O cavalo de Troia foi o famoso presente de grego para os troianos, que acabaram abrindo os muros de sua cidade para abrigar aquele imenso trambolho de madeira. Laocoonte, sacerdote de Apolo, veio correndo do interior da cidadela gritando, alarmado: “Estarão ensandecidos? Miseráveis criaturas! Pensam, acaso, que o inimigo partiu? Acreditam não ser obra de traição os presentes gregos?”
Justamente quando Laocoonte já convencera a maioria, os guardas trouxeram Sinon, um grego que fingia ter sido deixado para trás devido à inimizade com Ulisses, mas que na verdade fora por ele plantado como parte do plano. Sinon jurou tratar-se de uma oferenda genuína, feita pelos gregos em tamanho grande deliberadamente, para evitar que os troianos a introduzissem em sua cidade, o que significaria vitória final de Troia.
O resto da história é conhecido. Entorpecidos pelo vinho, os troianos foram dormir, Sinon libertou Ulisses e seus companheiros de dentro do cavalo, os gregos caíram sobre o inimigo adormecido e a matança correu solta. Troia foi saqueada e ficou em ruínas. Laocoonte acabou fatalmente punido por ter percebido a verdade, fazendo advertências a propósito.
Desde então não foram poucos os casos em que certos grupos fizeram oferendas sedutoras aos seus inimigos, enquanto os que alertavam para o perigo acabavam desacreditados ou mesmo ridicularizados.
Deixando Homero para trás e chegando ao presente, temos uma oferenda por parte do PT ao “mercado”, visto muitas vezes como seu inimigo. O governo Dilma acena com mudança de rumo na condução da economia, e indica inclusive um “fiscalista” ortodoxo para o Ministério da Fazenda, um doutor em Chicago, para desespero da turma da Unicamp. Joaquim Levy é a garantia de que a presidente se convenceu de seus equívocos e decidiu mudar, querem acreditar muitos investidores.
Leia mais aqui.