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Por Percival Puggina

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“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes” – Paulo Freire

A frase em epígrafe, repetida da mais singela salinha de professores ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), é um primor de incorreção pois nega existência à própria ignorância, transformada em cada vez mais comum forma de saber. No entanto, esta frase e tantas outras platitudes de Paulo Freire são a isca que atrai para seu objetivo central: a militância revolucionária através da educação. E aí se instalam minhas mais profundas divergências em relação ao produto do autor de “A pedagogia do oprimido”.

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Quem lê Paulo Freire rapidamente chega a uma conclusão: sob o ponto de vista literário, o patrono da educação brasileira é medíocre; sua escrita não tem originalidade; a forma é descuidada; o vocabulário é reduzido e, não raro, incorreto ou inadequado. Se o revolucionário quer fazer revolução, calce as botas de campanha e arme-se até os dentes, se esse é o objetivo, ou, se preferir a via institucional, limpe a garganta, agarre-se ao megafone, suba no palanque ou produza seus panfletos. Se o professor quer ensinar, pegue seu material didático e vá ministrar os conteúdos que domina. Mas não venha o pedagogo plantar revolução nas mentes infantis e juvenis. Isso pode ser objeto de lauréis distribuídos em quitandas acadêmicas ou nos mais altos níveis do mundo intelectual, pode granjear elevadíssimo reconhecimento entre camaradas, mas não é um bom serviço prestado às sucessivas gerações sobre as quais se exerce sua influência.

A ideia da pedagogia fazendo revolução e da revolução fazendo pedagogia foi amplamente transformada em experiência histórica. A ela foram submetidos centenas de milhões de jovens, em sucessivas gerações, na Ásia, no Leste Europeu e na África, durante boa parte do século passado. O produto foi, sempre, um enorme sacrifício da liberdade, da criatividade, da espiritualidade. Sacrifício, por vezes, cruento, daquilo que há de mais humano no ser humano, portanto.

Nota do autor: O texto acima é um pequeno extrato do capítulo que escrevi para o livro “Desconstruindo Paulo Freire”, obra coletiva, coordenada pelo prof. Thomas Giulliano, composta por seis ensaios sobre o legado do patrono da educação brasileira (!), visto desde diferentes ângulos.

Enfrenta-se, no livro, a tutela que Paulo Freire, em pleno século XXI, continua exercendo sobre os cursos de formação de educadores, a despeito dos desastrosos resultados colhidos nas avaliações dos alunos e das eloquentes lições da história. A estes professores, principalmente, se dedica a obra.