua realidade dura fosse salvo-conduto para esses “desvios”!

Por fim, veio o uso infeliz desse adjetivo: “raçuda”. Quem tem “raça” é o jogador que corre o jogo inteiro para ajudar seu time. Quem tem “raça”, como disse o rapaz que comentou acima, é a mulher que acorda de madrugada para encarar dois ou três ônibus, ou então um maldito trem lotado, para chegar ao trabalho e sustentar sua família de forma honesta, apesar de todos os obstáculos criados pelo governo.

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É fundamental o brasileiro abandonar essa visão “progressista” que transforma marginal em “vítima da sociedade”. Vítima da sociedade – do governo e dos marginais – são todos aqueles que tentam ganhar a vida de maneira correta, trabalhando, educando seus filhos com valores morais decentes, apesar do governo, do funk e dos artistas da esquerda caviar.

A inversão de valores precisa acabar, chegou ao limite, passou do limite do aceitável. O resultado está aí: essa desgraça toda, esse caos social, a bandidagem dominando tudo. Vejam esse breve filminho de uns “pobres” traficantes num baile funk, “curtindo” a vida, e digam se dá para associar à prática criminosa qualquer adjetivo elogioso ou mesmo ambíguo:

O tráfico de drogas destrói vidas, famílias, jovens, adolescentes. Quem escolhe – e vamos sempre lembrar que se trata de uma escolha, pois o ser humano possui o livre arbítrio, apesar das condições muitas vezes perversas – quem escolhe ir por esse caminho não merece qualquer respeito, tolerância ou peninha, menos ainda elogios. Está à margem da sociedade, produzindo o mal, numa atividade que mata para sobreviver.

Podemos compreender, claro, que o ambiente das favelas é hostil a quem quer levar uma vida digna. Mas o fato de a maioria fazer exatamente isso prova que não é justificativa para cair no crime. Enaltecer como “raçuda” uma mulher que se tornou bandida para ajudar um bandido é o cúmulo do absurdo. Ambos merecem somente nosso total desprezo.

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Rodrigo Constantino