As medidas de estímulo à economia foram recebidas com desconfiança por analistas. Para Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector, os pontos apresentados têm efeito limitado e servem apenas para evitar que mais empresas quebrem no ano que vem. Ele defende que uma recuperação só será possível quando os juros básicos da economia caírem mais fortemente.
— São medidas tópicas, visando trazer algum fôlego para que as empresas consigam iniciar 2017 e não quebrarem. Crescimento mesmo só vai ter quando juros caírem. Enquanto estiverem nesse patamar estratosférico não tem crescimento — avalia o analista, que espera um início da retomada a partir do segundo semestre de 2017.
Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio e ex-diretor do Banco Central, também não vê saída sem queda de juros.
— Medidas como essas são boas em qualquer circunstância. Mas para alavancar uma recuperação mais rápida, não. Com taxas de juros desse tamanho, é impossível — afirma.
Também considero o “pacote” ineficaz. Simboliza mais a preocupação da equipe econômica com nova recessão em 2017 do que qualquer outra coisa, mas não garante a retomada. É paliativo, pontual, e no fundo Meirelles sabe que necessitamos é das reformas estruturais.
Cheguei a escrever assim que saiu a medida: “Voltamos à época dos ‘pacotes’ mixurucas para animar a economia, já que não temos REFORMAS ESTRUTURAIS para valer?” Eis a questão: não estamos mais em fase de “ganhar tempo”, pois não temos tempo a perder. A depressão é profunda, o estado faliu, e é preciso mudar de verdade.
Sempre evitando a tentação de repetir os erros do passado para “estimular a economia”, como lembra o professor Rogerio Werneck em sua coluna de hoje no GLOBO:
Como se poderia esperar, o governo vem sendo pressionado de todos os lados para lançar mão da política econômica para superar a crise política. Mas, quanto a isso, toda cautela é pouca. É improvável que medidas de política econômica que façam sentido possam tirar o governo do aperto político em que se encontra. Já as que não fazem sentido — como jogar a toalha, distribuir benesses e ceder a pressões por “pau na máquina”, para tentar retomar o crescimento na marra — estão fadadas a agravar ainda mais as dificuldades com que o governo se debate.
A vantagem de se deparar com o Diabo de perto é que isso nos força mudar para melhor, ou sucumbir de vez ao Inferno. O Brasil não tem mais condições de empurrar os problemas fiscais com a barriga, sob o risco de implodir de vez. Estamos com 12 milhões de desempregos, mas não é mexendo um pouco no crédito, no BNDES e no FGTS que vamos resolver isso. É sinalizando que as contas vão mesmo se ajustar na frente, ou seja, fazendo reformas estruturais.
Vejamos o caso do FGTS: é positivo o governo aumentar um pouco a rentabilidade do fundo para o trabalhador. Mas isso basta? Quando sabemos que o FGTS não passa de um confisco de parte da remuneração do salário para bancar o estado corrupto, incompetente e repleto de privilégios? Explico melhor por que o FGTS é puro confisco aqui:
Ou seja, uma reforma para valer, nesse caso, seria devolver o dinheiro para o trabalhador, e não aumentar um tiquinho sua rentabilidade, ou seja, reduzir um centésimo o grau de pilhagem. Chegou a hora de falar sério! Chegou a hora de reduzir o estado e soltar as amarras da economia, da livre iniciativa, que é quem cria riquezas e empregos. Ou isso, ou vamos pular de “pacote” em “pacote” enquanto afundamos no pântano habitado pelo Leviatã…
Rodrigo Constantino
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