Fiz aqui uma pergunta aos “progressistas”, e agora vou fazer outra. A “linha de raciocínio” nós conhecemos: crianças não tiveram oportunidades na vida e por isso se tornaram criminosos; punir não vai adiantar nada, pois não recupera essas “crianças”; a solução é mais investimento em educação. Simples assim. Mil curtidas para o texto romântico, nosso amigo se olha no espelho como a pessoa mais bondosa que já pisou na face da Terra, desdenhando dos “bárbaros fascistas” que querem sangue e vingança.
Há só um “pequeno” detalhe: os mesmos “progressistas” abandonam toda a narrativa de classe social como causa da criminalidade quando é um “filhinho de papai” que comete o delito. Nesses casos o sangue marxista ferve e o ódio aos “bacanas” toma conta de cada molécula do corpo. Eles querem ver punição. Eles repercutem no Facebook as fotos do filho de Eike Batista, impune após atropelar um pobre com seu carrão. Eles mostram toda sua revolta com os riquinhos entediados que atearam fogo no índio Galdino. Eles querem vingança, ops!, justiça.
O que eles parecem não notar é que há clara contradição aqui. Nesse exato momento eles abandonaram a narrativa de classe social como responsável pelo crime. Eles entenderam que o bandido pode vir de classes mais altas, mesmo tendo tido oportunidades e escola decente. E eles querem punição. Eles não perdoam os “bacanas” criminosos, a menos que sejam políticos de esquerda com um discurso socialista. Esses podem tudo.
Ou seja, o que esses “progressistas” atacam não é a punição ao menor, e sim a desigualdade das punições. Basta ver a quantidade de textos nas redes sociais reclamando que a redução da maioridade penal iria punir apenas os mais pobres, enquanto os ricos continuariam impunes. Não é, portanto, com a impunidade geral que parecem preocupados, e sim com a impunidade dos ricos. E como solução defendem a soltura dos criminosos pobres!
Será que não faria mais sentido pregar a punição para todos? Será que a igualdade perante as leis, uma bandeira liberal, não faria mais sentido? O símbolo da Justiça é uma senhora de olhos vendados, justamente porque ela não deve enxergar classe social ou “raça”, e sim o crime cometido. Matou? Estuprou? Cadeia! Não importa a classe social. Não importa de quem é filho. Eis o que defendem os liberais.
Já os “progressistas” querem, em contradição com a lógica, mas de forma coerente com o marxismo, punir os ricos e liberar os pobres. Mesmo admitindo implicitamente que não é a classe que comete o crime, já que tem rico bandido também. O que isso quer dizer, na prática, é que esses “progressistas” odeiam mais os ricos do que os criminosos. Eles sabem, no fundo, que não é a pobreza que leva ao crime, pois senão os filhinhos de papai não ateariam fogo no mendigo. E eles querem punição para esses rapazes, que deixam de ser “vítimas da sociedade” e passam a ser monstros.
Como fica? Que tal defendermos igualdade perante as leis para todos, independentemente da classe social? Que tal olharmos o crime cometido e pedirmos punição adequada, não importa a conta bancária? Afinal, ninguém estupra, mata ou coloca um mendigo em chamas porque não teve aula de matemática ou passa fome. São atos bárbaros, monstruosos, cruéis, de pessoas que não demonstram qualquer empatia para com o próximo. E esses monstros existem em todas as classes sociais. Marcola, não custa lembrar, leu vários filósofos e cita Nietzsche em entrevistas.
Os “progressistas” precisam confrontar suas contradições de uma vez por todas. Suas bandeiras são insustentáveis para quem tem apreço pela lógica e pela coerência.
Rodrigo Constantino
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