A comoção foi mundial nesta segunda, com as cenas chocantes de Notre-Dame em chamas, culminando na queda de uma parte da igreja com 800 anos de história. Alguns, imbuídos do secularismo ateu, tentaram reduzir o significado da coisa à perda artística e arquitetônica.
Foi o caso de Ilhan Omar, a congressista muçulmana que descreveu recentemente o 11 de setembro como “alguém fez alguma coisa”. Conhecida por declarações antissemitas e por andar com gente ligada ao Islã radical, Omar “lamentou” a tragédia, mas focando apenas na parte estética:
Será que se uma mesquita importante fosse destruída a sua preocupação seria com a perda arquitetônica? A tentativa de simular solidariedade ao mesmo tempo em que desmerece todo o sentido espiritual da perda é cafajeste ao extremo, e a cara da esquerda radical.
Para essa turma, Paris perdeu um centro turístico, ponto. Não são capazes de entender, ou não querem, a importância simbólica da igreja para a civilização ocidental. Paulo Briguet, numa série de tweets, colocou os pingos nos is:
850 anos de história. Resistiu à Guerra dos Cem Anos, à Revolução Francesa, a duas guerras mundiais. Sobreviveu a Robespierre, a Napoleão, a Hitler. Mas sucumbiu à era multicultural.
Notre-Dame é muito mais do que um patrimônio nacional francês; trata-se de um dos símbolos maiores da Cristandade. Sua destruição é, sem sombra de dúvida, um trágico episódio da guerra espiritual que estamos vivendo. Nessa guerra, é preciso escolher um lado.
Notre-Dame é o 11 de setembro da Cristandade. A tragédia de Notre-Dame é uma chaga aberta no coração dos cristãos de todo o mundo.
Símbolos importam, e a esquerda, no fundo, sabe disso. Por isso faz esse esforço de deixar de lado a parte essencial para focar no aspecto cosmético. Quando jacobinos transformaram a igreja em um “templo da razão”, foi justamente porque combatiam um valor, um legado, tentando colocar em seu lugar uma nova visão de mundo. A arquitetura não mudara, mas o simbolismo sim.
Briguet, em artigo publicado na Folha de Londrina, conta um pouco da história por trás desse simbolismo:
Em 1793, no auge do Terror da Revolução Francesa, o jornalista Jacques Hébert, representante da extrema-esquerda jacobina, liderou uma campanha de perseguição ao cristianismo em toda a França. Uma das primeiras atitudes de Hébert foi invadir com tropas revolucionárias a Catedral de Notre-Dame, em Paris. Todos os símbolos cristãos e imagens de santos foram retirados da igreja. A belíssima catedral gótica, um dos maiores tesouros artísticos da arte cristã em todos os tempos, foi transformada em “Templo da Razão”. O altar-mor foi coberto por um monte de terra; sobre ele, os revolucionários entronizaram uma “Deusa da Razão”, representada por uma bela atriz.
Há uma tela do pintor francês Charles Louis Müller (1815-1892) que mostra a jovem Deusa da Razão sendo carregada em cortejo pelas ruas de Paris. Na pintura, a atriz leva uma bandeira vermelha e tem um dos pés sobre um crucifixo. Enquanto acontecia esse “Festival da Razão”, padres e freiras da França eram cruelmente perseguidos pelos revolucionários; milhares acabaram na guilhotina. Depois, Robespierre transformou Notre-Dame em “Templo do Ser Supremo”. Depois que Robespierre e Hébert acabaram guilhotinados, a igreja chegou a ser usada por um tempo como depósito de grãos.
A arte e a arquitetura têm bastante valor, sem dúvida, mas não por acaso, não num vácuo, mas justamente porque simbolizam toda uma cultura cristã. E é isso que a esquerda radical quer destruir. As chamas externas na estrutura da igreja comovem porque arde a alma ocidental, porque é o fogo que destrói todo um legado civilizacional cada vez mais abandonado.
Briguet conclui com perguntas incômodas: “Saberá a humanidade compreender o sinal do incêndio de Notre-Dame? Para onde caminha a civilização? Permitiremos que o fantasma de Hébert volte a governar a alma de nosso tempo?”
Rodrigo Constantino
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