Por Marcel Balassiano, publicado pelo Instituto Liberal
A inflação de 2016 ficou em 6,3%, dentro do intervalo de tolerância definido pelo Conselho Monetário Nacional, que tem como meta 4,5%, e intervalo entre 2,5% e 6,5%. Esse resultado mostrou uma queda de 4,4 pontos percentuais da inflação em relação à 2015. Entre os principais motivos dessa queda estão os preços administrados (peso de 25% na inflação total), que foram artificialmente congelados pelo governo Dilma Rousseff (uma das medidas da “Nova Matriz Econômica”), e foram liberados em 2015. Como resultado disso, esses preços, que cresceram 18,0% em 2015, apresentaram um aumento de 5,5% em 2016. Outro item importante que apresentou um recuou foi a inflação de serviços, que corresponde a um terço da inflação total e teve um aumento de 6,5% em 2016, depois de crescer no patamar de 8,0% / 9,0% nos últimos anos. Além da recessão, é claro.
As expectativas de mercado, de acordo com a mediana do último Boletim Focus, apontam uma inflação de 4,8% no final de 2017 e na meta de 4,5% no final de 2018, 2019 e 2020. Ou seja, as expectativas de inflação estão novamente ancoradas!
Vale frisar que a meta de inflação é de 4,5% desde 2005, e com intervalo de dois pontos percentuais para mais ou para menos desde 2006. Nesse período a inflação ficou abaixo da meta em três ocasiões (nos anos de 2006, 2007 e 2009); acima da meta, mas abaixo do limite superior do intervalo de tolerância de 6,5% em sete anos (2008, 2010-2014 e 2016); e uma vez estourando o limite superior da banda (2015). Para 2017 e 2018, a banda foi reduzida para 1,5 p.p., mantendo a meta em 4,5%.
Alexandre Tombini, ex presidente do Banco Central, não entregou a inflação na meta em nenhuma ocasião durante sua gestão, que foi de janeiro de 2011 até início de junho de 2016, e nem mesmo as expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas na meta em boa parte de sua gestão. Vale lembrar que a inflação estava por volta de 6,0% quando Tombini assumiu a autoridade monetária, e próximo de 9,0% quando saiu, atingindo o pico máximo de inflação em 12 meses em janeiro de 2016 (10,71%). Já as expectativas de inflação de prazos mais longos estavam ancoradas em 4,5% quando ele assumiu o cargo e acima da meta até 2020 no início de 2016, que começaram a diminuir com a indicação da nomeação do Ilan Goldfajn para suceder Tombini na presidência da instituição! Além disso, Alexandre Tombini recebeu a presidência do BC com a Selic em 10,75%, baixou “na marra” os juros para 7,25%, e saiu do cargo com a Selic em 14,25%.
Henrique Meirelles, atual ministro da Fazenda, que presidiu o Banco Central durante os dois mandatos do Presidente Lula (2003-2010), apresentou resultados superiores do que seu sucessor, entregando a inflação abaixo da meta em três ocasiões, inclusive no patamar mais baixo de inflação (3,1%, em 2006) e na última vez que a inflação ficou ao redor da meta (4,3%, em 2009). Durante sua gestão, as expectativas de longo prazo estavam ancoradas na meta. Vale lembrar que a inflação estava em 12,5% quando Meirelles assumiu a autoridade monetária e 5,9% quando saiu, tendo atingido o pico mínimo de inflação em 12 meses em março de 2007 (2,96%). Além disso, quando Henrique Meirelles assumiu a presidência do BC, a Selic estava em 25,0%, e saiu do cargo com a Selic em 10,75%.
Ilan Goldfajn, que foi diretor de Política Econômica do Banco Central no início da década de 2000, e retornou no cargo de presidente da autoridade monetária do governo Temer, disse em seu discurso de posse que seu principal compromisso é “cumprir a missão do Banco Central do Brasil”, que é “assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. E continua, “dessa forma, mantendo inflação baixa e estável, contribuiremos para a recuperação do crescimento econômico sustentável, tão necessária no momento, e para o progresso social do país. Essa é a primeira grande contribuição que o Banco Central pode dar para toda a sociedade brasileira, especialmente para as camadas sociais menos favorecidas, que sofrem mais com a perda do poder de compra da moeda.”
O atual Banco Central vem cumprindo a sua missão, já que as expectativas de inflação estão convergindo para a meta, e além disso, a autoridade monetária vem diminuindo a Selic. As expectativas de mercado apontam para a Selic em 10,25% no final de 2017 e uma inflação de 4,8%. Então, pelo menos em relação a inflação, temos um problema a menos a nos afligir!
Sobre o autor: Marcel Balassiano é mestre em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) e bacharel em Economia pela Escola Brasileira de Economia e Finanças (EBEF), ambas da Fundação Getulio Vargas (FGV).
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