Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
O mundo já via com repúdio o desfile de tropas e armas que grupos de extrema direita ligados ao governo promoviam em Brasília no último sábado, dia 07 de setembro. Porém, o pior ainda estava por vir.
O fotógrafo investigativo Isentino Kaiowá, da Folha, flagrou o exato momento em que o presidente Jair Bolsonaro pisou num besouro da espécie lulensios roubamuitus, também conhecido como besouro paz-e-amor.
Ao ser questionado sobre o ocorrido, Bolsonaro demonstrou indiferença: “nem percebi”. A equipe de peritos da UNICAMP consultada pela Folha, no entanto, refutou a afirmação do presidente: “Houve clara intenção de matar o inseto. A pressão empregada no pé direito foi calculada para que não houvesse possibilidade do besouro sobreviver”.
As imagens estão causando comoção e revolta em todo o mundo. “Não basta destruir a Amazônia? Tem de exterminar os besouros também?”, declarou Stephanie Tupinambá, 37 anos, estudante de filosofia na USP, que estava em Brasília gravando cenas para um documentário sobre o golpe de 2016.
Greici Rosnann, presidente do PT, declarou: “É mais um crime contra a democracia, contra os brasileiros e contra a humanidade. Temos que tirar Bolsonaro do poder antes que ele destrua tudo”.
Especialistas da UFRJ ouvidos pela Folha disseram que o inseto é um dos principais indicadores do equilíbrio do nosso ecossistema. “A morte de cada besouro paz-e-amor provoca danos catastróficos em toda a natureza, com impactos no clima e nas atividades tectônicas do planeta”, afirma um dos pesquisadores.
Leonardo Ajinomoto, autor do livro Washington Contra os Besouros, afirma que os besouros paz-e-amor vêm sendo sistematicamente perseguidos e exterminados desde a ditadura militar. “Com os governos progressistas e democráticos do PT, a espécie foi salva, registrando um grande aumento de sua população, inclusive nas universidades criadas por Lula”, disse Ajinomoto.
O pesquisador e escritor afirma ainda que “os estadunidenses têm grande interesse no extermínio dos nossos besouros para que eles possam exportar besouros transgênicos para o Brasil, o que desequilibraria todo o nosso sistema ecológico, causando a destruição da agricultura orgânica e familiar, que não teria recursos para combater o que logo se tornaria uma praga”. Caso isso venha a acontecer, “o Brasil será ainda mais dependente dos grandes latifundiários do agronegócio ligados a Washington”.
Entrevistado pela colunista social Monica Brega, da Folha, o ex-presidente Lula, preso por ter tirado milhões da pobreza, declarou: “Primeiro tiraram a Dilma, depois prenderam o Lula, e agora estão destruindo a Amazônia e exterminando os besouros. Até quando o povo vai me deixar aqui?”.
A ex-presidente Dilma Youssef aprofundou-se: “desde os tempos de nossos herdeiros, os besouros, como as crianças, as nuvens… não sei ao certo, alguém sabe, estão por aí… aí… então, o Bolsonaro fez o que fez, desfez tudo, e vamos ter de voltar, refazer e desfazer as coisas dos besouros, junto com nosso filhos e netos, vítimas do golpe”.
Tiro Gomes, que concorreu contra Jair Bolsonaro nas últimas eleições, foi enérgico: “Temos de deter esses viad# fascistas filhos-da-put# que estão promovendo o genocídio dos besouros”. O candidato do PT naquelas eleições, Pilantrando Haddad, foi mais comedido. Disse que o Congresso precisa convocar novas eleições imediatamente.
O premiado jornalista Verdevaldo da Silva revelou em seu site mensagens hackeadas do celular de Sérgio Moro, da época em que ele fazia parte da Lava Jato. Nas conversas, ele pede a um jardineiro: “preciso que mate uns besouros”. Segundo Verdevaldo, o jardineiro já trabalhou para Deltan Dallagnon, Eduardo Cunha, Aécio Neves e votou em Jair Bolsonaro.
Ronalda Filha e Neta, líder do grupo LGBTYBFR+, lançou a campanha “Pisou num besouro, pisou em todas nós”.
Stanley Panettone, líder do movimento de consciência negra, foi mais enfático: “Não foi apenas um besouro que foi morto covardemente. Foi mais um besouro negro. Mais um irmão que foi tirado de nós pelo ódio da direita branca nazista”.
“O que Jair Bolsonaro fez no último sábado foi dar o sinal para que o genocídio dos besouros comece numa escala que seja difícil de ser contida”, declarou Lindobergo Fatídico, ex-senador que coordena o grupo de resistência democrática.
Os comediantes Caetano Cremoso e Desligo Buarque gravaram um vídeo de repúdio ao assassinato do besouro. Estudantes de artes cênicas encontram-se, desde sábado, nus debaixo do vão do MASP, em São Paulo. MST, MTST, UNE e centrais sindicais marcaram para a próxima sexta-feira uma greve geral em solidariedade a todos os besouros e pela libertação de Lula.
No exterior, diversos países e organizações se manifestaram em defesa dos besouros brasileiros.
Raul Castro disponibilizou seu país para abrigar uma cúpula internacional sobre o tema. Barak Obama sugeriu que o Congresso Brasileiro retire os poderes de Jair Bolsonaro. George Soros ofereceu 5 bilhões de dólares para ONGs que desenvolvem projetos de proteção aos besouros no Brasil. O Greenpeace e a WWF publicaram documentos denunciando o extermínio de mariposas e centopeias. China, Rússia, Coreia do Norte, Venezuela e Irã anunciaram a criação de um grupo independente para discutir o fim da democracia e dos besouros no Brasil. A pedido do presidente francês, a ONU marcou para a próxima quarta-feira uma assembleia extraordinária. Lideranças do PT, do PSOL e do PCdoB voaram hoje para Bruxelas para protocolar, junto à União Europeia, um pedido de sanções econômicas contra o Brasil, já que a extinção dos besouros paz-e-amor está diretamente ligada aos lucros dos agronegócio.
Vocês estão rindo? Não riam. Tenham certeza de que se não tivesse o beijo gay para estampar sua capa da edição de 07 de setembro, o jornal Folha de S. Paulo teria colocado algum besouro. O que a Folha não teria feito, de jeito nenhum, é mostrar Jair Bolsonaro sendo festejado por populares num evento que, nos tempos de Dilma, era cercado por grades, para impedir protestos.