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Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

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A esta altura, a notícia de que a chapa Dilma-Temer não foi cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em um julgamento marcado pela inteligente defesa da tese da acusação por parte do relator Herman Benjamin e pelos sarcasmos extremamente inadequados de Gilmar Mendes, já não é mais novidade para ninguém. O Ministério Público recorrerá ao Supremo Tribunal Federal.

Já elogiei muitas vezes declarações de Gilmar no passado, à revelia de suas condutas pessoais ou seus interesses políticos, por concordar com seu teor. Hoje, é impossível enxergar valor na picaretagem de sua mudança de conduta perante essa ação no TSE. O homem que dizia haver uma óbvia fraude e um país tomado por um “sindicato de ladrões”, quando fazíamos coro ao seu lado contra a infâmia lulopetista, hoje fala na “estabilidade” e no cuidado com uma “intervenção indevida no processo democrático eleitoral”.

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Mais picareta que qualquer outro neste país – “nunca antes” – é, porém, e voltamos a ele, o ex-presidente (para eterna vergonha do Brasil) Luiz Inácio Lula da Silva. Qual não foi a minha estupefação ao abrir, na página da Folha, matéria intitulada Nunca o Brasil precisou tanto do PT como agora, diz Lula em São Paulo. Sabe-se lá como, ainda tenho a capacidade de me enojar com algum novo disparate que esse falsário pronuncie.

Lula teria dito, logo após a absolvição da chapa Dilma-Temer, que “as instituições sofrem de ‘falta de credibilidade’ e que o país passa por uma profunda crise econômica, moral e ética”. Nesse instante, segundo Lula, como nunca antes, “o Brasil está precisando do PT”. Afirma o petista que “Nós sabemos como fazer a economia crescer, como criar emprego”, e que seu partido mostra a possibilidade de uma “alternativa econômica, cultural, ambiental”, pois, assumindo o poder, desfarão “tudo o que eles (o PMDB, naturalmente) estão fazendo”.

Mais cedo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, disse que o TSE “mudou sua interpretação para manter Temer no governo” e que, “se fosse a Dilma, não tenho dúvida nenhuma, eles iriam continuar o mesmo processo iniciado com a colocação de provas que não serviam naquele momento, mas iam retirá-la da presidência”. Lamentou que ficaremos “com um presidente que está morto já, tentando se proteger e não governando o Brasil”. Finalizou com essa: “Uma eleição neste país sem o Lula não é uma eleição, é uma fraude”.

Gilmar Mendes deveria ser lembrado de suas declarações quando Dilma era presidente, convenientemente alteradas agora que o presidente é Temer, apoiado pelo PSDB (aliás, autor da ação). Ao mesmo tempo, Gleisi e Lula precisam ser lembrados de que SIM, É DILMA. A ação é contra a chapa DILMA-TEMER, não apenas contra a “chapa Temer”. O PMDB e o PT estiveram abraçados no assalto à Petrobras e no grande esquema de corrupção transformado em método de governança devassado pela Lava Jato. Foram cúmplices e parceiros nessa dimensão, embora não sejam iguais – já que, no campo cultural e ideológico, cabiam ao PT o comando da degradação nacional e os voos mais altos de ambição totalitária.

Só a sociopatia, ou seja lá qual for o nome técnico para essa vigarice, pode permitir que compreendamos que a escória petista, responsável direta pela crise – em suas asas política e econômica, diga-se -, se arvore agora em justiceira, portadora da solução. O PT quer ser o PT dos anos 80, aquele que ainda podia se revestir da capa da inocência e da esperança, antes de destruir ambas ao se apossar do país. Querem aproveitar a turbulência de Temer, em boa medida cavada pelo próprio, para se ungirem de seu velho messianismo.

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Lula tem razão: o Brasil nunca precisou tanto do PT – bem longe de nossas vidas. Quero crer que a maior parte do nosso povo já entendeu isso.