A cada dia que passa o “acordão” sendo costurado pelos caciques políticos fica mais evidente. Todos temem a “Lista de Janot”, o clima antipolítica, a revolta contra o establishment, e um “aventureiro” que chegue por fora desse sistema podre para dar voz ao povo, que prometa “drenar o pântano de Brasília”. Os “donos do Brasil” suportam muita coisa, de mensalão a petrolão, de recessão à inflação, só não toleram incerteza demasiada e perda de controle do jogo.
Nelson Jobim tem bom trânsito entre tucanos e petistas, sem falar dos fisiológicos do PMDB, e seu pensamento, portanto, expressa bem a geleia política nacional. A Época resumiu seu currículo: “Nelson Jobim conhece vários lados do poder. Foi deputado federal constituinte pelo PMDB. No governo Fernando Henrique , foi ministro da Justiça e tornou-se ministro do Supremo Tribunal Federal. No governo Lula, foi nomeado ministro da Defesa, com o papel de resolver o caos aéreo. Ali, ganhou pontos com os militares. Foi demitido no governo Dilma Rousseff, em 2011, após dizer que ‘os idiotas perderam a modéstia'”. Pois bem, eis o que esse interlocutor geral tem a dizer sobre o momento atual:
“Os personagens de oposição e os da situação precisam ter pelo menos um mínimo de entendimento, sem renunciar a suas disputas eleitorais, evidentemente, para assegurar uma eleição em 2018 minimamente razoável. Senão, vamos ter um Trump caboclo. Um Trump caboclo que pode ser tanto da direita como da esquerda. O grande problema que se enfrenta é que se introduziu dentro do processo político brasileiro algo completamente inusitado ou desconhecido. A intolerância e o ódio, que inviabilizam o diálogo. Em política, não se escolhe o interlocutor. Não se faz política sem considerar o entorno. O entorno é o que está aí, e não aquilo que desejaríamos que fosse. Quer queira, quer não, para construir a tal pinguela, a tal ponte, o diálogo tem de botar na mesa tanto Fernando Henrique como Lula. Se de um lado FHC tem densidade moral, Lula tem densidade eleitoral.”
Uau! Vamos colocar FHC e Lula numa mesa para acertar os ponteiros pois um tem “densidade moral” (mesmo?) e o outro “densidade eleitoral” (mesmo?). E dane-se o país! Seus crimes, especialmente os de Lula, que fiquem impunes em nome da “democracia”. Não há gente mais perigosa para o Brasil do que quem faz esse tipo de proposta, que seria o caos e o fim das esperanças de efetiva mudança.
Alexandre Borges resumiu essa fala da seguinte maneira: “Para quem não entende o acordão que está sendo costurado entre os ‘donos do Brasil’ e que se reflete velha na imprensa”. Acrescentou: “O plano é exatamente voltar a 2006”. Ele respondia a uma leitora que fez excelente resumo da coisa:
Essa “paz” entre FHC e Lula, pós mensalão, nos rendeu a reeleição de Lula, eleição de Dilma, bem como sua reeleição, assim como a falência do Brasil que assistimos hoje. Essa é a relação espúria entre o socialista e o socialista fabiano. Não quero PT assim como não quero PSDB. É importante que todos digam NÃO à esquerda, quer ela seja vermelha, quer seja de punhos de renda.
Em minha coluna desta semana na IstoÉ, já subi o tom contra o governo Temer, por sentir forte cheiro de “acordão” no ar e de “mudanças” apenas cosméticas, de reformas pífias e concessões demais aos poderosos, enquanto o povo trabalhador é convocado uma vez mais a pagar a conta da farra estatal. Não aceitaremos isso! Não vamos tolerar essa conivência tucana com os marginais do PT. Não vamos engolir impunidade geral e jogo de cartas marcadas entre a esquerda.
Que venha algo realmente novo! Ou que venha até mesmo um “Trump caboclo”, não importa. Seria melhor do que ver o Brasil mais tempo aprisionado nessa disputa interna da esquerda, entre sua versão carnívora e a herbívora, mas todos sempre protegendo os grupos organizados de interesses e virando as costas para o cidadão.
Rodrigo Constantino
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