Não são poucos os que ficam contra o impeachment de Dilma por temer jogar Lula na oposição de vez e fortalecê-lo para 2018. Já escrevi alhures que discordo totalmente dessa análise. Muito mais perigosa do que uma eventual volta de Lula, já cambaleando bastante e quase morto politicamente, é a máquina estatal na mão do PT. Lembrem-se da Argentina, da Venezuela.
Essa é a opinião de Reinaldo Azevedo também. Em sua coluna de hoje na Folha, ele constatou, sem ponto de exclamação, que Lula está morto, e chamou a atenção dos leitores para o verdadeiro perigo. Diz ele:
O Apedeuta como fantasma retornando eternamente para nos assombrar é leitura que só interessa ao petismo. É uma pena que setores da oposição não tenham lido Lênin. A literatura de esquerda como norte é um lixo. Como instrução, é uma necessidade. O PT não é apenas um ente de razão ao qual se filiam convertidos ideológicos; sua força ativa está no domínio da máquina do Estado.
Logo, não é verdade que a queda de Dilma possa ser do interesse do PT porque Lula, assim, se arma para 2018. Se Dilma sai, a despetização do Estado conduzirá ao caos uma das maiores máquinas de assalto à coisa pública erigidas no Ocidente –assuma Michel Temer, ou haja outra solução democrática qualquer.
Os petistas querem, sim, Dilma no comando para que esse ente das sombras continue a se alimentar da seiva do trabalho do povo brasileiro.
Concordo com a análise. Esqueçam o risco do “volta Lula” em 2018. O homem está lutando para não ir preso! Está cansado, chamuscado, como Maluf após Celso Pitta. Pode ludibriar ainda alguns mentecaptos por aí, mas não seduz as massas do mesmo jeito, não possui mais o mesmo encanto populista, pois a crise gerada por seu partido afundou o país, e todos sentem.
Ameaça muito maior do que o fantasma de Lula é o abuso da máquina estatal pelo PT, os Correios nas mãos dessa quadrilha, a Petrobras financiando campanhas milionárias, as urnas eletrônicas. O PT precisa sair do poder o quanto antes. Lula vai ameaçar com sua volta em 2018? Risos. Que venha! Será derrotado, humilhado, coroando assim o crepúsculo de um mito.
Rodrigo Constantino