Quem ri por último ri melhor, diz o ditado. Nigel Farage, o líder do Ukip, partido independente que lutou pelo Brexit, fez um discurso duro, como de praxe, no Parlamento Europeu. Mas dessa vez, ao contrário das outras, poucos riram dele. Vejam o breve discurso, interrompido quando Farage afirmou que nenhum daqueles políticos trabalhou de verdade na vida, criando empregos:
Há, sim, um ranço nacionalista, principalmente quando ele ataca multinacionais e bancos comerciais, mas é preciso ter em mente que o “big business” tem se unido ao “big government” para comandar um verdadeiro “capitalismo de compadres”, uma plutocracia que não combina nada com liberalismo. Acredito que era esse tipo de conchavo que ele tinha em mente quando denunciou tais corporações.
Basta lembrar que, nos Estados Unidos, os bancos de Wall Street financiam a campanha da esquerdista Hillary Clinton. Foi-se o tempo em que a esquerda era sinônimo apenas de sindicatos e funcionários públicos. Hoje ela conta com o apoio de grandes conglomerados de olho nas barreiras protecionistas, no crédito subsidiado, na regulação mais e mais poderosa, no controle da moeda pelo banco central.
Mas reparem que o tom de Farage, acusado de ser um Putin inglês, não é contrário à globalização. É o oposto! Ele clama que os representantes europeus sejam maduros e entendam que fechar acordos de livre comércio é importante para todos os envolvidos. O Reino Unido quer continuar importando os carros da BMW alemã. Farage quer tarifa zero para o comércio entre os países, mesmo fora da UE. O que ele não aceita é a união política forçada.
Nesse sentido, o discurso do líder do Ukip foi na linha que venho defendendo aqui: globalização sim, governo mundial, não!
Rodrigo Constantino