Uma charge publicada no ultraesquerdista NYT gerou revolta naqueles que entendem o perigo do antissemitismo, sempre o canário da mina que alerta para o avanço do ressentimento no mundo. A esquerda que justifica até atentado terrorista islâmico por conta de charges com Maomé não dá um pio sobre o preconceito contra judeus. Tanto que Ilhan Omar segue como estrela do Partido Democrata, apesar de várias declarações antissemitas.
O escritor português João Pereira Coutinho comentou o assunto, lembrando que o antissemitismo vive um “eterno retorno”, ou seja, décadas depois do seu auge levar ao Holocausto, eis que seu fantasma continua a assombrar. Diz Coutinho:
António, o autor da imagem, lamentou a censura do New York Times. E esclareceu o seu intento a um diário luso: desenhar “um político cego” (Trump) que é conduzido por “um cão” (Netanyahu) significa denunciar “a política de anexação de Israel”. Não podemos confundir o antissemitismo com críticas políticas a um país, concluiu.
Começo por dizer que não conheço pessoalmente o meu compatriota. E, sob pena de estar a cometer um crime de ingenuidade, acredito nas suas palavras. Ele desenhou o que desenhou porque a simples ideia de transformar um judeu em animal (um clássico do Terceiro Reich) não lhe ocorreu como ofensiva ou odiosa.
Não vale a pena sublinhar que, mesmo na sua ignorância, talvez o autor não fizesse o mesmo com um muçulmano transformado em porco, por exemplo.
Interessa apenas notar que o fez com um judeu porque o antissemitismo, 70 anos depois do Holocausto, está de regresso em toda a sua “normalidade”.
Coutinho, então, lembra que há antissemitismo que vai da extrema-esquerda à extrema-direita, como comentei recentemente também. A alt-right conta com claro fator antissemita, enquanto a esquerda radical flerta com o Islã radical, unidos pelo ódio contra a civilização ocidental, ou seja, judaico-cristã.
Há crescentes ataques a judeus no mundo, mas curiosamente eles nunca fazem parte da lista de vítimas dos “progressistas”. Nessa marcha das “minorias oprimidas”, as minorias mais oprimidas não têm voz. Não encaixa na narrativa esquerdista, que prefere colocar judeus ao lado dos homens brancos cristãos como os algozes da humanidade.
Coutinho termina num tom mais otimista, já que os judeus estariam, hoje, mais atentos a esse tipo de antissemitismo. Mas Dennis Prager não é tão otimista assim. Em artigo publicado pela National Review, Prager ataca aqueles, incluindo judeus, que aceitam a separação falsa entre antissemitismo e anti-sionismo, o novo refúgio dos antissemitas. Num trecho citado de outro crítico da charge, o artigo diz:
Enquanto os argumentos ou imagens antissemitas forem enquadrados, ainda que de modo especioso, como comentário sobre Israel, haverá uma tendência de vê-los como uma forma de opinião política, não de preconceito étnico. Mas, como observei em um ensaio da Sunday Review em fevereiro, o anti-sionismo é quase indistinguível do antissemitismo na prática e, muitas vezes, na intenção, por mais que os progressistas tentem negar isso.
Prager já explicou isso em seu livro Why the Jews?, que recomendo a todos. Criticar Israel é legítimo, claro. Criticar qualquer governo, aliás, é quase um dever de todo conservador cético com o poder. Mas não é isso que a esquerda “progressista” faz. Ela finge atacar Israel, enquanto na prática condena toda a nação e seu direito de sequer existir. Não se trata de crítica a Israel, mas sim de ódio a Israel, o que é bem diferente. Prager explica:
Imagine alguém que argumentou que o estabelecimento do Estado italiano – a Itália – era ilegítimo e que odiava a Itália mais do que qualquer outro país do mundo, mas afirmou que não era de modo algum anti-italiano, pois tinha amigos italianos e amava a cultura italiana. Ninguém acreditaria em tal absurdo.
E por que, então, muitos judeus americanos não se importaram tanto com a charge do NYT, ou mesmo com o relativo silêncio da imprensa ao cobrir o atentado na sinagoga em San Diego? Por que eles continuam votando no Partido Democrata, que protege uma antissemita como Ilhan Omar? Prager oferece uma hipótese:
A resposta é que a maioria dos judeus americanos, embora etnicamente judeus, é eticamente esquerdista. E a ética supera a etnicidade – como deveria. Para a maioria dos judeus americanos, portanto, o NYT está muito mais em consonância com seus valores éticos do que os valores judaicos (se, pelos valores judaicos, estamos falando sobre a Torá e os ensinamentos religiosos e morais judaicos tradicionais). Então, quando você combina o ódio ao primeiro-ministro de direita de Israel e a reverência pelo Times de esquerda, até mesmo um desenho animado nazista – se ele descreve negativamente Benjamin Netanyahu e Donald Trump e é publicado no New York Times – não é grande coisa.
Bingo! Entre o esquerdismo e o judaísmo, muitos judeus democratas optam pelo primeiro, e abandonam o segundo. É o que explica um Bernie Sanders defendendo sua companheira Omar e fazendo coro nos ataques a Israel. Marx, não custa lembrar, era judeu. O judeu que continua cerrando fileiras com os democratas esquerdistas hoje, depois de tudo que se sabe, está simplesmente traindo seu povo, sua nação, o legado hebreu.
Enquanto isso, Netanyahu usou o Twitter para agradecer ao presidente Bolsonaro e ao Congresso brasileiro pela homenagem aos judeus, lembrando dos 70 anos de Holocausto e frisando: NUNCA MAIS!
Felizmente há uma mudança de postura em relação a Israel com a vitória de Bolsonaro. Com o PT no poder, sabemos muito bem que seria algo bem diferente. Lula gostava mais de Ahmadinejad e companhia. A esquerda radical brasileira defende até os terroristas palestinos para destilar ódio a Israel. A judeofobia é uma praga que precisa ser combatida, assim como o esquerdismo!
Rodrigo Constantino