A cada nova pesquisa do Datafolha, aquele blogueiro tucano fica em polvorosa, alegando que a “direita xucra” ressuscitou Lula e o PT. Atenção: até concordo com ele que a narrativa de que “nada presta”, de que “todos são iguais”, de que a luta é contra a política em si, só serve para beneficiar o PT. Escrevi vários artigos expondo essa linha de raciocínio, lembrando que o PT é muito pior, que não pode ser comparado ao PSDB ou mesmo ao PMDB, pois tem um DNA totalitário, institucionalizou a corrupção para seu projeto absoluto de poder, mirava no modelo cubano e venezuelano.
Dito isso, é puro exagero ou desespero falar que a “direita raivosa” ou “burra” fez Lula ser mesmo o grande favorito em 2018. É dar crédito demais a pesquisas fajutas, sem credibilidade alguma. Para começo de conversa, a quantidade de indecisos é enorme, e Lula sempre terá uma parcela de seguidores fanáticos, mesmo que um vídeo seu estuprando uma criança fosse divulgado. E essa gente tosca não tem dúvidas ou indecisões: vai de Lula na cabeça! Logo, entre os que já se decidiram, é claro que os eleitores de Lula vão se destacar.
Alexandre Borges, colunista da Gazeta, escreveu um texto afirmando que se fez muito barulho por nada por conta dessa nova pesquisa. Diz ele:
Entendo de pouca coisa na vida, mas depois de quase três décadas trabalhando com publicidade, uma coisa ou outra sobre pesquisas acabei aprendendo e posso garantir a vocês: este tipo de levantamento um ano e meio antes da eleição é tão confiável quanto jogar búzios ou fazer mapa astral dos candidatos, especialmente em eleições disputadas, sem um vencedor óbvio, e com tantas variáveis indefinidas.
Comemorar resultados agora é como gritar “é campeão!” na primeira rodada do campeonato brasileiro, esquecendo que faltam outras trinta e sete. O líder da primeira rodada pode levantar a taça em dezembro? É claro que pode, como todos os outros times também podem. É cedo para comprar a cerveja ou jogar a toalha, está tudo em aberto.
Tecnicamente, o resultado de um pesquisa tão remota é fruto do que chamamos de “recall” ou “lembrança”. O eleitor acaba falando de nomes familiares, que estão na memória ou badalados na imprensa naquele momento, mas ele realmente só começa a considerar quem vai levar seu voto de verdade quando as candidaturas estão colocadas oficialmente e o país está em “clima de eleição”. Durante a campanha, o eleitor ainda pode mudar várias vezes de idéia, como é muito comum que aconteça.
[…]
Sei que existe essa tendência natural de buscarmos salvadores, mas temos que lutar contra isso se quisermos avançar o país politicamente. É preciso que ao menos em anos nos quais não há eleição que se faça a grande política, que se discuta o projeto de país que se deseja. Depois, quando os candidatos aparecerem oficialmente, decidimos quem melhor representa estas causas.
Respeito quem pensa diferente, mas em 2017 o foco aqui será direcionado, sempre que possível, para temas e não nomes. Se você concorda, vamos juntos debater com a sociedade, esclarecendo e persuadindo sempre que houver espaço.
Os argumentos de Borges vão ao encontro dos meus, expostos em breve comentário no Facebook durante o fim de semana:
Sim, a nova pesquisa do Datafolha é boa para Bolsonaro, mas nem vou comentá-la. Não tem credibilidade, e isso vale quando o resultado agrada a direita também. Simplesmente não é coisa séria. E a prova foi terem colocado o juiz Sergio Moro lá. Ele por acaso é candidato? Ele por acaso fala em ser candidato? Ele por acaso vai ser candidato? Não, não, não. O motivo de sua inclusão, portanto, é um só: dar uma mãozinha na narrativa petista de que Lula é perseguido por razões políticas. Datafolha deve ser sempre ignorado, ponto.
Em vez de uma pesquisa estranha dessas pautar vários textos histéricos, seria mais sensato e prudente manter certa distância desse troço, para não bancar o otário pautado por uma agenda política. Infelizmente, muitos fazem o contrário. Tucanos se desesperam e arrancam os cabelos, enquanto “bolsominions” gritam que o “mito” já levou. Muita calma nessa hora!
Rodrigo Constantino
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