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Trump não gerou ódio apenas na esquerda, que parece aprisionada em sua patologia; ele despertou muita desconfiança na direita também, e não foram poucos os conservadores clássicos que ficaram com os dois pés atrás quanto ao bufão do Twitter. Mas, após seu primeiro ano de gestão, muitos começam a dar o braço a torcer e admitir que os resultados superam as expectativas.

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Uma pesquisa recente mostra que a percepção é geral. Seu grau de aprovação teve forte guinada positiva, com aumento de dez pontos percentuais (de 32 para 42%). A desaprovação segue elevada, em 50%, mas teve queda de seis pontos, e é preciso levar em consideração a campanha difamatória constante na mídia mainstream.

O caso do corte de impostos é sintomático: Em dezembro, apenas 26% aprovavam, enquanto toda a imprensa repetia que era um plano para ajudar os mais ricos, os amigos do presidente. Agora, 44% aprovam, pois muitos viram empresas grandes anunciando maiores salários, bônus e investimentos graças ao corte nos impostos.

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Os democratas estão perdendo terreno, em boa parte porque lhes falta uma narrativa convincente, propositiva, uma vez que estão obcecados em atacar Trump sempre, mesmo quando acerta. Parecem movidos somente pelo ódio, e ele nunca foi bom conselheiro político. David Horowitz explica como essa raiva tem sido responsável pelo declínio democrata:

E esse é o resumo da ópera que o discurso artístico esculpido por Trump expôs. Os democratas estão movidos por ódio – e isso é praticamente tudo o que os tem motivado. Seu ódio os cegou para os interesses de eleitores que costumavam ser deles; os cegou para os interesses do país em geral, particularmente no que se refere à segurança e ao emprego; e reduziu sua base de apoio para talvez 30% do eleitorado, garantindo que, em novembro, eles não terão para onde ir.

O povo pode analisar a discrepância entre discurso de oposição e realidade, e isso ficou claro no belo discurso do State of the Union, o mais tuitado da história. Pela primeira vez muitos americanos puderam confrontar a mensagem de união e o foco nos dados positivos apresentados pelo presidente com a imagem totalmente diversa criada pela mídia. Algo não bate. A linguagem corporal dos democratas durante o discurso diz tudo:

Muitos se recusaram a aplaudir mesmo quando Trump falava em união, ou quando mostrava como os negros melhoraram de vida já no primeiro ano de seu governo, encontrando mais empregos. O visível incômodo das lideranças democratas, a famosa “cara de bunda” de Nancy Pelosi, a mesma que desdenhou do bônus de mil dólares oferecido pela Walmart aos seus funcionários após queda de impostos, ilustram o distanciamento entre esquerda e povo.

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Alguns conservadores clássicos que embarcaram no movimento “Never Trump” durante a eleição ou que fizeram duras críticas ao candidato republicano estão tendo que reconhecer a positiva surpresa. Ben Shapiro foi um dos primeiros, mas outros vieram atrás. Foi o caso do acadêmico Roger Kimball, conservador super respeitado, que escreveu na The Spectator um texto afirmando que preferia Ted Cruz, mas que agora admite que o governo Trump está funcionando:

Eu nem sempre fui um fã. Durante a maior parte da campanha de 2016, eu apoiei Ted Cruz, uma escolha que muitos pensavam que era pouco menos ruim do que o Sr. Trump. Mas a política é a arte do possível e acabou que as únicas duas possibilidades eram Donald Trump e Hillary Clinton. Para mim, isso significava que a única possibilidade era Donald Trump.

Por quê? Em primeiro lugar, Clinton era a candidata mais corrupta da história. Sua vitória teria manchado a presidência para além do resgate. Em segundo lugar, ela continuaria com a política de Barack Obama de expandir o “estado administrativo”, o aparelho regulatório de burocratas sem accountability ​​que cada vez mais controlam a vida dos cidadãos, promulgando uma agenda “progressista” politicamente correta sobre assuntos de banheiros transgêneros até política de imigração. Terceiro, a eleição de Clinton teria solidificado um impulso dinástico nascente, e a presidência não deveria ser um prêmio que é transferido entre duas ou três famílias.

Kimball conclui: “Você pode não gostar do gosto do presidente Trump para gravatas ou bifes, seus tuítes ou sua curiosa retórica. Mas os observadores justos deveriam encontrar muito a se gostar nos resultados de sua abordagem pragmática e não ideológica para a segurança e a prosperidade da nação – e do mundo”. 

Dennis Prager, da PragerU, também é um “conservador de boa estirpe”, e escreveu um comentário explicando seu respeito pela gestão Trump até aqui:

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Numa tradução livre:

Eu estava errado. Minha oposição a Trump estava equivocada, em retrospecto. Eu tinha amigos que o defendiam, e eu não os compreendia. Eu disse: “Vocês não estão cientes do que ele falou sobre John McCain? Isso não é suficiente para desqualificar o sujeito?” Eles perceberam nele o que eu não percebi, que essas declarações – por mais condenáveis que sejam – e nenhum deles defendeu essas declarações -, entretanto, o que eles perceberam estava certo: um homem que não dá a mínima para o que a imprensa diz dele. Esse é o único jeito de governar. É o único jeito de fazer os princípios do conservadorismo avançarem nos Estados Unidos: não dar a mínima. 

Trump está bem longe de ser perfeito, e merece críticas, como em sua política protecionista comercial. Mas parece inegável que, do ponto de vista de um liberal-conservador, ele vem acertando bem mais do que errando, e coleciona conquistas já muito importantes num primeiro ano de governo.

Quem entende a importância da guerra cultural contra os “progressistas”, da redução dos impostos, do combate ao politicamente correto e à imprensa torcedora e ideológica, do controle maior das fronteiras e do resgate de valores patrióticos não pode deixar de reconhecer méritos no “homem laranja”.

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O fato de a mídia insistir em sua patológica perseguição faz com que mais e mais conservadores saiam em defesa de Trump. Essa postura fanática da imprensa impede inclusive debates construtivos e sérios, com as necessárias críticas. Os poderosos declararam guerra a Trump, ao conservadorismo, aos valores que fizeram da América a potência livre que ela é.

E se a reação vem com uma pitada pitoresca de mensagens pelo Twitter, até porque Trump descobriu que esse é seu instrumento de contato direto com o povo para driblar a imprensa “Fake News”, então que seja. Parece um preço baixo a ser pago pelo ganho que se tem: fazer a América grande novamente!

Rodrigo Constantino