Trump seria um nazista segundo a esquerda americana, enquanto Bolsonaro seria seu análogo no Brasil. Ironicamente, ambos defendem Israel, enquanto é a própria esquerda que, cada vez mais, destila ódio e preconceito não só a Israel, mas a todos os judeus por tabela. E essa “judeofobia” não vem por acaso, mas está enraizada na origem do próprio marxismo, como mostra Roger Kimball na “Spectator” americana.
Enquanto as pessoas lutam para explicar o súbito ressurgimento do socialismo não apenas nos campi universitários americanos, mas também nos corredores do poder político, Kimball defende que vale a pena observar o ressurgimento concomitante do antissemitismo nesses redutos.
A coincidência não é, como os marxistas gostam de dizer, um acidente. A verdade, diz o acadêmico, é que o socialismo, embora baseado principalmente em uma demanda pela abolição da propriedade privada, sempre vem sobre uma corrente de antissemitismo. Separar as razões conceituais para esse elo é um negócio complexo, mas vale a pena notar quão visível parece o link causal. Considere esta observação:
Qual é a religião mundana do judeu? Ser mercenário. Qual é o seu Deus mundano? O dinheiro… A emancipação do mercenário e do dinheiro, conseqüentemente do judaísmo prático e real, seria a auto-emancipação do nosso tempo [e] tornaria o judeu impossível. . . . Em última análise, a emancipação dos judeus é a emancipação da humanidade do judaísmo.
Quem teria dito isso? Algum “supremacista branco” contra George Soros? Louis Farrakhan em seu estilo “judeus são cupins”? Não. Esse é o próprio Karl Marx em sua clássica efusão antissemita de 1843, “Sobre a questão judaica”.
Vale a pena manter as opiniões de Marx em mente enquanto você pondera sobre o surgimento de figuras como Ilhan Omar, a jovem refugiada somaliana que acabou de tomar a cadeira de Keith Ellison em Minnesota. Como muitos novos democratas, Omar foi alimentada pelo Partido Trabalhista Democrata-Farmerista, de extrema esquerda. “Israel hipnotizou o mundo”, disse Omar no Twitter, “que Alá desperte o povo e ajude-o a ver as maldades de Israel”.
Depois, há o agora procurador-geral de Minnesota: “Não podemos permitir que outro país nos trate como se fôssemos seus caixas eletrônicos”, disse Ellison sobre Israel. “Esse país mobilizou sua diáspora na América para fazer sua oferta de compra da América.”
E não esqueçamos a própria ‘estrela’ democrata, a jovem e popular Alexandria Ocasio-Cortez, que discutiu se Israel tem mesmo o direito de existir, mas tem sido repetitiva ao se referir a “ocupação” de Israel na Palestina.
O crescimento do antissemitismo é sempre um mau sinal em uma cultura, porque traz um espírito de intolerância ameaçadora e quebra de fé nas instituições civis mediadoras da sociedade. A velha visão de ser “anti-Israel, não anti-judeu” não é muito verdadeira aqui, pois a linguagem dos esquerdistas ecoa a dos antissemitas do século 19 e início do século 20.
Para Kimball, esse flerte com o socialismo pode ser um subproduto previsível da riqueza, um gás tóxico emitido pelo poderoso mercado livre. Grande parte da retórica e do histrionismo pode ser atribuída à infantilidade forçada que ocorreu com o colapso das instituições educacionais. É claro, por exemplo, que Alexandria Ocasio-Cortez geralmente não tem ideia do que está falando. Não é, provavelmente, falta de inteligência nativa. É só que, quando se trata de realidades políticas e históricas, sua mente é uma tabula rasa impressionável.
Mas mesmo que o déficit educacional ajude a explicar o ressurgimento do socialismo, Kimball não tem certeza de que seria consolador. Ele sente uma crescente simpatia por aqueles que, lançando seus olhos sobre a oposição viciosa e intratável aos processos herdados da tradição política americana, veem o potencial para um grande desmoronamento, o que o comentarista político James Piereson chamou de “consenso quebrado”.
O evangelho de Donald Trump do “realismo de princípio”, sua versão gentil e patriótica da ampla igreja, o nacionalismo americano, tudo isso oferece uma alternativa de cura. A irritada esquerda, que ainda não aceitou os resultados da eleição de 2016, se recusa a ocupar seus lugares na mesa que foi preparada para eles. Os confrontos cada vez mais violentos com jornalistas, políticos e apresentadores de programas de entrevistas são um sinal preocupante dessa recalcitrância. A normalização do antissemitismo é outra.
O tom preocupado, quiçá sombrio de Kimball não deve ser ignorado. Quem quer que acompanhe a política americana mais de perto sabe da radicalização crescente da esquerda democrata, incluindo seu flerte com o antissemitismo e sua aproximação com o islamismo. Todo esse perigoso circo acaba escondido atrás de uma cortina de fumaça, que acusa os conservadores defensores de Israel e da civilização judaico-cristã do que a própria esquerda é. E essa não foi sempre a tática esquerdista?
Hoje, qualquer crítica ao globalista financiador da extrema esquerda, George Soros, é logo vista como prova de antissemitismo de seus críticos, como se Soros em pessoa fosse um ícone do judaísmo. Ignora-se que o próprio Marx era também judeu, e isso em nada impediu seu antissemitismo escancarado. Infelizmente, há muitos judeus traidores do legado do judaísmo e de Israel, que debandam para o radicalismo de esquerda. Isso não muda o fato de que é a mesma esquerda que, no fundo, espalha o antissemitismo pelo mundo.
Rodrigo Constantino
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