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O Brasil desanima. Ou: O povo é cúmplice!
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Nenhum político deve bater diretamente no povo brasileiro. Não pega bem, não rende votos e é politicamente incorreto. Felizmente não tenho pretensões ou ambições políticas. Estou aqui para dizer o que realmente penso. E eis o que penso: o Brasil desanima, cansa, ao menos aquelas pessoas conscientes do que está em jogo, mas incapazes de reagir à altura do desafio.

Como não acordar macambúzio após a nova pesquisa do Datafolha? A campanha mais sórdida, mais pesada, mais mentirosa já feita na história deste país surtiu efeito. Dilma subiu, Marina caiu. No Brasil, a baixaria compensa, a mentira rende frutos doces.

Já voltaram a falar na possibilidade – remota, em minha opinião – de vitória no primeiro turno. Lula convocou a “onda vermelha”, segundo coluna de Ilimar Franco, com a ideia de colocar nas ruas 1,8 milhão de militantes para fazer “boca de urna”. Do outro lado, não temos capacidade de mobilização, não conseguimos colocar gente nas ruas.

E pensar que tantos acreditaram que o gigante havia acordado em junho de 2013. Que piada! Mas que piada de mau gosto, gente! Lembro que escrevia textos céticos ou pessimistas à época, e era massacrado. Eu não tinha entendido nada. O povo brasileiro finalmente havia despertado e tudo seria diferente, enquanto eu não fazia nada, só sentado e escrevendo. Pois é…

Tive a companhia, nesse período de ilusões infantis da turma “esclarecida”, dos jornalistas Reinaldo Azevedo e Guilherme Fiuza. Este último escreveu em sua coluna de hoje no GLOBO mais um excelente texto, justamente mostrando como o “gigante” ainda dorme profundamente, “vendo” o circo pegar fogo bem diante de seus olhos fechados. Diz Fiuza:

Ora, não resta outra conclusão possível: o eleitor quer entrar na farra do petrolão. Está vendo quantos aliados de Dilma encheram os bolsos com o duto aberto na Petrobras, e deve estar achando que alguma hora vai sobrar um qualquer para ele. É compreensível. Se o esquema irrigou tantos companheiros nos últimos 12 anos, imagine quando a prospecção chegar ao pré-sal. Ninguém mais vai precisar trabalhar (a não ser os reacionários que não cultivarem as relações certas).

É o show da brasilidade. O operador do petrolão é colocado no cargo no segundo ano do governo Lula, indicado por um amigo do rei já lambuzado pelo mensalão. No tal cargo — a Diretoria de Abastecimento da Petrobras —, ele centraliza um esquema bilionário de corrupção, que floresce viçoso à sombra de três mandatos petistas. A exemplo do mensalão, já se sabe que o petrolão contemplava a base aliada do governo popular. E quase 40% dos brasileiros estão dizendo que votarão exatamente na candidata desse governo lambuzado de petróleo roubado.

Mas os progressistas continuam sentenciando, triunfais: o Brasil jamais será o mesmo depois das manifestações de junho de 2013. Nesse Brasil revolucionário, cheio de cidadãos incendiados de bravura cívica, a CPI da Petrobras, coitada, agoniza em praça pública. Sobrevive a cada semana, a duras penas, com mais um par de manchetes da imprensa burguesa e golpista, que insiste em sabotar o programa do PT (Petrolão para Todos). Tudo em vão. Com uma opinião pública dessas, talvez os companheiros possam até desistir do seu plano chavista de controle da imprensa: o assalto à Petrobras não faz nem cócegas no cenário eleitoral. Contando, ninguém acredita.

E não dá para acreditar mesmo! Como resume Fiuza, o Brasil está louco para virar a Argentina. São infindáveis escândalos e nada. O que dizer de um povo desses? Extremamente ignorante ou cúmplice do butim? Fiuza ironiza, pois é o que nos resta: “O eleitor está certo: vamos reeleger Dilma. Assim chegará o dia em que não apenas a elite vermelha, mas todo brasileiro terá direito à propina própria. Chega de desigualdade”.

É muito complicado ter algum tipo de esperança em um país como o nosso. Gostaria de passar uma mensagem de luta, de esperança, de fé em nosso povo, em nossa capacidade de reverter tudo isso, de mudar para melhor, de colocar o Brasil na rota do desenvolvimento sustentável e da ética. Mas não tenho, no momento, forças ou argumentos para combater aqueles que, cínicos, céticos ou realistas, repetem que isso aqui não tem mais jeito e mandam que o último a sair apague as luzes. A coisa está feia…

Rodrigo Constantino

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